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Categoria: Cães

Não é a raça, mas a criação! Sobre o caso do pit bull de Canoas / RS

Sempre que ocorre um caso de ataque envolvendo cães da raça pit bull há uma grande mobilização contrária à raça e apontando-a como o único ou principal fator responsável pela tragédia. É importante salientar que todo cachorro pode morder, o que acontece é que cada cão reage de forma diferente a cada situação, o que no estudo do comportamento canino chamamos de “gatilhos de reatividade”. Cães podem morder para proteger seu território ou alimento, por medo e outros diversos motivos. Estudos revelam que poodles, pinschers e até beagles tem índice maior de ataques do que pit bulls, mas estes casos curiosamente não viram manchete. Claro que cães grandes ou fortes causam ferimentos de maior gravidade, mas isso não os torna assassinos natos!

Cabe ressaltar que as raças são resultado de cruzamentos selecionados pelo homem para atender determinadas funções, tais como guarda, pastoreio, caça e companhia. Dentro desta seleção não foram obtidos padrões apenas estéticos, mas também de temperamento, embora toda raça possa apresentar cães com desvio em ambos. Os pit bulls foram selecionados para serem cães de rinha e cruelmente explorados em lutas até a morte durante muitas gerações. Eles foram moldados para serem resistentes em combates e agressivos com outros cães (pit bulls devidamente socializados convivem muito bem com outros animais), nunca com seres humanos. O que acontece é que a raça caiu no gosto de “bad boys” que passaram a utilizá-los para intimidação, como se fossem armas e instigados a apresentar agressividade contra pessoas.

Quanto a essa tragédia em Canoas no Rio Grande do Sul, onde um pit bull atacou e matou a mãe do tutor, se faz necessário destacar que o cão foi “treinado” para guarda em casa com métodos aversivos baseados na equivocada teoria da dominância e técnicas do tipo “faça você mesmo”. Os vizinhos relataram que a vítima e seu filho agrediam o cão frequentemente e que este era submetido a choques, pauladas, disparos de arma e as mais diversas agressões para se tornar um “bom cão de guarda”. Segundo o delegado responsável pelo caso em uma entrevista, o que causou o ataque foi a vítima ter “cutucado” o cão com um rodo para que ele saísse do caminho. Não é necessário explicar que o cão fez apenas exatamente aquilo para o qual estava sendo “treinado”! Jamais se deve utilizar força ou intimidação para educar/treinar um cão, muito menos tentar realizar por conta própria um adestramento tão delicado como o de guarda. Atualmente temos muito material equivocado sobre comportamento e treinamento de cães sendo amplamente divulgado na internet, programas de televisão e até livros, este caso é um exemplo de até onde podem chegar os transtornos psicológicos causados por estes métodos. O cão foi baleado pelo tutor durante o incidente, mas sobreviveu e foi recolhido pelo departamento municipal de bem estar animal onde será tratado, assistido por um adestrador e posteriormente encaminhado para adoção, já o tutor poderá responder processo criminal por homicídio culposo e maus tratos a animais.

Guarda Responsável – Parte 1: Convite a Reflexão…

A partir deste texto, darei início a um material que tem como intuito estimular uma nova e necessária leitura a respeito da presença dos cães em nossa sociedade e rotina.

Ter um companheiro de estimação é sem dúvida uma experiência muito valiosa. Repleta de descobertas, emoções, aprendizados únicos e eternos, que se bem geridos, certamente contribuirão infinitamente no aprimoramento de nossa vida.

No entanto, como para tantas outras possibilidades de vivência, devemos considerar e ponderar aspectos importantes antes da decisão final de inserir um novo ser em nosso cotidiano.

Não somente por se tratar de uma relação entre espécies distintas, com necessidades semelhantes e também opostas, como já citei nos artigos anteriores. Mas sim por esta opção portar alto teor de adaptação na rotina doméstica, social e familiar.

Citando aqui, os caninos, espécie com a qual atuo, convivo e estudo permanentemente. Seres domésticos, intensamente sociáveis. Próprios de significativa dependência no desenvolvimento de suas atividades básicas de sobrevivência em ambiente humano e convivência social. Providos de uma inteligência emocional apurada, capaz de capturar os mais simplórios estímulos ambientais e habilidade impressionante de associação e compreensão daquilo que o cerca. Esta opção merece uma atenção consciente, responsável e sensata.

Não são raros os casos aonde há uma ideia extremamente deturpada em manter um cão sob nossa responsabilidade. Atitudes culturalmente banalizadas, porém de importância indispensável na promoção do bem estar e dignidade de um animal quanto indivíduo. E é cada vez mais uma obrigação social repensa-las na prática.

Neste primeiro momento, pretendo abordar o raciocínio lógico de forma direta e clara.
Quando pensamos em abandono, possivelmente a cena que nos vem imediatamente a cabeça são cães errantes e sem raça definida (‘vira-latas’).

Entretanto, como eles foram parar ali? Sim. Muitos cães acabam nascendo (e morrendo também) em situação de rua. Mas cães não nascem em árvores. Então como isso aconteceu? E porque continua acontecendo?

Por isso, infelizmente o buraco é muito mais fundo do que parece.

Reflitamos; o que caracteriza o abandono?

Um cão negligenciado pode viver sob um teto. Possuir um nome, se alimentar regularmente e até mesmo ser dono de um conceituado pedigree.

Quando esquecido em uma garagem, sem qualquer cuidado veterinário, ou afeto. Desconsiderado como um ser que não é imune a doenças, fome  e tantas outras necessidades especificas e variáveis de um animal para outro. Quando visto como um animal que necessita liberdade incoerente a sua real capacidade de exercê-la.

Um cachorro não está capacitado a circular pelas ruas sem companhia humana, assim mesmo, quantas vezes encontramos ‘tutores’ que ignoram completamente os fatores de risco aos quais expõe seus animais ao libera-los para uma ‘tour’ pelo bairro?

E quando essa reflexão se estende, o que vem a ser os maus-tratos?
Para muitos, um cão escorraçado, agredido fisicamente ou morto através de atos cruéis.
Lamentavelmente, essa não é a única nuance de maus-tratos imposta a um cachorro.

Os maus-tratos inúmeras vezes ocorrem sob quatro paredes, sem qualquer menção física, sem grande notoriedade visual. E também em sua maioria, estão relacionados as ações anteriormente descritas, através do descaso e gradual desprezo aos principais requisitos que tornam um ser humano capaz de efetivamente manter um cão consigo.

Muitas pessoas ainda encontram no cão, um ser inferior, um ‘utensílio’, que vai desempenhar determinado papel enquanto puder ‘servir’ para tal.
É inegável que desde os primórdios, os cães possuem características natas de trabalhadores, protetores e caçadores. O que inclusive integra as atenções as quais devem ser atendidas quando decidimos trazê-los para nossa casa.

Todavia, retomando a atual condição canina em ambiente doméstico, não é necessário muito para entender que é dever do ser humano respeitar a essência do ser, e tornar seu convívio entre nós o mais pacifico e agradável possível.

O abandono é na verdade, a solidificação da incapacidade de proporcionar a um ser vivo uma atenção que possibilite a integridade de sua existência.

A conduta humana é uma agravante causa de acidentes e problemáticas em nossa sociedade. O que faz crescente a urgência de uma nova mobilização em busca da conscientização e responsabilidade social de cada cidadão.

O cão que atacou alguém na rua, teve uma causa para lá estar, e certamente uma motivação para chegar a tal reação. Assim como os cães que cruzam avenidas, ocasionalmente relacionados a acidentes entre carros ou mesmo vitimas de atropelamento. Os cão acometidos por zoonoses, os inúmeros sacrificados por não restar qualquer chance de cura, enfim… Não faltariam exemplos das consequências da nossa falta de pudor ao manipular a vida animal.

Por que tenho um cão em casa? O que este cão representa no meu dia a dia? Questionamentos importantes ao escolher a companhia canina como parte de nossa rotina.

Posso ter um cão guardião, um cão para acompanhar minhas atividades esportivas, um cão que me auxilie em trabalhos específicos, ou um cãozinho unicamente para fazer companhia. Mas jamais permitir que este cão não seja considerado como oriundo de uma natureza singular, que exige de nossas capacidades adaptativas total assessoria.

Clique aqui e confira a segunda parte deste artigo.

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Amar X Respeitar – Será que você respeita o cão que ama?

Há significativas diferenças entre o amor e o respeito para com seu cão.

Poucos são os seres humanos que percebem essa diferença no nível de viabilizar uma boa relação com seus animais.

E infelizmente na rotina da convivência social é a principal causa da falta de controle existente entre cães e tutores. Forte causa também de acidentes envolvendo cães. E isso é uma verdadeira lástima.

Uma vez que para evitar tais desfechos, somos cercados de informações e ferramentas que viabilizam nosso conhecimento a se ampliar a cada dia.

Mas se temos em mãos todas essas fontes de evolução, tantas possibilidades e facilitações para nossa relação com os cães com que convivemos, por que isto se torna tão complicado na prática?
Simples e estúpido. Porque seres humanos não gostam de lidar com a realidade.

O comum é que se fuja de tudo o que for real e se ostente uma fantasia repleta de miudezas graciosas, mas nada úteis a cerca de nosso cotidiano. O que certamente não é diferente na relação que mantemos com nossos animais de estimação.

Pessoas confundem o encanto dos animais com uma pseudo-humanidade da qual eles jamais fizeram ou farão parte. Com isso, o cão em especial, se torna uma espécie de ‘ser fantástico’, capaz de viver uma cinematográfica vida de peraltices e peculiaridades que certamente nada tem a ver com a sua felicidade quanto espécie.

Em bom e claro português, eis que o amor se fez vilão e o tutor humanizou seu cão. Humanizar um cão através de nossa percepção e lido, não o faz mais humano, mas certamente o torna cada vez menos cão. O afasta de sua natureza e indiretamente agride a sua existência em nosso tão complexo universo.

Eu acredito no amor saudável em prol de uma relação digna e verdadeiramente feliz entre cães e sua família humana!

Eu acredito em nós humanos como seres capazes de crescer através de nossas relações. Acredito em nossa natureza intelectual e em nossa pureza de alma. E por isso eu trabalho com extrema seriedade para conduzir e intermediar este lindo e tão único elo com aquele que é sem dúvida nosso mais leal amigo; o cão!

É realmente um desafiante aprendizado; amar de forma sensata e coerente. No entanto, alimentar o desejo de alcançar esta concepção e torna-la parte do dia a dia entre você e seu cão, é fazer com que a partir deste desejo, torne possível a evolução de seu afeto e consequentemente a maior realização de seus animais em sua experiência junto a você.

O aprimoramento na relação entre humanos e cães, é uma grande possibilidade para todos! Por isso, não deixem jamais de desejar a evolução!

Evoluir é duro, exige trabalho, concessão e uma profunda busca interior pelo respeito livre do egoísmo.

Todavia, é fundamental que possamos nos questionar:

– Estou disposto a mudar a relação com meu cão de forma a fornecer a ele tudo o que de fato condiz com suas necessidades de bem estar?

E assim se permitir a grata conquista de enxergar, gradativamente, em seu empenho para que isso se faça concreto; a felicidade do cão quanto ser vivo.

Um cão não é feliz por ter bens materiais, por não ser contrariado, ter shampoo cheiroso e coleira importada. Não é feliz e não está realizado por ter um pátio enorme, ou mesmo porque passeia e corre livremente.

Por que?

A felicidade de um cachorro é conquistada com muitos detalhes ainda invisíveis para muitos de nós. Pois como já citei, existe imensa dificuldade em enxergar a simplicidade da vida e aceitar a diferença entre as espécies na prática.

A verdadeira plenitude canina é de uma simplicidade espantosa para muitos e digna da admiração de todos.

Além da boa alimentação e atenção permanente a saúde integral do cão, o respeito para com o mesmo requer que o auxiliemos a viver em nosso mundo sem transforma-los no que não são. Sem exigir ou esperar o que não podem oferecer.

É estar atento a sua interação com o ambiente, é direcionar sua mente as regras da nossa sociedade, possibilitando alternativas para que sigam sua essência sem que isso traga problemas para eles ou para nós.

Simplesmente porque um cão não se preocupa em aparentar algo. Um cão se envolve com suas percepções, com o presente daquilo que vive.

Podemos ver um cão correndo, latindo para todos os lados e interpretar como um doce momento de liberdade. Porém para um olhar mais apurado, não é raro entender que se trata de um cão extremamente desequilibrado e frustrado.

Um cão pode se sentir muito mais alegre, na guia, ao lado de seu tutor, usando uma coleira confortável do que solto, muitas vezes confuso ou incomodado por não entender como agir. Contudo, a visão que temos do que ele nos demonstra, está associada ao que cultivamos como convicção. Mesmo que muitas vezes isso de nada tenha a ver com o que se passa na mente do animal.

E é este o ponto exato do tema que acabo de abordar. Quando isso parece bastar, é porque o amor e o respeito estão em desnível.

Para obter harmonia entre amor e respeito, a única coisa a ser feita é não ignorar esta diferença.

Agir com inteligência para usufruir da riqueza deste convívio é o melhor caminho para que todo o amor que sente por seu cão assegure uma vida completa para você e para ele.

Sobre a consciência animal

Em julho de 2012, um grupo de cientistas reunidos na Universidade de Cambridge proclamou que humanos não são os únicos seres conscientes. “Animais não-humanos como mamíferos e aves, e vários outros, incluindo o polvo, também possuem as faculdades neurológicas que geram consciência animal”, declarou o grupo, na chamada Declaração de Cambridge. Minha primeira reação foi de total incredulidade. Nós realmente precisávamos de um anúncio para definir algo tão óbvio?

Todo mundo sabe que os animais têm consciência. Eles percebem e entendem seu entorno. E muitos, entre eles golfinhos, elefantes e alguns pássaros, são inclusive auto-conscientes. Eles possuem um certo senso de si. Ok, pode ser que um cachorro não saiba quem é do mesmo jeito que eu e você sabemos quem somos. Mas o ponto é: mesmo que não saibam quem são, eles têm consciência de sua própria dor. Foi o que aconteceu comigo quando tive um acidente de bicicleta: bati a cabeça e tive amnésia. Quando o médico me perguntou como me sentia, eu disse: “Estou sentindo muita dor”. E quando ele perguntou quem eu era, respondi: “Não lembro meu nome.” Da mesma forma, é errado fazer um animal sofrer só porque ele pode não saber quem é.

Os pesquisadores descobriram mais do que isso. Sabemos, por exemplo, que ratos e galinhas sentem empatia. Eles conseguem se colocar no lugar dos bichos ao redor e sentem pena ao vê-los sofrer. Elefantes vivenciam alegria, luto e depressão. Lamentam a perda dos amigos, assim como os cães, chimpanzés e raposas vermelhas. Os polvos foram protegidos de pesquisas invasivas no Reino Unido bem antes dos chimpanzés, pois os cientistas já haviam reconhecido que eles são conscientes e sentem dor. Hoje muita gente ainda não quer admitir esses fatos científicos, pois terão de mudar a forma como tratam os animais. Na verdade, temos de tratar todos os animais da mesma forma, com compaixão e empatia – sejam eles os “animais humanos” como nós, sejam todas as outras espécies.

Não estou falando apenas dos abatedouros – embora seja óbvio que, se houvessem mais vegetarianos no mundo, menos animais sofreriam. Estima-se que 25 milhões de ratos, pássaros, peixes e outros animais sejam usados todo ano em experimentos de laboratório. Muitos passam por um sofrimento terrível durante os testes e a maioria sofre “eutanásia” – são mortos – depois. As pessoas justificam atitudes assim dizendo que vão ajudar os humanos. No entanto, mais de 90% das drogas que funcionam em animais não têm o mesmo efeito em nós. Menos de 10% delas nos ajudam de fato. Além disso, já existem formas de pesquisa que não maltratam os animais. Em lugar de gotejar xampu nos olhos de coelhos imobilizados, por exemplo, podemos usar modelos de computador para simular a ação do produto sem dano algum. Portanto, não se trata apenas de um desperdício de animais; é um desperdício de tempo e dinheiro que poderiam ser investidos em outras alternativas.

Por isso, concluí que devemos aplaudir a Declaração de Cambridge. Ela não traz nada de novo, mas mostra que cientistas famosos finalmente admitem que animais têm consciência. A declaração é mais uma prova de que devemos tratar os animais com todo o respeito. E reconhecer que eles não querem sentir dor, do mesmo jeito que nós não queremos. Seria perigoso fazer esse tipo de distinção. Todos os animais devem ser tratados como indivíduos. Ainda vai levar tempo para que isso aconteça. Mas a boa notícia é que cada vez mais pessoas aderem a essa ideia.

Por Marc Bekoff – professor de ecologia e biologia evolutiva na Universidade do Colorado, EUA. É autor de O Manifesto dos Animais, entre outros livros. Em depoimento a Eduardo Szklarz.

Declaração de Cambridge Sobre a Consciência*

No dia 7 de julho de 2012, um proeminente grupo internacional de especialistas das áreas de
neurociência cognitiva, neurofarmacologia, neurofisiologia, neuroanatomia e neurociência
computacional reuniu-se na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, para reavaliar os
substratos neurobiológicos da experiência consciente e comportamentos relacionados à ela,
tanto em animais humanos como não humanos. Embora a pesquisa comparativa nessa área
seja naturalmente difícil devido à incapacidade dos animais não humanos, e muitas vezes dos
humanos, de comunicar de forma clara e fácil seus estados internos, as seguintes observações podem ser afirmadas inequivocamente:

• O campo de pesquisa sobre a consciência está evoluindo rapidamente. Inúmeras técnicas e
estratégias novas para a pesquisa com animais humanos e não humanos têm sido desenvolvidas. Consequentemente, mais dados estão se tornando disponíveis, e isso exige
uma reavaliação periódica de conceitos previamente aceitos nesse campo. Estudos com
animais não humanos têm mostrado que circuitos cerebrais homólogos, correlacionados com
a experiência e a percepção conscientes, podem ser seletivamente ativados e interrompidos
para avaliar se são necessários, de fato, para essas experiências. Além disso, novas técnicas
não invasivas já estão disponíveis para investigar os correlatos da consciência em seres
humanos.

• Os substratos neurológicos das emoções não parecem estar confinados às estruturas
corticais. De fato, redes neuronais subcorticais estimuladas durante estados afetivos em
humanos também são de importância crucial na geração de comportamentos emocionais em
animais. A estimulação artificial das mesmas regiões cerebrais gera comportamentos e estados emocionais correspondentes tanto em animais humanos quanto não humanos. Em qualquer parte do cérebro de animais não humanos em que sejam induzidos comportamentos emocionais instintivos, observa-se que muitos dos comportamentos resultantes são consistentes com estados emocionais aprendidos, incluindo aqueles estados internos que estão relacionados aos mecanismos de recompensa e punição. A estimulação cerebral profunda desses sistemas em humanos também pode gerar estados afetivos semelhantes.

Sistemas associados ao afeto concentram-se em regiões subcorticais, onde abundam
homologias neuronais. Animais humanos e não humanos jovens sem neocórtex retêm essas
funções cérebro-mente. Além disso, circuitos neuronais que tornam possíveis os estados
comportamentais e eletrofisiológicos relacionados à atenção, ao sono e à tomada de decisões parecem ter surgido muito cedo na evolução, ainda na radiação dos invertebrados, sendo evidentes em insetos e moluscos cefalópodes (como, por exemplo, os polvos).

• As aves parecem apresentar, em seu comportamento, neurofisiologia e neuroanatomia, um
caso notável de evolução paralela da consciência. Evidências contundentes de níveis quase
humanos de consciência têm sido observadas em papagaios-cinzentos africanos. As redes
emocionais e os microcircuitos cognitivos de mamíferos e aves parecem ser muito mais
homólogos do que se pensava anteriormente. Além disso, descobriu-se que certas espécies de pássaros exibem padrões neuronais de sono semelhantes aos dos mamíferos, incluindo o sono REM e, como foi demonstrado em pássaros mandarins, padrões neurofisiológicos que
anteriormente se acreditava que requeriam um neocórtex como o dos mamíferos. As aves
pega-rabuda em particular demonstraram exibir semelhanças notáveis com humanos, grandes símios, golfinhos e elefantes em estudos de autorreconhecimento no espelho.

• Em humanos, o efeito de certos alucinógenos parece estar associado a uma perturbação nos processos de alimentação e retroalimentação corticais. Intervenções farmacológicas em
animais não humanos com compostos que sabidamente afetam o comportamento consciente em humanos podem levar a perturbações semelhantes no comportamento de animais não humanos. Em humanos, há evidências que sugerem que a consciência está correlacionada com a atividade cortical, o que não exclui possíveis contribuições de processos subcorticais ou corticais primitivos, como no caso da experiência visual. Evidências de que as sensações emocionais de animais humanos e não humanos surgem a partir de redes cerebrais subcorticais homólogas fornecem provas convincentes para a existência de qualidades afetivas das experiências individuais (qualia) primárias compartilhadas ao longo de um processo evolutivo comum.

Declaramos o seguinte: “A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afetivos. Evidências convergentes indicam que animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados de
consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais.

Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e aves, e muitas outras criaturas, incluindo os polvos, também possuem esses substratos neurológicos.”

 

*A Declaração sobre a Consciência de Cambridge foi redigida por Philip Low e editada por Jaak Panksepp, Diana Reiss, David Edelman, Bruno Van Swinderen, Philip Low e Christof Koch. A Declaração foi anunciada publicamente em Cambridge, Reino Unido, em 7 de julho de 2012, na Conferência sobre a Consciência em Animais Humanos e não Humanos em memória a Francis Crick, realizada no Churchill College da Universidade de Cambridge, por Low, Edelman e Koch. A Declaração foi assinada por todas as pessoas participantes da conferência, naquela mesma noite, na presença de Stephen Hawking, no Salão Balfour do Hotel du Vin, em Cambridge, Reino Unido. A cerimônia de assinatura foi filmada para a
posteridade pela CBS 60 Minutes.

 

latidos em cães adestramento terapia comportamental ethos animal

Latidos – Muito além do som

latidosO latido também faz parte da linguagem natural dos cães. Alguns cães são mais sonoros do que outros, por isso podem se comunicar mais através de latidos; seja nas brincadeiras ou mesmo nas interações com seus tutores e outros cães.

Porém, não é incomum que algumas pessoas se incomodem com o ladrar dos cães e busquem uma forma de cessar este hábito.

No entanto devemos sempre considerar alguns fatores antes de intervir nesta forma de comunicação do cão. Entre estas considerações as principais são:

1) Estes latidos acontecem em situações específicas ou a todo momento sem qualquer motivação aparente?
2) Existe excesso/’compulsão’, ou alguma característica agressiva nessa conduta?
3) Há um excesso por parte do meu cão ou apenas um incomodo pessoal?
4) É de extrema importância assegurar que a saúde do animal se encontra perfeita. Pois muitas vezes latidos aparentemente sem lógica, ocultam algum desconforto físico, orgânico e também dor.

Após cautelosa avaliação, podemos entender se existe de fato razão para um trabalho mais elaborado para atenuar este comportamento.

novo filhote de cachorro em casa dicas de treinamento e educação canina

Meu Deus, um filhote em casa! O que devo fazer?

Essa é uma pergunta recorrente entre proprietários de animais, especialmente os marinheiros de primeira viagem. Quais cuidados para chegada do filhote em casa? Quando iniciar o adestramento?

A chegada do novo membro da família normalmente é marcada pela felicidade e empolgação, e não é para menos, filhotes possuem aqueles olhos amendoados e um corpo ainda desajeitado que fazem até o coração mais duro amolecer. E, de fato, muitos tutores acabam por achar engraçado e fofo todas as peripécias de um lindo filhotinho. Entretanto com o passar dos dias surgem os primeiros problemas que podem ser desde a escolha de um local correto para fazer as necessidades, destruição de objetos ou até mesmo noites em claro por conta do choro do peludinho.

Todo esse processo exige planejamento, caso contrário os problemas podem  se agravar ao longo do tempo.

Ninhada de labradores, fonte: Flickr de Lisa L Wiedmeier
Ninhada de labradores, fonte: Flickr de Lisa L Wiedmeier

Primeiro passo

A escolha do filhote? Sim! Existem perfis de cães para cada tipo de família e essa escolha vai ser fundamental para o bom desenvolvimento da relação; isso se aplica também a outros animais como gatos, aves, roedores, etc. Hoje em dia existem profissionais sérios que podem auxiliar com consultorias e prevenir problemas desde a raiz.

Ao se optar por cães de raça, é fundamental saber a procedência dos filhotes:  visitar as instalações do canil, questionar sobre conhecer os pais, evitar feiras de animais ou locais em que não seja possível identificar a seriedade dos criadores. Canis sérios realizam poucas crias durante a vida fértil de cada matriz, buscam melhorias genéticas em prol da saúde do animal, possuem instalações limpas, protegidas contra o tempo e com funcionários motivados e carinhosos. Lembre-se  o pedigree não garante que o animal esteja livre de doenças genéticas,  muito menos evita que os criadores cruzem animais doentes, perpetuando tais doenças.  Alguns oferecem garantia contra determinadas doenças, como displasia, catarata congênita, entre outras. Mesmo assim, isso não é uma ciência exata, há riscos e o custo de um animal dessa procedência é alto.

Outra opção – inclusive muito nobre – é a de adotar um peludinho sem raça definida em um centro de resgate. Existem testes de avaliação de perfil que podem ajudar a escolher o animal de acordo com a personalidade, por exemplo, se será mais ativo ou calmo, entre outras características importantes para compatibilidade da família adotante.

A idade correta também é fundamental, o filhote não pode ser separado da mãe e irmãos antes de completar dois meses de vida, e de preferência já deve possuir a primeira dose de vacina V8 ou V10.

Segundo passo

Planejamento do ambiente. Os primeiros dias do filhote na casa nova são complicados para ele, entretanto se o ambiente estiver adequado os problemas serão minimizados e a adaptação será mais fácil.

Providencie a mesma ração que o criador estava oferecendo diminuindo o número de mudanças ao mesmo tempo, leve um fragmento do tecido que o acomodava no canil para que ele se sinta familiarizado nas primeiras noites, determine o lugar que o cão deve comer e fazer suas necessidades, lembrando que estes lugares devem ser distantes entre si, respeitando o instinto natural que os animais possuem, use portões móveis e cercas para garantir a segurança e impedir acidentes com objetos valiosos, evite improvisar obstáculos impróprios já que podem ferir o filhote ou conter componentes químicos nocivos.

A chegada

Caso você possua outros animais, mantenha-os isolados enquanto apresenta a casa ao novo membro da família: deixe-o cheirar, fazer suas necessidades em um local adequado, (como gramado, jardim, sacada).

Permita que descanse  em um ambiente confortável sem muitos estímulos, já que a viagem e a mudança são estressantes. Só então apresente-o a crianças e outros animais, tendo sempre cuidado, pois cães adultos podem não tolerar todas brincadeiras de filhotes, assim como gatos e outros animais.

Filhote com gato, fonte: Flikcr de Sindre Sorhus
Filhote com gato, fonte: Flikcr de Sindre Sorhus

Abaixar ao chegar perto do filhote pode ajuda-lo a sentir-se mais confiante, e esse também é um bom momento para oferecer uma guloseima.

Ensinar o filhote a ficar sozinho também será necessário e pode prevenir muitos problemas.

Brinque com o filhote para que gaste energia e depois lhe ofereça um local adequado para dormir, mas que permita o acesso aos donos caso acorde. Assim, ele vai perceber que pode dormir tranquilamente naquele local e encontrar os tutores quando acordar. Aos poucos aumente o tempo que ele fica sozinho e deste modo você estará ensinando o filhote a passar um tempo sem companhia. Gradualmente você pode evoluir isso para deixá-lo por períodos curtos em determinados cômodos da casa.

Fornecer brinquedos para roer também é uma boa saída para evitar transtornos, mesmo assim tenha ciência de que algum objeto pode ser roído eventualmente, mas o importante é afastar os potenciais riscos e objetos perigosos.

Filhotinho e seu brinquedo de roer, fonte: Flickr de Bukowsky18
Filhotinho e seu brinquedo de roer, fonte: Flickr de Bukowsky18

Nunca reprima um filhote ao pegá-lo fazendo xixi no tapete: isso o fará ter medo de fazê-lo na sua frente, mas não vai ensinar o local correto de fazer. Uma boa dica é retirar acesso nos primeiros dias a lugares permeáveis como tapetes e estofados, pois eles adoram fazer as necessidades em locais assim, ofereça tapetes higiênicos ou jornais em vários pontos, para facilitar o acerto e lhe dar opções. Caso o veja escolhendo adequadamente o local do xixi, elogie muito o peludinho, vale até oferecer um petisco.

Consistência nas regras vai prevenir problemas

A questão é que se você mostra o caminho certo para seu cão dificilmente terá problemas futuros, mas como realizar tais feitos? Parece simples, mas não é. Cães não conseguem abstrair quando podem ou não subir em um sofá, ou entrar em cômodos da casa. É natural, por exemplo, o filhote ainda delicado pular sobre as pessoas quando quer chamar atenção e receber carinho, afinal para ele isso é adequado no mundo canino; todavia a maioria dos humanos não aprecia esse comportamento em um cão adulto gigante com patas de quem acabou de cavar o jardim, e quando o cachorro cresce começa a levar broncas pelos mesmos comportamentos que nutriu desde filhote. Tais broncas são pouco eficientes porque para o cachorro o simples de  fato de receber a bronca é uma forma de atenção, que é o que ele deseja. Assim, desde os primeiros dias as regras devem ser impostas sempre e sem exceção. Esse exemplo deve ser seguido por todos os membros da família e com todas as regras que os tutores decidirem como adequadas à convivência.

Todo animal precisa de amor incondicional, isso siginifica que seu filhotinho tem que ser amado independente do que faça. Em redes sociais vemos muitos vídeos engraçados de cães que parecem arrependidos por terem aprontado alguma coisa, mas na verdade estão apenas com medo porque sentem que seus tutores estão bravos, então mostram submissão. Portanto nada de broncas se não for no ato da travessura, a maior prova de amor incondicional é perceber que sim, as vezes eles destroem nosso jardim, comem o pé da mesa, mas o que seria de nossa vida sem eles?

Fica claro que a educação do filhote deve ser iniciada logo na sua chegada, o adestramento pode ter início também logo após os primeiros meses quando o filhote já estiver ambientado ao local, de preferência com todo esquema de vacinação completo.

Pode-se começar com sessões de curta duração tendo em vista que a capacidade concentração de filhotes é menor, mas isso não impede de ensiná-los, por exemplo, comandos básicos: “senta”, “deita” e “vem”; aos  poucos o adestramento deve ir aumentando de complexidade.

Apesar desses conselhos não existe uma receita única, e um profissional capacitado saberá adaptar e planejar cada passo para que o adestramento seja o mais harmonioso possível, em um momento tão importante onde nasce um tutor e um tutelado.

Os cães e os fogos de artifício

O barulho estrondoso dos fogos de artifício deixa muitos cães nervosos, com medo ou assustados.

caes-fogos-de-artifício-ethos-psicologia-animal

Quando se aproxima o natal, ano novo ou alguma festa popular, a preocupação dos donos de cães é quase sempre como fazer com que o cão não se descontrole nesses momentos.

Primeiramente é importante saber que os cachorros possuem a audição quatro vezes mais potente do que a dos humanos. Assim, fica fácil entender a relação entre os cães e os fogos de artifício.

Os cães que não estão habituados ao barulho ou sons intensos geralmente reagem mal aos fogos de artifício. Alguns cães mostram-se incomodados, mas outros podem mesmo desenvolver fobias e entrar em pânico.

Muitos animais fogem apavorados e acabam perdidos e/ou atropelados; outros na ânsia de se livrarem do intenso barulho terminam enforcados em suas próprias correntes, coleiras; alguns animais têm convulsões; há ainda os que pulam das janelas de apartamentos, tamanho o pavor que sentem dos fogos. Não é difícil que um animal mude completamente seu comportamento após passar pela tortura de não ter como se livrar da intensa queima de fogos.

O pior de tudo é que nessas épocas, dificilmente se encontrará veterinários disponíveis para um atendimento emergencial, daí, o mais acertado é prevenir.

Sinais de medo

Não é difícil reconhecer quando um cão sofre com os sons intensos. Para isso basta observar como o cão muda radicalmente a sua atitude e comportamento.

Alguns sinais de ansiedade causados pelos fogos de artifício e outros sons intensos:

Tremores, Hiperatividade, Roer ou atacar objetos, Esconder-se, Arfar, Procurar atenção, (Tentar) Fugir, “Chorar”, Ladrar (Latir)

Como agir

O primeiro instinto dos donos é acalmar o cão, fazendo carícias e falando com voz terna. Mas os cães não pensam da mesma maneira que os humanos e ao reagir desta forma, os donos estão incentivando o medo, como que dizendo: “tem razão em agir desta forma”. Perante isso, os cães vão reforçar o comportamento, ou seja, vão se mostrar mais medrosos e ansiosos sempre que ouvirem barulhos intensos.

Por mais difícil que seja, os donos devem ignorar qualquer sinal de medo e recompensar o cão sempre que este se mostre calmo. Só inspirando confiança no cão, é que ele perde progressivamente o medo. Ou seja, se o cão começar a tremer, o dono não deve afagá-lo; se o cão se esconder, o dono não deve falar de forma terna. Use o seu tom normal para chamar o cão e cada passo que ele der em frente, recompense-o com elogios. Não deve também castigá-lo por mostrar medo. Leve o cão à cama dele para que aí se sinta em segurança. Se o cão não relaxar, tente brincar com ele.

A boa notícia para os donos é que os foguetes são fáceis de prever. Durante épocas de festa e no ano novo, tente minimizar a ação dos fogos de artifício no seu cão. Ter um cão implica sacrifício e o mais aconselhável é estar com ele nesses momentos. Os cães descontrolados e em pânico podem destruir a casa, atacando tapetes, atirando-se contra as portas, derrubar mesas, etc. É da responsabilidade do dono certificar-se que o cão se encontra em segurança. Além disso, a atitude calma e confiante do dono é vital para o cão nestas alturas.

Algumas medidas:

Fique na mesma sala (área) que o cão, não o deixe sozinho. Certifique-se que ele não tem como fugir do local onde se encontra. Feche as persianas e as cortinas para isolar o som e a luz. Ligue a televisão ou o rádio ou ponha um CD/DVD a tocar. Prepare um abrigo dentro de casa, uma espécie de toca, longe da janela, onde o cão possa “se abrigar”. Pode ser uma mesa coberta com uma toalha. Leve o cão até lá e dê-lhe um dos brinquedos para se distrair. Se a cama ou local de descanso do cão está junto da janela, coloque-a atrás de um sofá ou numa parte mais isolada da casa. Se conhecer um cão sociável que não tenha medo de sons intensos, traga-o para junto do seu, para lhe dar confiança. Compre/Faça um novo brinquedo e dê-lhe pouco antes dos foguetes. Utilize brinquedos recheados com comida e dê-lhe pouco tempo antes. Não leve o cão para fazer necessidades enquanto durarem os fogos de artifício. Antecipe o passeio para que o cão não faça necessidades devido ao medo. Alimente-o uma hora antes dos fogos de artifício começarem, para que esteja com sono na altura de soltar os foguetes. Nunca leve o cão a um espetáculo de fogos de artifício.

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Dessensibilização

As fobias dos cães podem ser anuladas se for desenvolvido um trabalho de dessensibilização. Isto é, ir progressivamente expondo o cão a sons, cada vez mais intensos e associando estes sons a coisas agradáveis, tais como comida. Procure um treinador ou pesquise produtos no mercado, existem CD’s comercializados com esse objetivo.

Em cachorros pequenos, que ainda não adquiriram medos, exponha-os aos barulhos normais do cotidiano. A cozinha é sempre um bom local para isso, uma vez que os pratos, panelas e talheres geram sempre barulho a serem manuseados. Embora não os dessensibilize em relação aos fogos-de-artifício, pode pelo menos ajudar a habituá-lo a sons mais intensos para que não entre em pânico.

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Entenda por que a audição dos cães é mais sensível que a dos humanos:

Os cães possuem uma capacidade auditiva diferente do ser humano. Assim, para efeitos de comparação, o ouvido canino é capaz de perceber sons com frequência entre 10 Hz (Hz = Hertz, uma unidade de medida da frequência de uma onda) e 40.000 Hz; já o homem percebe sons na faixa de 10 Hz a 20.000 Hz. Além disso, os cães conseguem detectar sons quatro vezes mais distantes que o ser humano. Isto acontece por razões de evolução e adaptação: o ser humano, com seus olhos posicionados bem à frente (ao contrário dos cães, que são mais laterais), consegue focar um objeto com maior precisão, além de ter um campo visual maior. Com esse aprimoramento da visão, a audição ficou em segundo plano. Nos cães, há maior dependência do sentido auditivo que nos homens; assim, sua audição deve “compensar” a sua visão. Por fim, o ser humano se tornou tão especializado em suas faculdades mentais (cognição e raciocínio) que a audição é apenas mais um suporte ao processo (junto com todos os outros sentidos).

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LEMBRE-SE:

.Os Perigos dos Fogos:

Fugas: tornando-se animais perdidos, atropelados e que vão provocar acidentes.

Mortes: enforcando-se na própria coleira quando não conseguem rompê-la pra fugir; atirando-se de janelas; atravessando portas de vidro; batendo a cabeça contra paredes e grades.

Graves ferimentos: quando atingido ou, sem saber, abocanhando um rojão achando que é algum objeto para brincar.

Comprometimento da audição: O deslocamento de ar provocado por estas explosões é que causa o estrondo que ouvimos. Aparentemente, se um artefato deste explodir muito próximo ao cão, pode ocorrer dano físico ao tímpano (ruptura ou laceração).

Traumas: com mudanças de temperamento para agressividade.

Ataques: investidas contra os próprios donos e outras pessoas.

Brigas: com outros animais com os quais convivem, inclusive.

Mutilações: no desespero de fugir chegam a se mutilar ao tentar atravessar grades e portões.

Convulsões (ataque epileptiformes).

Afogamento em piscinas.

Quedas de andares e alturas superiores.

– Aprisionamentos indesejados em porões e em lugares de difícil acesso.

Paradas cardiorrespiratórias, etc.

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Recomendações para com os animais:

– Acomodar os animais dentro de casa, em lugar onde possam se sentir em segurança, com iluminação suave e, se possível, um rádio ligado com música;

– Fechar portas e janelas para evitar fugas e suicídios;

– Dar alimentos leves pois distúrbios digestivos provocados pelo pânico podem matar (torção de estômago, por exemplo);

– Não deixar muitos cães juntos, pois irritados pelo barulho, podem brigar até a morte. Tente deixá-los em quartos separados, pois, na hora dos fogos, eles poderão morder uns aos outros, no desespero;

– Um pouco antes da meia noite, leve o seu animal para perto da tv ou aparelho de som e aumente aos poucos o volume, de tal forma que ele se distraia e se acostume com o som alto. Assim não ficará tão assustado com o barulho intenso e inesperado dos fogos;

– Jamais deixe o animal acorrentado, pois ele acaba se enforcando em função do pânico. O ideal é deixá-lo em um recinto fechado, sem as correntes e guia;

– Alguns veterinários aconselham o uso de tampões de algodão nos ouvidos que podem ser colocados minutos antes e retirados logo após os fogos. Esse procedimento ajudará muito aliviar o desespero que sentem na hora dos fogos;

– Piscinas também podem oferecer risco de morte ao seu animal. Deixe a piscina protegida e os animais bem longe dela.

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10 motivos para adestrar seu cão

 

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Sabendo que o cachorro hoje em dia é um membro da família e recebe tanto amor e carinho nada é mais justo do que dar a ele uma boa educação!

Quando falamos em adestramento, abrimos um grande leque de pensamentos, dúvidas, conceitos e também preconceitos, preconceitos estes que vem sendo quebrados a cada dia, abrindo assim muitas portas para esta incrível maneira de facilitar a vida tanto do homem quanto do cão!

Antigamente só se via cães adestrados para missões difíceis, como os cães da polícia e do exercito que recebiam treinamentos para participar de guerras e outros combates, ou seja, ficou por muito tempo associado á situações de agressividade e brutalidade.

Com o passar do tempo o convívio entre humanos e cães foi aumentando e dando cada vez mais espaço aos cães de companhia! Hoje em dia a maioria das famílias tem pelo menos um cão e ter um cachorro em casa já não é mais apenas um luxo, vem se tornando quase uma necessidade! As pessoas vem precisando cada vez mais de companhia e carinho. Com muitas pesquisas apontando os benefícios de se conviver com um bichinho de estimação o número de pessoas adotando ou comprando animais não para de crescer e o cachorro ainda é o favorito!

Com esta convivência tão estreita as famílias atuais vem encontrando algumas dificuldades de relacionamento com seus cãezinhos muitas vezes humanizados, ou com desvios comportamentais, sem limites, agressivos, teimosos, ou até mesmo considerados por suas famílias “hiperativos”, cães destruidores dentre muitas outras queixas… E a partir disso começam a buscar ajuda através do adestramento. Na maioria das vezes esses problemas comportamentais surgem pela má interpretação dos donos a respeito dos sinais que os seus cães vem apresentando, outras vezes pelo fato de a família não estar suprindo corretamente as necessidades básicas deste cão, necessidades estas que muitas vezes é entendida como comida, água e carinho! E é aí que cada vez mais o adestramento tem sido valorizado e procurado, trazendo excelentes resultados.

E qual é a função do adestramento afinal? O adestramento tem como principal função criar uma linguagem clara e simples de comunicação entre o homem e o cachorro através de comandos. Muitas vezes as pessoas não conseguem educar o seu cão por conta desta falha de comunicação, uns falam de mais, outros falam de menos, tem aqueles que discursão para seus cães quando eles fazem algo errado, outros dão chinelada e tem também aqueles que simplesmente não falam e não fazem nada. O adestramento torna a vida de ambos muito mais fácil e prazerosa!

O treinamento de obediência básica persiste em ensinar comandos como: senta, deita, fica, aqui, junto e também alguns dos tão apreciáveis truques como: dar a pata, cumprimentar, rolar, fingir de morto, ficar em pé, rastejar… estes podem variar de adestrador para adestrador ou serem escolhidos pelos tutores do cãozinho que será adestrado.

Don - cumprimenta

 

Ainda hoje, muitas pessoas tem a sensação de que adestrar vai fazer com que o cãozinho sofra, ou que ele deixe de gostar dos donos, deixe de brincar… Isto não é verdade! Os cães gostam de ter uma função, gostam de trabalhar, gostam de aprender! Existem atualmente métodos modernos que aceleram e facilitam o aprendizado dos cães, fazendo daquele momento em que o cão está sendo treinado um momento muito prazeroso! É incrível observar a alegria com que eles aprendem e executam as tarefas pedidas!

Veja a seguir 10 motivos para adestrar o seu cão:

  1. Estimula a parte cognitiva;
  2. Cria uma linguagem de comunicação;
  3. É um ótimo exercício físico e mental;
  4. Sociabiliza e permite que o cão frequente mais lugares;
  5. Atua na prevenção e resolução de comportamentos indesejáveis;
  6. Aumenta a capacidade de resolução de problemas;
  7. Diminui a ansiedade e o stress
  8. Aproxima você do seu cão;
  9. Facilita o manuseio em consultas veterinárias;
  10. Proporciona lazer e bem estar ao cão;

Dúvidas frequentes:

  • Quando se deve dar início aos treinamentos?

Quanto antes melhor! Se o filhotinho ainda não terminou o quadro de vacinas o treinamento deve ser feito único e exclusivamente em casa para não colocar a vida do filhote em risco, caso o filhote já tenha tomado todas as vacinas, o que acontece por volta do final do terceiro mês de vida, pode fazer aulas tanto em casa como na rua, podendo assim dar início a uma boa socialização.

  • Cães adultos podem ser adestrados?

Sim! Recomendamos o início do treinamento desde filhotes porque é uma fase em que o cérebro deles está muito aberto para receber informações, o que facilita e acelera o aprendizado, o que não significa que cães adultos não aprendam facilmente, a diferença é que o filhotinho é um papel em branco prontinho para ser pintado, enquanto o adulto já tem seus vícios, experiências e algumas vezes até mesmo alguns traumas.

  • Meu cachorro vai se tornar um robô se ele for adestrado?

Não! Adestramento não robotiza! Seu cachorro não vai mudar de personalidade porque está sendo adestrado, não vai deixar de brincar ou pedir carinho, apenas vai ficar mais fácil se comunicar com ele e os hábitos indesejáveis tendem a cessar enquanto outras qualidades irão aparecer.

  • E se meu cachorro for burro e não aprender nada?

Todos os cães são capazes de aprender, cada um no seu ritmo, uns com mais facilidade outros com menos mas todos podem aprender e alcançar bons resultados.

  • O adestramento fica para sempre?

Isso só depende de você! Se o seu cachorro encerrar os treinamentos e nunca mais praticar os comandos aprendidos, ele acaba esquecendo alguns comandos, pode ficar mais teimoso ou mais lento para atender aos comandos, mas se você introduzir estes comandos aprendidos no dia a dia do cachorro como uma rotina você estará fortalecendo os comandos e seu cachorro não esquecerá, caso você perceba que a qualidade das respostas estão caindo talvez seja interessante retomar algumas aulas. É importante fazer algumas aulas junto com o seu cão e o profissional que estará adestrando para entender um pouco mais sobre como funciona o aprendizado do cachorro, como usar os comandos, que comando deve ser usado em determinadas situações e praticar os exercícios em conjunto.

Agora que vocês já sabem um pouco mais sobre adestramento, está na hora de avaliar se o seu cãozinho já está pronto ou não para iniciar as aulas! Dê esta prova de amor á ele! Lembre-se que quanto melhor ele se comportar, quanto mais fácil ele for de se lidar mais próximos vocês irão ficar! Não espere os problemas aparecerem e todos poderão viver em harmonia e com qualidade de vida!

Quem ama educa!

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Parques para Cães: assunto polêmico

Todos já devem ter ouvido falar ou mesmo já devem ter levado seus amigos peludos a um parque onde se pode deixá-los soltos e à vontade. Geralmente são chamados parques para cães ou áreas para cães.

Nesses parques, geralmente há uma grande quantidade de cachorros soltos correndo livres e brincando uns com os outros, o que deixa cães e donos extremamente felizes, além dos benefícios à saúde que o exercício ao ar livre promove.

O Parque Ibirapuera, aqui em São Paulo, é um bom exemplo de local onde isso ocorre com frequência.

Porém, existem vários fatores de risco no hábito de levar seu cão a esses parques e deixá-los sem a guia. Muitos desses fatores de risco podem ser extremamente prejudiciais ao seu cachorro e até mesmo a você.

Um deles é o fato da maioria dos cães serem estranhos uns aos outros.

Ou seja, eles vão se conhecer no parque, muitas vezes quando todos já estão sem as respectivas coleiras. O que acontece (embora não seja 100% das vezes) é que nesse momento em que dois ou mais cães estão se conhecendo, pode ocorrer de um deles não tolerar o outro. Aí começa a confusão, que geralmente acaba em uma briga.

Já vi centenas de fotos divulgadas na internet, de situações assim. O resultado varia desde um cão machucado e amedrontado, fugindo do agressor, até dono e cão seriamente feridos indo para o hospital.

Se o dono tenta intervir na briga, pode e acaba sendo alvo do agressor, e às vezes, do seu próprio animal, que o ataca sem perceber, envolvido pela tensão do momento. Os danos provocados pela mordida de um cão à pele e músculos de um humano podem ser extremamente graves. O cidadão acaba tendo uma mutilação na área afetada, e na melhor das hipóteses, uma cicatriz para o resto da vida.

Pense muito bem antes de soltar seu cão num parque para cães. Afinal, os riscos são seus, envolvem seu cão, os outros cães e as demais pessoas que estejam no local (incluindo crianças).

E mais: considero dever de todo profissional que lida com animais (especialmente os adestradores e terapeutas de animais), a divulgação desses dados a seus clientes. Apenas a prevenção pode evitar sequelas físicas e emocionais que uma situação como estas pode causar.

Seu cachorro sabe quando você está triste?

Quem aqui tem um cachorro de estimação provavelmente sabe que o animal é mais inteligente e emocional do que a maior parte das pessoas pensa. Isso porque sempre dizemos que o cachorro nos “entende”, sabendo quando estamos tristes, felizes ou passando por outros estados emocionais. E agora um estudo afirma que, realmente, os cachorros têm uma reação quando estamos chorando. A questão ainda a ser respondida é se isso é por empatia.

O espectro do estudo foi pequeno, incluindo 18 cães. A pessoa passava pelo animal em duas situações, chorando ou cantarolando. No fim, a maioria – 15 cachorros – se dirigiu até a pessoa quando essa estava mal, e apenas seis deles quando ela parecia bem.

“O fato dos cachorros diferenciarem entre o choro e o canto indica que a reposta dada ao choro não foi movida puramente pela curiosidade. Mas sim que isso gerou um apelo emocional maior nos cachorros e provocou uma reposta diferente do canto ou da conversa”, afirma a pesquisadora e psicóloga, Deborah Custance.

Além dos cachorros irem ao encontro da pessoa que chorava, treze dos quinze se aproximaram de maneira submissa, abaixando o rabo e a cabeça. Não é possível comprovar que isso seja uma atitude empática, mas parece que os animais sabem mesmo quando o dono não está bem.

Outro estudo recente comprovou que, no que toca ao entendimento canino e humano, os cachorros são melhores até do que os chimpanzés, que são nossos parentes mais próximos. A ideia da pesquisa era uma pessoa apontar um objeto para o animal, tanto para o cachorro quanto para o macaco, e aguardar que ele o trouxesse. O teste foi feito com gatos também, e apesar de alguns deles se mostrarem “melhores amigos do homem”, os cachorros ainda mantém sua posição de liderança.

E os resultados dependeram da raça do cão, em ambos os estudos. No caso do primeiro, foram usados labradores, retrievers e outras raças comuns. No segundo, foram usados tipos diferentes de cachorros, entre caçadores e domésticos. As raças domesticadas acabaram sendo melhores. Isso prova que é importante saber a genética do cachorro que se está lidando.

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Fonte: HypeScience