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Revista In – Vida de Pet

Matéria publicada na Revista In, edição de Março 2013 – contém partes da entrevista concedida por Helena Truksa sobre Comportamento Animal. Para ler outras matérias, clique em Imprensa

Conheça a linha do tempo dos bichinhos e saiba quais as necessidades para cada fase

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O período em que os animais são filhotes é sempre lembrado com muito carinho pelos donos, que consideram uma das etapas mais ‘fofas’, cheia de novas experiências, além de muitas descobertas em relação ao novo morador da casa.

O veterinário e proprietário da Clínica Veterinária Tatuapé, Rodrigo Lamas Lopes, explica que o ideal é o animal deixar a mãe a partir dos 45 dias de vida, pois nesta fase ele pode receber uma dose de vacina múltipla e já passou pelo período de socialização, mostrando um pouco de seu comportamento e personalidade. “Neste período também já está se alimentando com ração sólida, facilitando para o futuro dono”, diz.

Se o animal for separado da mãe antes do período indicado, ele pode apresentar problemas de socialização, dificuldades para relacionar-se com outros cães ou mesmo seres humanos ou quando precisar se reproduzir e pode se tornar mais medroso, fator causado também por uma separação precoce ou com muitos estímulos negativos.

Pequenos peraltas

Após a chegada ao novo lar, é comum nos deparamos com a fase em que o bicho quer morder tudo que vê pela frente. Lopes atribui o problema a erupção dos dentes. “Alguns casos podem estar relacionados com o estresse ou a falta de atividade física, por isso acabam descarregando sua energia nos objetos da casa. Os cães não distinguem seus brinquedos dos nossos utensílios, por isso é necessário diminuir o acesso deles aos locais onde estão os móveis e deixar claro quais são os seus itens. Estes devem ser bem diferentes dos nossos e é importante que eles tenham poucas opções para diminuir a confusão”, ensina.

Bronca resolve?

Engana-se quem acha que punição é sempre a melhor solução, pois eles não entendem porque estão sendo castigados. “Por isso a melhor técnica é desviar a sua atenção para algo aceitável, isolando-os em um ambiente apenas com seus brinquedos. Pode-se utilizar também produtos que deixam os objetos com gosto ruim, para inibir as mordidas. O importante é descobrir o fator desencadeante do problema e minimizá-lo, por exemplo, dando mais atenção, brincando ou fazendo exercícios”, indica o especialista.Quanto ao período de castração, Lopes orienta fazer antes do primeiro ‘cio’ (período fértil) da cadela. Para os machos, a principal indicação é a de inibir comportamentos indesejáveis como urinar pela casa, comportamento sexual com objetos ou as pernas das pessoas e diminuir a agressividade.

Como cuidar do seu cãozinho

Filhote – de 0 a 1 ano

Nesta etapa, dê muito carinho e atenção ao animal, aliados a uma dieta de qualidade e balanceada.

Fase Adulto – De 1 a 9 anos
Para conseguir bons resultados com o seu amigão, é preciso primeiramente paciência e nunca utilizar métodos agressivos.

Para conseguir bons resultados com o seu amigão, é preciso primeiramente paciência e nunca utilizar métodos agressivos.

Fase Sênior – Acima de 9 anos
O idoso necessita de cuidados especiais, como uma alimentação adequada e atividade física, além de visitas periódicas ao veterinário, que pode solicitar exames como hemograma, funções renais, hepáticas, mensuração da glicose, colesterol, triglicérides e lactato, que podem revelar as condições de saúde do paciente.

Confira o Calendário de Vacinação do seu pet

Eles cresceram

Cães adultos precisam de uma ração específica para o seu desenvolvimento

A pós toda a turbulência à adaptação com os novos donos e o ambiente, eis que chega uma fase mais serena e madura: a adulta. De acordo com o veterinário da Clínica Valdemar Pereira do Nascimento, Ricardo I. F. Schimidt, um cão adulto necessita de uma ração de qualidade, que supra suas necessidades.

O especialista destaca que já existem rações específicas para diversas raças, o que facilita na hora do proprietário escolher produtos de qualidade. “Outra questão importante são as vacinas anuais. Algumas delas são obrigatórias, como a V10+raiva, pois previnem doenças fatais. Além disso, eles devem visitar o veterinário pelo menos uma vez ao ano”, orienta.

Após os nove anos, os cuidados devem ser redobrados, bem como a visita ao veterinário para realizar exames. “A melhor escolha é a medicina preventiva, que pode evitar o aparecimento de doenças”.

Qualidade de vida

O especialista ressalta que é preciso evitar a ‘humanização’. “Por mais que a gente ame os cães, o ideal é que o animal não perca seus instintos e entre em contato com outros animais, assim que possível, após a vacinação”.Outra necessidade são os passeios diários, que farão o cão se exercitar e sentir ‘cheiros diferentes’ do que está acostumado, estimulando-o a ter novas experiências, “além do principal, que é dar muito amor e carinho em qualquer fase da vida”, completa.

A queridinha do lar

A enfermeira e moradora do bairro do Tatuapé, Eneida Sanchez Nonato, conta que Duda, 6, da raça Pastor de Shetland, chegou ainda filhote ao convívio do lar. “Acompanhamos a gravidez da mãe e queríamos muito um animal de estimação. Fizemos uma pesquisa para conseguir uma raça tranquila, que se desse bem com crianças, idosos e até mesmo com outros cães”, diz.

Eneida e a cachorrinha Duda posam para a fotógrafa
Richele Santino Barbosa com trajes engraçados

Os filhotes nasceram um pouco depois do Carnaval e o filho de Eneida escolheu de presente a cadela que tinha uma pintinha no dorso. “Meu filho pegava ela no colo, enencostava no ombro, e até hoje ela é apaixonada por ele”, relata a mãe. No início, na fase de filhote, a família ficou preocupada se ela não iria destruir os móveis, chinelos… como é típico da maioria dos cães, porém a cachorrinha se comportou muito bem e apenas com um ‘não’ bastante enfático, entendia o comando e deixava a bagunça de lado. “Duda adora brincar, só nos trouxe alegria. Ela é um doce. A única coisa que dá mais trabalho são seus pelos, que caem com frequência, ou seja, tem que escovar todos os dias ou um dia sim e outro não”, pontua.

A charmosa Poodle Micro Toy Shakira, 3, também é a queridinha da casa de Débora Pozeli, que mora no Tatuapé. “Eles são muito companheiros, é um amor incondicional. O Poodle é muito inteligente e adora crianças. Quando você tem o bichinho, é preciso cuidar com vacinas, vermífugo, castração, limpeza dos dentes e banho toda a semana”, diz.

Personalidade forte

Débora conta que Shakira não gosta de ficar sozinha, por isso os passeios são importantes. “Eles se adaptam a qualquer lugar, basta estarem com os donos. Eles amam e cuidam da gente, e é uma grande alegria quando alguém da família chega em casa, ela já fica perto da porta assim que o elevador abre, sabendo que a pessoa chegará. O Poodle tem uma personalidade forte, se você sair e dizer que ele não pode ir, quando voltar vai encontrar um xixi no lugar errado”, diverte-se.

Segundo a bióloga e terapeuta comportamental Helena Truksa, os períodos extremos do ciclo de vida dos animais costumam ser os mais difíceis. “Tanto quando é filhote quanto na fase senil, o animal tem suas limitações, seja por estar aprendendo a lidar com o mundo ou por consequências da idade avançada. De qualquer modo, cabe ao humano responsável zelar por sua qualidade de vida, não importando o momento de vida em que ele estiver e independente de quão trabalhoso isso possa ser”.

Skakira não perdeu a pose na sessão de fotos contratada
pela sua dona Débora, que optou pelo serviço de Richele,
fotógrafa especializada em pets

 

O melhor amigo

Para os interessados em adquirir um animal de estimação, Schimidt elaborou dois grupos, um que pode viver em locais pequenos, como apartamentos, e aqueles que necessitam de lugares maiores, como casas, sítios e chácaras. Confira:Apartamentos: Lhasa Apso, Buldogue Francês, Buldogue Inglês, Boston Terrier, Pug, Poodle Toy, Shih Tzu, Yorkshire Terrier, Maltês, Pinscher, Pastor de Shetland e Spitz Alemão.Lugares maiores: Labrador, Golden, Border Collie, Pastor Alemão, Dogue Alemão, Collie, Mastim Napolitano, Fila Brasileiro, Mastiff Inglês, São Bernardo e Dálmata.

O veterinário Schimidt cuidando de um de seus pacientes

Boa educação

Segundo Helena Truksa, quem busca um equilíbrio no relacionamento com os cães deve aprender a se comunicar de modo simples e objetivo, respeitando suas necessidades enquanto espécie. “Isto significa tratar o cachorro como cão e não vê-lo como um ser humano, um bebê ou um bicho de pelúcia. Os animais têm necessidades de exercício físico regular, assim como precisam saber quais são os limites e regras a serem seguidos em casa. A sequência ‘Exercícios, Disciplina, Limites e Regras’ deve ser criteriosamente respeitada no dia-a-dia, para somente então dar carinho e afeto. Quando as pessoas invertem esta ordem e dão prioridade ao carinho e amor e os aplicam em doses maciças aos animais, e se esquecem ou não dão o devido valor aos exercícios e à disciplina, estão  construindo problemas comportamentais futuros”, relata.Helena comenta que é mais fácil quando são filhotes, pois os comportamentos ainda não estão condicionados. “Mas em qualquer idade é possível obter resultados ótimos no processo de modificação comportamental, desde que não haja problemas orgânicos, clinicamente comprovados, que impeçam o animal de aprender. E o mais importante: não espere que seu animal pense, aja ou sinta como um ser humano e respeite-o como animal. Deste modo, haverá equilíbrio e harmonia no dia-a-dia, ele será mais feliz e saudável e amará seu dono ainda mais”, completa.

“Não espere que seu animal pense, aja ou sinta
as coisas como um ser humano e respeite-o como
animal”, adverte Helena Truksa – terapeuta comportamental

Comportamento felino

Em relação aos gatos tudo é diferente. É o que afirma o veterinário Schimidt. “Os gatos são considerados adultos por volta de 10 meses e idosos a partir de nove anos. Existem diversas rações que suprem as necessidades destes animais para cada fase da vida adulta. Os gatos comem diversas vezes ao dia, desta maneira o ideal é deixar o alimento e a água o dia todo à disposição”, alega.

Ainda segundo o especialista, eles adoram beber água corrente, podendo ser através da instalação de uma fonte pequena. “Os gatos adultos também necessitam anualmente de vacinas como a quádrupla felina+raiva”, complementa Schimidt. Pelo menos uma vez ao ano eles devem passar em consulta com um veterinário e após os nove anos de idade, é necessário realizar exames para verificar a saúde dos animais.

Na parte de comportamento, Helena explica que os gatos podem ser tão carinhosos e afetuosos quanto os cães, mas, como em outras espécies, têm suas características próprias. “Eles necessitam de desafios mentais diários para que não fiquem entediados e frustrados, o que pode levar a maus comportamentos, como vocalização excessiva (miados em demasia), arranhadura de móveis e estofados e urina em local inapropriado. Para reduzir as possibilidades de deixar seu bichano frustrado, deixe ao seu alcance brinquedos que estimulem o instinto de caça e aqueles com aromas específicos estimulantes (por exemplo pelúcias contendo catnip).

Dog Walker

Para quem trabalha o dia todo e não consegue levar o cão para passear, o serviço de passeadores ou dog walker pode ajudar. “Entre os benefícios da caminhada está o favorecimento da condição muscular, cardiorrespiratória e mental, e é fundamental para a socialização com as pessoas e outros animais”, relata a proprietária da Cão a Pé, Ana Paula Souza Gomes. Os passeios duram em média 50 minutos. “Existe também uma adequação da caminhada, de acordo com o tipo físico e a idade do cão”, afirma. O custo, varia, em média de R$ 11,50 a R$ 13,50 por passeio.

A melhor idade

Conheça os cuidados especiais para cães e gatos idosos

A Terceira Idade também ‘bate a porta’ dos nossos amigos de quatro patas. O diretor do setor de cirurgia do Hospital Veterinário Vet Popular, Luiz Cesar Moretti, alerta que quando estes animais entram na fase geriátrica, requerem cuidados desde a alimentação até a atividade física. “Hoje, no mercado existe uma grande variedade de rações específicas para o público idoso, muitas especialmente formuladas com nutrientes que favorecem a saúde dos ossos e articulações, outras limitam o depósito de placa dentária, ou até mesmo ajudam a manter a digestibilidade e contribuem para a saúde da pele. Vale lembrar que alguns idosos necessitam de rações ainda mais específicas, como é o caso daqueles com problemas renais, cardíacos, hepáticos, diabéticos ou até mesmo obesos”, informa.

Além disso, os exames acabam virando rotina para o cão ou gato idoso, como hemograma, funções renais, hepáticas, mensuração da glicose, colesterol, triglicérides e lactato, “que podem revelar muito sobre a saúde do paciente”.

Fase delicada

A especialista em comportamento, Helena, indica que na fase senil alguns comportamentos sofrem alterações. “Estes animais podem dormir mais, apresentar-se amedrontados mesmo diante de situações já conhecidas e que não causavam medo, podem ficar ‘carentes’ e solicitar mais atenção e começar a ‘esquecer’ coisas que haviam aprendido. Deve-se respeitar acima de tudo a idade avançada e suas consequências, sendo o dono paciente e solícito, zelando pela qualidade de vida de seu bichinho que lhe fez companhia e lhe dedicou todos os anos de sua vida. Lembremo-nos de que a idade chega para todos”, destaca.

Do começo ao fim

A veterinária da clínica Pet Star, Marcela Prado, explica que em cada fase o animal demanda cuidados específicos. “Com os filhotes, normalmente prioriza-se a vermifugação e inicia-se a caderneta de vacinação. Antes disso, ele não pode sair à rua, ter contato com outras cães e precisa de uma ração específica, já que necessita de mais proteína para o crescimento”, diz.O animal cresce e suas necessidades mudam, assim como acontece com os seres humanos. “Para os adultos, evite dar petiscos, mantenha uma rotina de exercício físico de pelo menos 30 minutos, e dependendo do porte do cão, pode chegar a uma hora. Lembrando que devem sair em horários que não fiquem expostos ao Sol, já que eles têm que colocar as patas no chão”, orienta.Já para os idosos, a recomendação mais específica é sobre a troca de ração. “Existem várias linhas disponíveis que oferecem nutrientes específicos para esta etapa. É necessário também um acompanhamento com o veterinário, pois grande parte deles acabam acometidos por insuficiência renal, problemas hepáticos e Piometra, uma infecção uterina que acomete as fêmeas e, se não tratada, pode levar a óbito”, esclarece.

Entre miados

Os gatos precisam de atenção dos proprietários nas ruas, pois podem contrair doenças ou mesmo sofrer um acidente. “Não é recomendado deixá-los passear sozinhos. Outra questão é que eles têm uma maior predisposição a insuficiência hepática, então, na fase senil é importante visitar o veterinário com frequência e verificar se eles estão bebendo água, pois têm mais dificuldade em ingerir o líquido se ele não estiver limpo”, alega.Ter um animal de estimação demanda cuidados e atenção. Ao adotar ou adquirir o seu, lembre-se que ele é um ser vivo que dependerá de você e as suas escolhas irão interferir em sua qualidade de vida.

LINHA DO TEMPO

De 0 a 1 ano
– Do nascimento até os 15 dias de vida é totalmente dependente da mãe, não controla a temperatura corporal, nem é capaz de urinar e defecar sem ajuda, não se locomove bem, nem escuta ou enxerga.

– Por volta do 10º ao 14º dia começam a abrir os olhos e ouvidos (são fechados, assim como as pálpebras). A dentição pode variar, dependendo da raça, sexo, nutrição, tamanho corporal, mas varia de 2 a 4 semanas de vida.

Filhote
– Entre 14 e 21 dias se inicia um período de transição, em que ele percebe mais o ambiente, mas suas habilidades motoras estão mal desenvolvidas. Com 3 a 4 semanas começa o período de socialização e maior desenvolvimento motor, interação alegre, brigas com irmãos, mordidas e rosnados.

– A socialização acontece entre 3 e 12 semanas. É preciso contato com outros animais, cães ou gatos e seres humanos, incluindo crianças. É uma fase de fácil aprendizado e já se deve ensinar algumas lições. Experiências negativas podem dessocializar o animal, tornando-o medroso ou antissocial, às vezes agressivo.

Invista em uma ração de qualidade. Faça o esquema vacinal de filhotes completo, vermifugação trimestral ou semestral (conforme indicação do especialista), cuidados com pulgas e carrapatos e consultas periódicas ao veterinário.

De 1 a 9 anos
– Um cão adulto pode ser adestrado, porém por ter a personalidade formada, será um pouco mais trabalhoso. Quando está com o ciclo de vacinas completo, o proprietário já pode procurar um profissional especializado.

– O ideal é o animal passear pelo menos uma vez ao dia. Ele necessita gastar calorias pois, desta forma, vai evitar a Obesidade e outras doenças relacionadas com o excesso de gordura.

Adulto
A raça é apenas uma ‘roupa’ que o cão veste e que modifica algumas de suas características, mas sem sobrepor aquelas que são básicas da espécie. Ou seja, cachorro é cachorro, não importa a raça. A questão de ser ou não sociável depende basicamente de como ele é exposto a outros cães e animais enquanto filhote.

Acima de 9 anos
A alimentação, nessa fase, visa diminuir o ritmo ou impedir a progressão de mudanças metabólicas persistentes na idade, visando uma boa qualidade de vida.

É difícil saber quanto tempo viverá o animal mas, hoje em dia, está mais fácil proporcionar uma velhice com qualidade. Exercícios físicos periódicos e leves, uma boa alimentação, visitas ao veterinário e é claro, muito amor, podem ajudar na saúde do seu amigo.

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