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Categoria: Bem-estar Animal

cachorro ou lobo

Convite a uma reflexão: Você é o líder ou pai/mãe do seu cão?

Temos dois principais tipos de tutores de cães, aqueles que tratam o cão como um lobo doméstico e assumem o papel de “líder da matilha”, e os que tratam seus cães como filhos peludos e com quatro patas. Mas afinal quem está certo? Para responder esta questão o convido para uma reflexão em cima desta leitura onde abordarei a teoria da dominância e as bases do relacionamento do cão com o ser humano.

Sobre a teoria da dominância:

“Os lobos formam grupos baseados em uma hierarquia estruturada e competem para se tornar o ‘alfa’. Afirmam sua dominância sobre outros lobos de forma agressiva sempre visando garantir o melhor para o bando. Os cães por descenderem dos lobos, portanto, irão fazer o mesmo. Mesmo que o cachorro viva com humanos, ele deverá sempre ser um membro de uma matilha, por isso o tutor e sua família têm que ter a “posição” mais elevada do que a do cachorro para ter o respeito dele”.  Tais afirmações são amplamente difundidas em diversos livros de adestramento e até programas de televisão! O que há de errado nestas afirmações? Tudo!

20150421_182632 (2)Primeiramente gostaria de esclarecer que é comum dentro da etologia o estudo por comparação entre espécies semelhantes, mas isto não quer dizer que seja a única nem a mais eficaz. Somos geneticamente muito semelhantes aos gorilas, chipanzés e bonobos, o que não faz automaticamente nos comportarmos igual a eles! Muito do material disponível sobre o comportamento lupino é baseado em estudos feitos com lobos em cativeiro. Diversos exemplares capturados da natureza ou cedidos por zoológicos foram mantidos em um determinado espaço obrigando-os a competir pelos recursos, algo que costumo comparar ao reality show Big Brother, onde diversas pessoas são confinadas em uma casa para competir pelo prêmio.

Limitados dentro deste espaço manipulado e organizado pelos pesquisadores os lobos não expressaram seus comportamentos naturais. Diante daquele ambiente artificial e muito estressante os animais passaram a apresentar diversas anomalias de comportamento, como por exemplo, a promiscuidade. Estudos recentes, com tecnologias como o rastreamento por GPS, permitiram estudar o lobo em seu habitat natural e descobrirmos que a matilha nada mais é do que uma família onde os filhotes mais velhos ajudam os pais na criação dos irmãos mais novos. Os lobos são fiéis, formam casais para toda a vida e os filhotes os acompanham e auxiliam até atingirem a maturidade, por volta dos dois anos, quando se afastam do grupo para procurar um parceiro e constituir sua própria família.

Essa estrutura é muito parecida com as famílias humanas e não são firmadas pela força física como se concluiu equivocadamente nos estudos anteriores. Para resumir a confusão feita, além de no ambiente artificial terem criado uma situação onde não foi possível compreender o comportamento dos próprios lobos, ainda o projetaram nos cães apenas por serem geneticamente muito próximos.

A domesticação separou cães e lobos de seu ancestral comum há pelo menos 15 mil anos, o que alterou muito o comportamento deles em razão da adaptação ao convívio com a nossa espécie. O processo de domesticação alterou tanto os cães que eles não são capazes de formar grupos estáveis nem sobreviverem sem o auxílio do ser humano. Atualmente temos muitos cães que não sabem nem ao menos se comunicar com outros cães, grande maioria porque são separados precocemente da mãe e dos irmãos justamente na fase de seu desenvolvimento assimilaria a identificação com a sua espécie.Tente imaginar os efeitos de milênios de domesticação somados a demais fatores como este! Nunca ouviu ninguém dizer que o seu cão parece pensar que é gente?

Pois é, talvez em meio a toda essa confusão ele possa achar mesmo! Mas a comunicação dos cães e socialização interespecífica são um tema que necessitaria de outro texto para poder deixar o assunto bem claro (inclusive anotei como sugestão de tema para uma próxima oportunidade). Enfim, lobos e cães são espécies diferentes e apresentarem comportamentos diferentes, portanto não devemos tratar nossos cães como lobos domesticados, ainda mais se baseados em uma teoria que já é equivocada sobre o comportamento dos próprios lobos!

Sobre tratar os cães como crianças:

Se você leu o texto até aqui já deve ter entendido que cães não são lobos e não existe este conceito de líder de matilha, mas assim como os cães não são lobos domésticos eles também não são crianças peludas e com quatro patas. A lupinização e humanização são dois dos principais fatores que resultam nos problemas comportamentais que sou chamada para ajudar os tutores a solucionar.  Precisamos a partir de aqui deixar bem claro que lobos são lobos, crianças são humanos e cães são cães.

Estudos científicos recentes apontam através de testes utilizando ressonância magnética que os cães possuem emoções e ativam durante o contato com seus tutores a mesma parte do cérebro que ativam com a mãe quando filhotes. Estudos realizados em humanos chegaram a mesma conclusão, ainda amparados por exames de sangue indicando a produção de oxitocina (conhecido como o hormônio do amor, o mesmo produzido durante pela mãe durante a gestação e responsável por gerar o vínculo com o bebê). Quem convive com cães percebe que há muito amor envolvido e a ciência apenas comprovou o que todo “cachorreiro” já sabia, mas isso não faz com que os cães deixem de ser cães e se tornem pessoas peludas e de quatro patas!

Os cães apesar de todo o processo de domesticação ainda têm necessidades diferentes dos seres humanos e estas são diretamente relacionadas a sua saúde e bem-estar. Cães humanizados sofrem por não poderem expressar seus comportamentos naturais e são frequentemente cobrados de seus tutores como se fossem capazes de um entendimento pertencente exclusivamente aos seres humanos. Quem nunca ouviu algum tutor afirmar que seu cão sabe que fez coisa errada porque percebe que ele se sente culpado depois de aprontar? Quem nunca ouviu alguém reclamar que seu cão é ingrato porque lhe mordeu quando foi tirar-lhe um alimento inadequado da boca? Quem nunca ouviu a afirmativa de que seu cão é muito feliz porque dorme o dia todo as únicas preocupações são comer e dar uma voltinha na quadra para fazer o xixi? Projetamos expectativas demais em nossos cães quando os humanizamos e acabamos por julgá-los equivocadamente. A maioria dos cães domésticos vive em um limbo entre as espécies canina e humana, de forma que não conseguem se comunicar bem com nenhuma das duas. Ter projetado em cima de si expectativas muito maiores do que a sua capacidade te parece algo agradável? Os cães não entendem o porquê estamos frustrados com eles, mas sofrem com nossas reações em relação a eles devido a estas frustrações. Não te parece uma carga muito pesada?

Já vi casos de cães que não saem para passear sem ser no colo ou em carrinhos e bolsas, não podem pisar na grama porque usam sapatinhos e até que passaram muito mal após comerem o delicioso ovo de chocolate que ganharam de presente na Páscoa (chocolate é extremanete tóxico para cães!). Precisamos refletir sobre esse amor, pois se amamos nossos cães devemos aceitá-los como realmente são e não tentar fazer deles caricaturas humanas. Que “graça” tem tirar do cão justamente o que ele tem de mais maravilhoso? O que cativa nos cães é serem tão diferente das pessoas, não julgarem pelas aparências, viverem no presente, demonstrarem seus sentimentos sem medo e sua espontaneidade, dentre tantas outras qualidades!

Os cães urbanos além de passarem muitas horas sozinhos são mantidos em algum nível de privação física e sensorial, o que causa depressão e problemas de comportamento e de saúde. Um cão feliz é aquele que consegue ter satisfeitas as necessidades naturais de sua espécie e raça. Além dos cuidados básicos como alimentação adequada e higiene (vacinas, vermífugos, pulgicida, banhos e etc), cães precisam de atividades físicas, mentais e sociais. Cães precisam correr na grama, rolar em coisas fedorentas (vale deixar apenas antes de entrar direto para o banho, ok!), perseguir passarinhos, latir, brincar com outros cães, cheiras as “partes” desses outros cães, experimentar sabores diferentes da ração que é servida todo dia ( consulte um veterinário para saber quais alimentos podem ser oferecidos e quais as quantidades ideais), enfim viverem de modo que possam expressar seus comportamentos naturais. Claro que temos limitações impostas pelos centros urbanos e pela rotina corrida, mas nossos cães merecem que lhes proporcionemos o mais próximo que consigamos chegar disto. Pesquise sobre comportamento e psicologia caninos, enriquecimento ambiental, se necessário, busque o auxílio de um comportamentalista, contrate um dog walker de confiança, para tudo tem um jeito quando se tem vontade! Ser pai ou mãe de cachorro é enfrentar o desafio de compreender uma outra espécie e respeitar sua natureza, se tornar um pouco cão e, consequentemente, uma pessoa melhor!

PS: também pretendo escrever sobre os temas “ a culpa que o cão demonstra quando descobrem suas artes” e enriquecimento ambiental, temas que abordei por cima neste texto e com certeza merecem uma atenção maior.

Guarda Responsável – Parte 2: Em Ação…

Depois de refletir um pouco mais a respeito do assunto, é hora de entender o que de fato cabe a cada um de nós exercer como tutores e cidadãos.

É natural do comportamento e dos instintos caninos, buscar por atividades enraizadas a sua essência. Assim como; a caça, a reprodução e comportamentos relativos ao trabalho que naturalmente estariam realizando se não estivessem conosco.

A partir disso, também é comum que busquem formas de executar isso em ambiente doméstico. O que pode por muitas vezes se tornar inconveniente e até mesmo perigoso.

presp2E é nessa hora que precisamos assumir o papel de responsabilidade por aquilo que foi por nossa espécie cativado, desde o momento em que nossos antepassados domesticaram caninos impondo tantas alterações e adaptações as suas rotinas.

Certamente não podemos e nem mesmo devemos impedir os cães de agirem como cães. Todavia é de nossa total competência oferecer-lhes alternativas e possibilitar-lhes melhor convivência com este ambiente pouco familiarizado as suas ações e necessidades.

Um bom exemplo daquilo que podemos fazer por um cão, é atenuar sua frustração. Proporcionando-lhe muito além de mantê-lo em ambiente seguro, oferecer água fresca, boa alimentação, saúde em dia e carinho, doses diárias de exercícios e interações motivadoras. Que impulsionem seu interesse e estimulem sua energia física e mental.

Outro excelente benefício completamente acessível para reduzir a frustração e excitação excessiva dos cães (pets), é optar pela castração. Evitando assim, estímulos que propiciam fugas, agressividade com pessoas e com outros animais. Além de ser altamente recomendado pela medicina veterinária como ônus para uma vida mais longa e saudável.

Que tipo de exercícios ou estímulos posso proporcionar ao meu cão?

Repito que os cães, são animais altamente vigorosos por essência. Com isso, estão habilitados a caminhar por muitas horas e percorrer longas distâncias utilizando e exercitando naturalmente todos os seus sentidos. Por isso, uma das principais formas de atividade que podemos introduzir a rotina dos nossos cães é a caminhada diária.

Independente do espaço físico que esse cão venha a ter em ambiente doméstico, essa prática é essencial para seu bem estar integral.

Sempre levando em consideração o grau de atividade de cada cão, respeitando seus limites físicos e temperamentais, essa é sem dúvida uma excelente conduta, além de ser uma forma muito rica de interação entre cão e tutor.

Lembrando que também é fator ouro da guarda responsável, é utilizar métodos seguros e agradáveis na hora de caminhar com nossos cães.

Uma guia firme de tamanho médio , a coleira adequada ao porte e comportamento do animal, tal como a identificação e higienização do mesmo, são algumas das principais atitudes que devemos tomar quando compartilhamos com nossos cães esses momentos tão importantes e úteis para suas e para as nossas vidas.

Um pouco mais adiante no aspecto estímulo, existem também maneiras de fornecer ao cão melhor aproveitamento ambiental. Ativando sua mente e canalizando toda a sua energia através de atividades e brincadeiras que se assemelham bastante as ações que ele poderia exercer em ambiente natural.

Exemplos disso?

Hoje existe no mercado pet, inúmeras ferramentas que produzem tal experiência. Como os quebra-cabeças caninos, brinquedos inteligentes, recheáveis e muitos outros itens de extremo proveito na aproximação do cão doméstico a suas origens e ao suprimento de suas autênticas necessidades. Porém, infelizmente esta ainda não é uma possibilidade financeiramente acessível a todos. O que assim mesmo não impede que usemos de nossa capacidade criativa para buscar interações semelhantes com aquilo que temos em mãos.

Uma garrafa pet, por exemplo, pode se transformar em um brinquedo recheável (devidamente removidas; toda a estrutura da tampa, tampa e rótulo). Assim como uma simples caixa de sapatos pode se transformar em um quebra-cabeças e um pedaçinho do quintal pode virar um labirinto de caça. Tudo depende da nossa determinação em materializar o conhecimento adquirido em benefício dos nossos tão queridos animais de estimação.

Em situação normal, um cão saudável, bem assistido, que possuí alimentação de qualidade, socialização e afeto, é um cão feliz e que nãooferece qualquer incomodo aos tutores e a sociedade.

Portanto, guarda responsável é tudo aquilo que praticamos de forma coerente e disciplinada com o propósito de oferecer uma vida digna ao animal que escolhemos trazer para junto de nós.

Lutar pela expansão dessa conduta, é sem dúvida a mais viável forma de tornar cada vez mais raras as pequenas cenas diárias de extinção que assistimos quando encontramos um cão faminto, doente, fétito, maltratado ou mesmo sem vida na beira de uma rua ou avenida.

Assim como a desenfreada proliferação de cães errantes, cães ‘destrutivos’, ou mesmo cães capazes de comprometer a segurança de pessoas e outros animais.

Quando por qualquer motivo, não nos vemos em situação que viabilize tais ajustes em nosso cotidiano, talvez devamos considerar a atual impossibilidade de introduzir um novo ser a nossa vida.

O que para muitos, pode parecer radical, mas certamente é uma escolha consciente e harmonizada. Que desenvolverá maior compreensão e capacidade de quem sabe em um futuro, de médio a longo prazo, tornar tal opção mais oportuna e proveitosa.

Somente entendendo a dimensão da decisão de manter um animal sob nossos cuidados é possível desfrutar dos tantos aprendizados que a espécie canina pode nos oferecer e ser verdadeiramente feliz por viver essa experiência que é tão intensa e única.

Clique aqui e acompanhe a primeira parte desta publicação.

Guarda Responsável – Parte 1: Convite a Reflexão…

A partir deste texto, darei início a um material que tem como intuito estimular uma nova e necessária leitura a respeito da presença dos cães em nossa sociedade e rotina.

Ter um companheiro de estimação é sem dúvida uma experiência muito valiosa. Repleta de descobertas, emoções, aprendizados únicos e eternos, que se bem geridos, certamente contribuirão infinitamente no aprimoramento de nossa vida.

No entanto, como para tantas outras possibilidades de vivência, devemos considerar e ponderar aspectos importantes antes da decisão final de inserir um novo ser em nosso cotidiano.

Não somente por se tratar de uma relação entre espécies distintas, com necessidades semelhantes e também opostas, como já citei nos artigos anteriores. Mas sim por esta opção portar alto teor de adaptação na rotina doméstica, social e familiar.

Citando aqui, os caninos, espécie com a qual atuo, convivo e estudo permanentemente. Seres domésticos, intensamente sociáveis. Próprios de significativa dependência no desenvolvimento de suas atividades básicas de sobrevivência em ambiente humano e convivência social. Providos de uma inteligência emocional apurada, capaz de capturar os mais simplórios estímulos ambientais e habilidade impressionante de associação e compreensão daquilo que o cerca. Esta opção merece uma atenção consciente, responsável e sensata.

Não são raros os casos aonde há uma ideia extremamente deturpada em manter um cão sob nossa responsabilidade. Atitudes culturalmente banalizadas, porém de importância indispensável na promoção do bem estar e dignidade de um animal quanto indivíduo. E é cada vez mais uma obrigação social repensa-las na prática.

Neste primeiro momento, pretendo abordar o raciocínio lógico de forma direta e clara.
Quando pensamos em abandono, possivelmente a cena que nos vem imediatamente a cabeça são cães errantes e sem raça definida (‘vira-latas’).

Entretanto, como eles foram parar ali? Sim. Muitos cães acabam nascendo (e morrendo também) em situação de rua. Mas cães não nascem em árvores. Então como isso aconteceu? E porque continua acontecendo?

Por isso, infelizmente o buraco é muito mais fundo do que parece.

Reflitamos; o que caracteriza o abandono?

Um cão negligenciado pode viver sob um teto. Possuir um nome, se alimentar regularmente e até mesmo ser dono de um conceituado pedigree.

Quando esquecido em uma garagem, sem qualquer cuidado veterinário, ou afeto. Desconsiderado como um ser que não é imune a doenças, fome  e tantas outras necessidades especificas e variáveis de um animal para outro. Quando visto como um animal que necessita liberdade incoerente a sua real capacidade de exercê-la.

Um cachorro não está capacitado a circular pelas ruas sem companhia humana, assim mesmo, quantas vezes encontramos ‘tutores’ que ignoram completamente os fatores de risco aos quais expõe seus animais ao libera-los para uma ‘tour’ pelo bairro?

E quando essa reflexão se estende, o que vem a ser os maus-tratos?
Para muitos, um cão escorraçado, agredido fisicamente ou morto através de atos cruéis.
Lamentavelmente, essa não é a única nuance de maus-tratos imposta a um cachorro.

Os maus-tratos inúmeras vezes ocorrem sob quatro paredes, sem qualquer menção física, sem grande notoriedade visual. E também em sua maioria, estão relacionados as ações anteriormente descritas, através do descaso e gradual desprezo aos principais requisitos que tornam um ser humano capaz de efetivamente manter um cão consigo.

Muitas pessoas ainda encontram no cão, um ser inferior, um ‘utensílio’, que vai desempenhar determinado papel enquanto puder ‘servir’ para tal.
É inegável que desde os primórdios, os cães possuem características natas de trabalhadores, protetores e caçadores. O que inclusive integra as atenções as quais devem ser atendidas quando decidimos trazê-los para nossa casa.

Todavia, retomando a atual condição canina em ambiente doméstico, não é necessário muito para entender que é dever do ser humano respeitar a essência do ser, e tornar seu convívio entre nós o mais pacifico e agradável possível.

O abandono é na verdade, a solidificação da incapacidade de proporcionar a um ser vivo uma atenção que possibilite a integridade de sua existência.

A conduta humana é uma agravante causa de acidentes e problemáticas em nossa sociedade. O que faz crescente a urgência de uma nova mobilização em busca da conscientização e responsabilidade social de cada cidadão.

O cão que atacou alguém na rua, teve uma causa para lá estar, e certamente uma motivação para chegar a tal reação. Assim como os cães que cruzam avenidas, ocasionalmente relacionados a acidentes entre carros ou mesmo vitimas de atropelamento. Os cão acometidos por zoonoses, os inúmeros sacrificados por não restar qualquer chance de cura, enfim… Não faltariam exemplos das consequências da nossa falta de pudor ao manipular a vida animal.

Por que tenho um cão em casa? O que este cão representa no meu dia a dia? Questionamentos importantes ao escolher a companhia canina como parte de nossa rotina.

Posso ter um cão guardião, um cão para acompanhar minhas atividades esportivas, um cão que me auxilie em trabalhos específicos, ou um cãozinho unicamente para fazer companhia. Mas jamais permitir que este cão não seja considerado como oriundo de uma natureza singular, que exige de nossas capacidades adaptativas total assessoria.

Clique aqui e confira a segunda parte deste artigo.

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Amar X Respeitar – Será que você respeita o cão que ama?

Há significativas diferenças entre o amor e o respeito para com seu cão.

Poucos são os seres humanos que percebem essa diferença no nível de viabilizar uma boa relação com seus animais.

E infelizmente na rotina da convivência social é a principal causa da falta de controle existente entre cães e tutores. Forte causa também de acidentes envolvendo cães. E isso é uma verdadeira lástima.

Uma vez que para evitar tais desfechos, somos cercados de informações e ferramentas que viabilizam nosso conhecimento a se ampliar a cada dia.

Mas se temos em mãos todas essas fontes de evolução, tantas possibilidades e facilitações para nossa relação com os cães com que convivemos, por que isto se torna tão complicado na prática?
Simples e estúpido. Porque seres humanos não gostam de lidar com a realidade.

O comum é que se fuja de tudo o que for real e se ostente uma fantasia repleta de miudezas graciosas, mas nada úteis a cerca de nosso cotidiano. O que certamente não é diferente na relação que mantemos com nossos animais de estimação.

Pessoas confundem o encanto dos animais com uma pseudo-humanidade da qual eles jamais fizeram ou farão parte. Com isso, o cão em especial, se torna uma espécie de ‘ser fantástico’, capaz de viver uma cinematográfica vida de peraltices e peculiaridades que certamente nada tem a ver com a sua felicidade quanto espécie.

Em bom e claro português, eis que o amor se fez vilão e o tutor humanizou seu cão. Humanizar um cão através de nossa percepção e lido, não o faz mais humano, mas certamente o torna cada vez menos cão. O afasta de sua natureza e indiretamente agride a sua existência em nosso tão complexo universo.

Eu acredito no amor saudável em prol de uma relação digna e verdadeiramente feliz entre cães e sua família humana!

Eu acredito em nós humanos como seres capazes de crescer através de nossas relações. Acredito em nossa natureza intelectual e em nossa pureza de alma. E por isso eu trabalho com extrema seriedade para conduzir e intermediar este lindo e tão único elo com aquele que é sem dúvida nosso mais leal amigo; o cão!

É realmente um desafiante aprendizado; amar de forma sensata e coerente. No entanto, alimentar o desejo de alcançar esta concepção e torna-la parte do dia a dia entre você e seu cão, é fazer com que a partir deste desejo, torne possível a evolução de seu afeto e consequentemente a maior realização de seus animais em sua experiência junto a você.

O aprimoramento na relação entre humanos e cães, é uma grande possibilidade para todos! Por isso, não deixem jamais de desejar a evolução!

Evoluir é duro, exige trabalho, concessão e uma profunda busca interior pelo respeito livre do egoísmo.

Todavia, é fundamental que possamos nos questionar:

– Estou disposto a mudar a relação com meu cão de forma a fornecer a ele tudo o que de fato condiz com suas necessidades de bem estar?

E assim se permitir a grata conquista de enxergar, gradativamente, em seu empenho para que isso se faça concreto; a felicidade do cão quanto ser vivo.

Um cão não é feliz por ter bens materiais, por não ser contrariado, ter shampoo cheiroso e coleira importada. Não é feliz e não está realizado por ter um pátio enorme, ou mesmo porque passeia e corre livremente.

Por que?

A felicidade de um cachorro é conquistada com muitos detalhes ainda invisíveis para muitos de nós. Pois como já citei, existe imensa dificuldade em enxergar a simplicidade da vida e aceitar a diferença entre as espécies na prática.

A verdadeira plenitude canina é de uma simplicidade espantosa para muitos e digna da admiração de todos.

Além da boa alimentação e atenção permanente a saúde integral do cão, o respeito para com o mesmo requer que o auxiliemos a viver em nosso mundo sem transforma-los no que não são. Sem exigir ou esperar o que não podem oferecer.

É estar atento a sua interação com o ambiente, é direcionar sua mente as regras da nossa sociedade, possibilitando alternativas para que sigam sua essência sem que isso traga problemas para eles ou para nós.

Simplesmente porque um cão não se preocupa em aparentar algo. Um cão se envolve com suas percepções, com o presente daquilo que vive.

Podemos ver um cão correndo, latindo para todos os lados e interpretar como um doce momento de liberdade. Porém para um olhar mais apurado, não é raro entender que se trata de um cão extremamente desequilibrado e frustrado.

Um cão pode se sentir muito mais alegre, na guia, ao lado de seu tutor, usando uma coleira confortável do que solto, muitas vezes confuso ou incomodado por não entender como agir. Contudo, a visão que temos do que ele nos demonstra, está associada ao que cultivamos como convicção. Mesmo que muitas vezes isso de nada tenha a ver com o que se passa na mente do animal.

E é este o ponto exato do tema que acabo de abordar. Quando isso parece bastar, é porque o amor e o respeito estão em desnível.

Para obter harmonia entre amor e respeito, a única coisa a ser feita é não ignorar esta diferença.

Agir com inteligência para usufruir da riqueza deste convívio é o melhor caminho para que todo o amor que sente por seu cão assegure uma vida completa para você e para ele.

Sobre a consciência animal

Em julho de 2012, um grupo de cientistas reunidos na Universidade de Cambridge proclamou que humanos não são os únicos seres conscientes. “Animais não-humanos como mamíferos e aves, e vários outros, incluindo o polvo, também possuem as faculdades neurológicas que geram consciência animal”, declarou o grupo, na chamada Declaração de Cambridge. Minha primeira reação foi de total incredulidade. Nós realmente precisávamos de um anúncio para definir algo tão óbvio?

Todo mundo sabe que os animais têm consciência. Eles percebem e entendem seu entorno. E muitos, entre eles golfinhos, elefantes e alguns pássaros, são inclusive auto-conscientes. Eles possuem um certo senso de si. Ok, pode ser que um cachorro não saiba quem é do mesmo jeito que eu e você sabemos quem somos. Mas o ponto é: mesmo que não saibam quem são, eles têm consciência de sua própria dor. Foi o que aconteceu comigo quando tive um acidente de bicicleta: bati a cabeça e tive amnésia. Quando o médico me perguntou como me sentia, eu disse: “Estou sentindo muita dor”. E quando ele perguntou quem eu era, respondi: “Não lembro meu nome.” Da mesma forma, é errado fazer um animal sofrer só porque ele pode não saber quem é.

Os pesquisadores descobriram mais do que isso. Sabemos, por exemplo, que ratos e galinhas sentem empatia. Eles conseguem se colocar no lugar dos bichos ao redor e sentem pena ao vê-los sofrer. Elefantes vivenciam alegria, luto e depressão. Lamentam a perda dos amigos, assim como os cães, chimpanzés e raposas vermelhas. Os polvos foram protegidos de pesquisas invasivas no Reino Unido bem antes dos chimpanzés, pois os cientistas já haviam reconhecido que eles são conscientes e sentem dor. Hoje muita gente ainda não quer admitir esses fatos científicos, pois terão de mudar a forma como tratam os animais. Na verdade, temos de tratar todos os animais da mesma forma, com compaixão e empatia – sejam eles os “animais humanos” como nós, sejam todas as outras espécies.

Não estou falando apenas dos abatedouros – embora seja óbvio que, se houvessem mais vegetarianos no mundo, menos animais sofreriam. Estima-se que 25 milhões de ratos, pássaros, peixes e outros animais sejam usados todo ano em experimentos de laboratório. Muitos passam por um sofrimento terrível durante os testes e a maioria sofre “eutanásia” – são mortos – depois. As pessoas justificam atitudes assim dizendo que vão ajudar os humanos. No entanto, mais de 90% das drogas que funcionam em animais não têm o mesmo efeito em nós. Menos de 10% delas nos ajudam de fato. Além disso, já existem formas de pesquisa que não maltratam os animais. Em lugar de gotejar xampu nos olhos de coelhos imobilizados, por exemplo, podemos usar modelos de computador para simular a ação do produto sem dano algum. Portanto, não se trata apenas de um desperdício de animais; é um desperdício de tempo e dinheiro que poderiam ser investidos em outras alternativas.

Por isso, concluí que devemos aplaudir a Declaração de Cambridge. Ela não traz nada de novo, mas mostra que cientistas famosos finalmente admitem que animais têm consciência. A declaração é mais uma prova de que devemos tratar os animais com todo o respeito. E reconhecer que eles não querem sentir dor, do mesmo jeito que nós não queremos. Seria perigoso fazer esse tipo de distinção. Todos os animais devem ser tratados como indivíduos. Ainda vai levar tempo para que isso aconteça. Mas a boa notícia é que cada vez mais pessoas aderem a essa ideia.

Por Marc Bekoff – professor de ecologia e biologia evolutiva na Universidade do Colorado, EUA. É autor de O Manifesto dos Animais, entre outros livros. Em depoimento a Eduardo Szklarz.

Declaração de Cambridge Sobre a Consciência*

No dia 7 de julho de 2012, um proeminente grupo internacional de especialistas das áreas de
neurociência cognitiva, neurofarmacologia, neurofisiologia, neuroanatomia e neurociência
computacional reuniu-se na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, para reavaliar os
substratos neurobiológicos da experiência consciente e comportamentos relacionados à ela,
tanto em animais humanos como não humanos. Embora a pesquisa comparativa nessa área
seja naturalmente difícil devido à incapacidade dos animais não humanos, e muitas vezes dos
humanos, de comunicar de forma clara e fácil seus estados internos, as seguintes observações podem ser afirmadas inequivocamente:

• O campo de pesquisa sobre a consciência está evoluindo rapidamente. Inúmeras técnicas e
estratégias novas para a pesquisa com animais humanos e não humanos têm sido desenvolvidas. Consequentemente, mais dados estão se tornando disponíveis, e isso exige
uma reavaliação periódica de conceitos previamente aceitos nesse campo. Estudos com
animais não humanos têm mostrado que circuitos cerebrais homólogos, correlacionados com
a experiência e a percepção conscientes, podem ser seletivamente ativados e interrompidos
para avaliar se são necessários, de fato, para essas experiências. Além disso, novas técnicas
não invasivas já estão disponíveis para investigar os correlatos da consciência em seres
humanos.

• Os substratos neurológicos das emoções não parecem estar confinados às estruturas
corticais. De fato, redes neuronais subcorticais estimuladas durante estados afetivos em
humanos também são de importância crucial na geração de comportamentos emocionais em
animais. A estimulação artificial das mesmas regiões cerebrais gera comportamentos e estados emocionais correspondentes tanto em animais humanos quanto não humanos. Em qualquer parte do cérebro de animais não humanos em que sejam induzidos comportamentos emocionais instintivos, observa-se que muitos dos comportamentos resultantes são consistentes com estados emocionais aprendidos, incluindo aqueles estados internos que estão relacionados aos mecanismos de recompensa e punição. A estimulação cerebral profunda desses sistemas em humanos também pode gerar estados afetivos semelhantes.

Sistemas associados ao afeto concentram-se em regiões subcorticais, onde abundam
homologias neuronais. Animais humanos e não humanos jovens sem neocórtex retêm essas
funções cérebro-mente. Além disso, circuitos neuronais que tornam possíveis os estados
comportamentais e eletrofisiológicos relacionados à atenção, ao sono e à tomada de decisões parecem ter surgido muito cedo na evolução, ainda na radiação dos invertebrados, sendo evidentes em insetos e moluscos cefalópodes (como, por exemplo, os polvos).

• As aves parecem apresentar, em seu comportamento, neurofisiologia e neuroanatomia, um
caso notável de evolução paralela da consciência. Evidências contundentes de níveis quase
humanos de consciência têm sido observadas em papagaios-cinzentos africanos. As redes
emocionais e os microcircuitos cognitivos de mamíferos e aves parecem ser muito mais
homólogos do que se pensava anteriormente. Além disso, descobriu-se que certas espécies de pássaros exibem padrões neuronais de sono semelhantes aos dos mamíferos, incluindo o sono REM e, como foi demonstrado em pássaros mandarins, padrões neurofisiológicos que
anteriormente se acreditava que requeriam um neocórtex como o dos mamíferos. As aves
pega-rabuda em particular demonstraram exibir semelhanças notáveis com humanos, grandes símios, golfinhos e elefantes em estudos de autorreconhecimento no espelho.

• Em humanos, o efeito de certos alucinógenos parece estar associado a uma perturbação nos processos de alimentação e retroalimentação corticais. Intervenções farmacológicas em
animais não humanos com compostos que sabidamente afetam o comportamento consciente em humanos podem levar a perturbações semelhantes no comportamento de animais não humanos. Em humanos, há evidências que sugerem que a consciência está correlacionada com a atividade cortical, o que não exclui possíveis contribuições de processos subcorticais ou corticais primitivos, como no caso da experiência visual. Evidências de que as sensações emocionais de animais humanos e não humanos surgem a partir de redes cerebrais subcorticais homólogas fornecem provas convincentes para a existência de qualidades afetivas das experiências individuais (qualia) primárias compartilhadas ao longo de um processo evolutivo comum.

Declaramos o seguinte: “A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afetivos. Evidências convergentes indicam que animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados de
consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais.

Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e aves, e muitas outras criaturas, incluindo os polvos, também possuem esses substratos neurológicos.”

 

*A Declaração sobre a Consciência de Cambridge foi redigida por Philip Low e editada por Jaak Panksepp, Diana Reiss, David Edelman, Bruno Van Swinderen, Philip Low e Christof Koch. A Declaração foi anunciada publicamente em Cambridge, Reino Unido, em 7 de julho de 2012, na Conferência sobre a Consciência em Animais Humanos e não Humanos em memória a Francis Crick, realizada no Churchill College da Universidade de Cambridge, por Low, Edelman e Koch. A Declaração foi assinada por todas as pessoas participantes da conferência, naquela mesma noite, na presença de Stephen Hawking, no Salão Balfour do Hotel du Vin, em Cambridge, Reino Unido. A cerimônia de assinatura foi filmada para a
posteridade pela CBS 60 Minutes.

 

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10 motivos para adestrar seu cão

 

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Sabendo que o cachorro hoje em dia é um membro da família e recebe tanto amor e carinho nada é mais justo do que dar a ele uma boa educação!

Quando falamos em adestramento, abrimos um grande leque de pensamentos, dúvidas, conceitos e também preconceitos, preconceitos estes que vem sendo quebrados a cada dia, abrindo assim muitas portas para esta incrível maneira de facilitar a vida tanto do homem quanto do cão!

Antigamente só se via cães adestrados para missões difíceis, como os cães da polícia e do exercito que recebiam treinamentos para participar de guerras e outros combates, ou seja, ficou por muito tempo associado á situações de agressividade e brutalidade.

Com o passar do tempo o convívio entre humanos e cães foi aumentando e dando cada vez mais espaço aos cães de companhia! Hoje em dia a maioria das famílias tem pelo menos um cão e ter um cachorro em casa já não é mais apenas um luxo, vem se tornando quase uma necessidade! As pessoas vem precisando cada vez mais de companhia e carinho. Com muitas pesquisas apontando os benefícios de se conviver com um bichinho de estimação o número de pessoas adotando ou comprando animais não para de crescer e o cachorro ainda é o favorito!

Com esta convivência tão estreita as famílias atuais vem encontrando algumas dificuldades de relacionamento com seus cãezinhos muitas vezes humanizados, ou com desvios comportamentais, sem limites, agressivos, teimosos, ou até mesmo considerados por suas famílias “hiperativos”, cães destruidores dentre muitas outras queixas… E a partir disso começam a buscar ajuda através do adestramento. Na maioria das vezes esses problemas comportamentais surgem pela má interpretação dos donos a respeito dos sinais que os seus cães vem apresentando, outras vezes pelo fato de a família não estar suprindo corretamente as necessidades básicas deste cão, necessidades estas que muitas vezes é entendida como comida, água e carinho! E é aí que cada vez mais o adestramento tem sido valorizado e procurado, trazendo excelentes resultados.

E qual é a função do adestramento afinal? O adestramento tem como principal função criar uma linguagem clara e simples de comunicação entre o homem e o cachorro através de comandos. Muitas vezes as pessoas não conseguem educar o seu cão por conta desta falha de comunicação, uns falam de mais, outros falam de menos, tem aqueles que discursão para seus cães quando eles fazem algo errado, outros dão chinelada e tem também aqueles que simplesmente não falam e não fazem nada. O adestramento torna a vida de ambos muito mais fácil e prazerosa!

O treinamento de obediência básica persiste em ensinar comandos como: senta, deita, fica, aqui, junto e também alguns dos tão apreciáveis truques como: dar a pata, cumprimentar, rolar, fingir de morto, ficar em pé, rastejar… estes podem variar de adestrador para adestrador ou serem escolhidos pelos tutores do cãozinho que será adestrado.

Don - cumprimenta

 

Ainda hoje, muitas pessoas tem a sensação de que adestrar vai fazer com que o cãozinho sofra, ou que ele deixe de gostar dos donos, deixe de brincar… Isto não é verdade! Os cães gostam de ter uma função, gostam de trabalhar, gostam de aprender! Existem atualmente métodos modernos que aceleram e facilitam o aprendizado dos cães, fazendo daquele momento em que o cão está sendo treinado um momento muito prazeroso! É incrível observar a alegria com que eles aprendem e executam as tarefas pedidas!

Veja a seguir 10 motivos para adestrar o seu cão:

  1. Estimula a parte cognitiva;
  2. Cria uma linguagem de comunicação;
  3. É um ótimo exercício físico e mental;
  4. Sociabiliza e permite que o cão frequente mais lugares;
  5. Atua na prevenção e resolução de comportamentos indesejáveis;
  6. Aumenta a capacidade de resolução de problemas;
  7. Diminui a ansiedade e o stress
  8. Aproxima você do seu cão;
  9. Facilita o manuseio em consultas veterinárias;
  10. Proporciona lazer e bem estar ao cão;

Dúvidas frequentes:

  • Quando se deve dar início aos treinamentos?

Quanto antes melhor! Se o filhotinho ainda não terminou o quadro de vacinas o treinamento deve ser feito único e exclusivamente em casa para não colocar a vida do filhote em risco, caso o filhote já tenha tomado todas as vacinas, o que acontece por volta do final do terceiro mês de vida, pode fazer aulas tanto em casa como na rua, podendo assim dar início a uma boa socialização.

  • Cães adultos podem ser adestrados?

Sim! Recomendamos o início do treinamento desde filhotes porque é uma fase em que o cérebro deles está muito aberto para receber informações, o que facilita e acelera o aprendizado, o que não significa que cães adultos não aprendam facilmente, a diferença é que o filhotinho é um papel em branco prontinho para ser pintado, enquanto o adulto já tem seus vícios, experiências e algumas vezes até mesmo alguns traumas.

  • Meu cachorro vai se tornar um robô se ele for adestrado?

Não! Adestramento não robotiza! Seu cachorro não vai mudar de personalidade porque está sendo adestrado, não vai deixar de brincar ou pedir carinho, apenas vai ficar mais fácil se comunicar com ele e os hábitos indesejáveis tendem a cessar enquanto outras qualidades irão aparecer.

  • E se meu cachorro for burro e não aprender nada?

Todos os cães são capazes de aprender, cada um no seu ritmo, uns com mais facilidade outros com menos mas todos podem aprender e alcançar bons resultados.

  • O adestramento fica para sempre?

Isso só depende de você! Se o seu cachorro encerrar os treinamentos e nunca mais praticar os comandos aprendidos, ele acaba esquecendo alguns comandos, pode ficar mais teimoso ou mais lento para atender aos comandos, mas se você introduzir estes comandos aprendidos no dia a dia do cachorro como uma rotina você estará fortalecendo os comandos e seu cachorro não esquecerá, caso você perceba que a qualidade das respostas estão caindo talvez seja interessante retomar algumas aulas. É importante fazer algumas aulas junto com o seu cão e o profissional que estará adestrando para entender um pouco mais sobre como funciona o aprendizado do cachorro, como usar os comandos, que comando deve ser usado em determinadas situações e praticar os exercícios em conjunto.

Agora que vocês já sabem um pouco mais sobre adestramento, está na hora de avaliar se o seu cãozinho já está pronto ou não para iniciar as aulas! Dê esta prova de amor á ele! Lembre-se que quanto melhor ele se comportar, quanto mais fácil ele for de se lidar mais próximos vocês irão ficar! Não espere os problemas aparecerem e todos poderão viver em harmonia e com qualidade de vida!

Quem ama educa!

 kona- foco

cachorro é membro da família

Cão: um novo membro da família atual

Alguns anos atrás, o cachorro mesmo já tendo a fama de “melhor amigo do homem” vivia no quintal das casas e fazendas e se alimentava das sobras da comida dos seus donos. Não era permitida sua entrada dentro das casas e era tratado exclusivamente como um animal que ajudava nos trabalhos nas áreas rurais, ou como cão de guarda tomando conta das propriedades. Não era tratado como hoje, como se fosse um membro da família que necessita de carinho e atenção.

Muito diferente daquela época, no mundo competitivo de hoje, as famílias estão se formando mais tarde, diminuindo de tamanho e priorizando a carreira profissional buscando uma qualidade de vida cada vez melhor.

Em busca destes objetivos o homem muitas vezes se afasta da sua família, da sua cidade e vai para longe, ficando cada vez mais sozinho e mais carente . Não acostumado a viver sozinho e lidar com o vazio e o sentimento de solidão que muitos carregam em suas vidas, vão procurar suprir de alguma forma suas necessidades e carências afetivas e é aí que entram os pets.

O cão, na maioria das vezes escolhido por ser o famoso amigo fiel, inteligente e muito amoroso, acabou saindo do quintal e passou a viver não só dentro de casa, como muitas vezes em cima da cama!

Em muitos casos ocupando ou substituindo o lugar de um membro da família, o cão passou a levar uma vida muito humanizada, sendo privado de fazer coisas naturais e instintivas de sua própria espécie e vivendo uma vida muito “fácil” e muito menos canina.

Sem sombra de dúvidas o cachorro é um excelente companheiro, e ele pode ser melhor ainda se puder ser ele mesmo, andar na terra, rolar na grama, ter contato com outros cães… ou seja levar uma vida um pouco mais natural! Roupas, sapatos, excesso de banhos, perfumes, carrinhos são com certeza uma grande ofensa ao cão! Por isso se você ama o seu cachorro, deixe que ele viva como tal.

O papel do animal de companhia na família irá depender da estrutura familiar, da força física e emocional, da fragilidade de cada membro da família, das propensões emocionais e do clima social Lantzman, 2004).

Por conta deste convívio tão estreito e emocional que estamos abordando, nota-se um crescente aumento de problemas comportamentais nos cães, tais como: ansiedade de separação, depressão, agressividade, possessividade, dentre outros.

Existem muitas formas de proporcionar qualidade de vida de uma forma saudável e natural ao seu cão. Veja algumas maneiras fáceis e acessíveis que podem ajudar o seu cãozinho ter uma vida mais feliz:

  • Não usar acessórios e produtos em excesso;
  • Não privá-lo de se sujar de vez em quando;
  • Proporcionar exercícios físicos diários;
  • Adestramento é uma excelente forma de exercício físico e mental que atua na prevenção e na resolução de problemas comportamentais;
  • Socializar e interagir com outros cães;
  • Fazer com que ele tenha algum trabalho para conseguir o que deseja, seja comida, petiscos ou passeios;

A experimentação animal e a realidade atual

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NECESSIDADE DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL?

A experimentação animal é necessária para o bem-estar e a saúde humana? A resposta para essa pergunta é não. Para explicar de uma maneira bem simples, se assim o fosse, não seria necessária a existência de medicamentos de uso veterinário e medicamentos de uso humano, e poderíamos escolher entre nos operarmos em um médico ou um veterinário. Com efeito, não haveriam diferenças entre ambas as profissões. 

Qualquer pessoa que tenha estudado biologia aprende que organismos evoluem. Evoluir significa diferenciar, derivar. Ratos e camundongos são animais parecidos, mas não idênticos; eles derivaram de um mesmo ancestral comum, cada qual com suas características. Mas uma vez que as diferenças se acumularam, duas espécies surgiram, próximas, mas diferentes. Fato é que ambos os organismos reagem de maneiras diferentes a determinadas drogas, a determinados tratamentos. Não basta sabermos que ratos pesam mais do que camundongos para corrigirmos a dose de uma droga, pois não existe qualquer linearidade que confira cientificidade a essa extrapolação. As diferenças entre espécies são qualitativas e não quantitativas.

Da mesma forma acontece com o rato em em relação ao hamsters, o hamster em relação ao porquinho-da-índia, esse em relação ao coelhos, os sapos, os pombos, cães, gatos, porcos, macacos e, é claro, o homem. Nenhum resultado que se obtenha desses animais poderá ser aplicado ao homem, porque ao contrário do que querem nos fazer acreditar, o rato não é um ser humano que pesa quinhentas vezes menos. Também, a diferença de 0,4% entre os genes do chimpanzé e do homem não tornam esse um modelo recomendável para a pesquisa de doenças humanas em 99,6% dos casos.

Animais utilizados em experimentação, para serem considerados “bons”, precisam pertencer a linhagens específicas. Eles precisam ser o mais homogêneos possível, com o mínimo de variação genética. Dessa forma, os resultados que se obtém desses experimentos são bem agrupados. Se ao invés de utilizarem animais de mesma linhagem fossem utilizados animais com diferentes procedências, ainda que pertencentes à mesma espécie, os resultados obtidos seriam inconclusivos, pois mesmo dentro de uma mesma espécie as diferenças tornam as reações aos tratamentos muito variadas. Daí pode-se entender a inconsistência da defesa da utilização de animais.

beagleA alegação mais comum para defender essas práticas é a de que seres humanos e animais domésticos são diretamente beneficiados por esses experimentos. Defende-se que, sem as pesquisas em animais, o ser humano não disporia de vacinas, transplantes, anestesias, nem das drogas que pretensamente tratam as diferentes doenças. Alarma-se para a idéia de que o fim da experimentação animal representaria o fim da humanidade. O declínio em nossa qualidade de vida, em nossa longevidade. Estas alegações são, para dizer o mínimo, enganosas.

Embora todos esses tratamentos tenham sido exaustivamente testados e aprovados em animais, todos eles se mostraram falhos em produzir efeitos promissores em seres humanos, pelo menos em um primeiro momento. Muitos deles, apesar da segurança comprovada em animais, mostraram-se prejudiciais a seres humanos, produzindo severos efeitos colaterais. E se a intenção desses experimentos era impedir que seres humanos fossem utilizados como cobaia, isso não aconteceu.

Se hoje transplantes de órgãos podem ser realizados com maior sucesso e existem vacinas um pouco mais seguras, foi porque ao longo dessas últimas décadas esses tratamentos foram testados em seres humanos, muitas vezes às custas de suas vidas e saúde. O pretenso sucesso desses tratamentos em tempos mais recentes, embora possa vir a ser contestado em outras instâncias, não pode ser atribuído ao uso de cobaias animais, mas sim ao uso de cobaias humanas.

Seres humanos morreram nos primeiros transplantes de órgãos, seres humanos sofreram severos efeitos adversos de vacinas do passado, e com base nessas tentativas e erros, a atual medicina foi construída. Não com base na experimentação animal.

Mas, se a experimentação animal não beneficia aos humanos, por que a maioria das pessoas acredita que ela é essencial? Podemos dizer que em certo sentido a ciência funciona como uma religião, onde a autoridade do alto clero jamais é contestada; assim, um doutor jamais pode ser questionado, mesmo que seja um mero reprodutor de uma idéia que ouviu. O próprio cientista muitas vezes não se questiona, o que parece um contra-senso, mas ele assume que determinados pressupostos são verdadeiros e os defende cegamente.

Em outra abordagem, a ciência é mercantilista. Ela funciona por interesses comerciais, e a experimentação animal é interessante nesse aspecto. Além de todos os equipamentos e insumos necessários para a manutenção de animais de laboratório (gaiolas, equipamentos de contenção, rações, etc) a indústria lucra com a experimentação animal.

Indústrias, como a farmacêutica, obtêm seus lucros da venda de seus produtos, no caso, medicamentos. Por isso, elas necessitam convencer a população de que seus produtos são vitais para sua qualidade de vida. Esforços são feitos para convencer as pessoas de que o aumento em nossa expectativa de vida tem relação direta com a enorme disponibilidade de drogas e tratamentos atuais. Poucos atribuem essas melhorias às nossas atuais condições de moradia, de higiene, abastecimento de água limpa, saneamento, segurança alimentar, etc, fatores estes que também passaram a preponderar nas últimas décadas.

O papel da experimentação animal

Nossa vida e bem-estar não dependem da experimentação animal. As experiências com animais apenas resguardam os interesses da indústria farmacêutica e associadas, possibilitando colocar no mercado drogas nem sempre seguras às pessoas. Experimentos em animais são conduzidos para amenizar as responsabilidades de laboratórios que lançam no mercado produtos que mais tarde poderão vir a prejudicar seres humanos.

Por exemplo, se o xampu que não deveria arder nos olhos queimou os olhos de uma menina, isso é visto como uma fatalidade; testes realizados em olhos de coelhinhos mostram que o produto é seguro. E quem pode provar que o cigarro está associado a alguma doença, quando experimentos com animais mostram resultados inconclusivos?

Após passarem por todos os testes ‘necessários’, em animais, e serem colocadas no mercado, muitas drogas precisam ser recolhidas. Isso porque seus efeitos adversos começam a se manifestar na população, muitas vezes de forma grave. Os testes em animais não podem prever esses efeitos, e isso é de conhecimento da indústria, mas há uma necessidade de que eles sejam conduzidos para prevenir a indústria de futuros processos.

Se todos os testes considerados necessários pela legislação forem realizados em animais a indústria se isenta de sua responsabilidade. As pessoas que vierem a falecer em decorrência do uso de um medicamento tornam-se fatalidades. Números aceitáveis frente aos possíveis benefícios do medicamento.

A ciência que utiliza animais de laboratório não é uma ciência boa, não apenas porque vitima animais inocentes, mas porque os resultados que produz prejudicam também ao ser humano. Esta metodologia conduz ao erro, ao atraso, a dados errôneos, à má-interpretação, à incoerência e ao desperdício de vidas. A abolição da vivissecção não é algo para ser pensado para o futuro, ela deveria ser algo do passado, é urgente. A utilização de animais em experimentos é um erro que se propagou na ciência e que ainda não foi suficientemente questionado. Cabe à sociedade como um todo se mobilizar no sentido de extingui-la.

Sérgio Greif 

 

perfil greif

Sérgio Greif é Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela mesma universidade, docente da MBA em Gestão Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais. Co-autor do livro “A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo” e autor de “Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável”, além de diversos artigos e ensaios referentes à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza palestras nesse mesmo tema. Membro fundador da Sociedade Vegana.

 

Fonte: Olhar Animal