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Autor: Helena Truksa

arrependimento em ratos experimento comportamento animal

Ratos demonstram sentir arrependimento sobre más decisões

 

Ratos demonstram sentir arrependimento quando suas ações os fazem perder melhores opções de comida, revela estudo.

É a primeira vez que o “arrependimento” é identificado em mamíferos não humanos.

Os pesquisadores criaram situações onde ratos deveriam escolher quando esperar um determinado período de tempo para receber uma recompensa de comida, ou então mover-se para outra.

Aqueles que se moveram e descobriram que a próxima oferta era ainda pior demonstraram comportamento de arrependimento.

O estudo foi conduzido por neurocientistas da Universidade de Minnesota, USA; suas descobertas foram publicadas na revista científica Nature Neuroscience.

Isto sugere que pensamentos similares ao arrependimento podem afetar as futuras decisões que os roedores fazem e refuta a crença de que o arrependimento é exclusivo dos humanos.

O professor David Redish, da equipe científica americana, disse que é importante diferenciar “arrependimento” de “desapontamento”.

“Arrpendimento é o reconhecimento de que você cometeu um erro, que se você tivesse feito algo mais teria se saido melhor”, ele diz.

“A parte mais difícil é que temos que separar desapontamento, que é quando as coisas não saem tão bem quanto o esperado. A chave foi deixar que os ratos escolhessem.”

Eles desenvolveram uma tarefa chamada Fila do Restaurante, na qual os ratos decidiam quanto tempo deveriam esperar para diferentes tipos de comida, durante uma sessão de 60 minutos.

“É como esperar em uma fila no restaurante,” professor Redish diz. “Se a fila está longa demais no restaurante Chinês, então você desiste e vai ao Indiano do outro lado da rua.”

Tradução: Helena Truksa

fonte: http://richarddawkins.net/2014/06/rats-shown-to-feel-regret-over-bad-decisions/

video jack russell terrier busca bola ethos animal adestramento de cães

Video Jack Russel terrier brinca sozinho de buscar a bola

Você já pensou se seu cão pudesse se divertir sozinho brincando de jogar bola??

No video abaixo, um simpático Jack Russel nos mostra como isto é possível!

Assita: Video Jack Russel terrier brinca sozinho de buscar a bola

E você? Acha que seu cachorro também poderia fazer algo assim? Compartilhe conosco suas ideias deixando um comentário logo abaixo!

 

video gato salva criança de ataque cachorro ethos animal

Video incrível: Gato salva criança de ataque de cão

No começo da semana, um valente gato salva criança de um violento ataque canino.

O fato ocorreu nos Estados Unidos, e está sendo divulgado em diversos países do mundo, por ser bastante impressionante, já que o mais comum é observar o cão defendendo uma pessoa e não um gato.

O video abaixo foi captado através de uma câmera de segurança da casa, e veiculado pela rede CNN de televisão. A emissora americana é uma das mais importantes dos Estados Unidos.

Acompanhe os movimentos do gato e verifique que ele claramente pula com as patas no cão enquanto o cachorro morde a criança.

Assim que o cão abandona o ataque e foge, o felino passa a perseguir o cachorro até que este esteja longe o suficiente. Quanto o gato cessa a perseguição, o mesmo retorna para próximo da criança.

Podemos formular algumas questões  sobre comportamento animal a partir da análise da cena:

  1. O comportamento apresentado pelo cachorro é predatório ou defensivo?
  2. Supondo-se que o comportamento agressivo do cão seja defensivo, seria defesa terrirorial ou por medo do objeto ou do ser que produz sons estranhos (bicicleta ou criança)?
  3. O cão pretendia agredir a criança propriamente dita ou a bicicleta em que ela estava andando?
  4. O gato reagiu desta forma (salva criança) intencionalmente para proteger a criança ou seu território?

Estas são apenas algumas das questões comportamentais que podem surgir a partir da observação e análise desde pequeno video.

E você? Saberia responder alguma destas questões? Conte para nós o que você acha desta cena, deixando seu comentário abaixo!

Pensamento canino é traduzido por aparelho desenvolvido por cientistas

Finalmente o pensamento canino será traduzido em linguagem facilmente compreensível aos humanos? Estamos diante de um filme de ficção científica ou será a realidade da tecnologia e da ciência do século 21?

O que se sabe é que os protótipos estão sendo desenvolvidos e parece haver uma grande possibilidade de se tornar acessível aos donos de cães por todo o mundo.

Muitos sonham com o dia em que os animais vão poder falar com seus donos. Se depender de um grupo de cientistas escandinavos, essa fantasia pode se tornar realidade. A equipe está desenvolvendo um fone de ouvido capaz de traduzir o pensamento canino para a fala humana.

A Sociedade Nórdica para Invenção e Descobrimento está aperfeiçoando um modelo do No More Woof (algo como ‘adeus latido’, em tradução livre). O dispositivo será capaz de escanear padrões cerebrais caninos e traduzir seus pensamentos para a fala humana usando frases curtas por meio de um alto-falante.

Frases como “estou com fome”, “estou entediado” ou “estou curioso para saber quem está na porta” serão programadas com antecedência para o aparelho e então transmitidas pelo alto-falante .

pensamento de cães traduzido por aparelhoO dispositivo usará uma combinação de sensoriamento por eletroencefalografia, microinformática e um software especial que fará a conexão entre o cérebro e o aparelho.

O No More Woof pretende iniciar uma nova era da comunicação entre humanos e cães ou até animais em geral. O software também deve ter diferentes vozes para que o dono possa selecionar a que mais combina com seu pet.

pensamento canino traduzido por aparelhoO dispositivo é semelhante à coleira usada pelo cachorro Dug no filme Up! Altas Aventuras, de 2009. Na animação, o cãozinho também era capaz de se comunicar com os humanos. O fone de ouvido vai usar sensores para detectar sinais elétricos no cérebro dos cães e, em seguida, analisá-los para determinar se representam sonolência, fome, raiva ou tédio.

Muitas pesquisas ainda serão feitas antes de vermos o No More Woof no mercado. Entretanto, já existem versões disponíveis para pré-venda no site IndieGogo.

Por enquanto, o preço para saber o que se passa pela cabeça do seu cão varia entre R$ 700 e R$ 2.815. Muitos sonham com o dia em que os animais vão poder falar com seus donos. Se depender de um grupo de cientistas escandinavos, essa fantasia pode se tornar realidade. A equipe está desenvolvendo um fone de ouvido capaz de traduzir pensamentos caninos para a fala humana.

prototipo do aparelho no more woof

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Truques de adestramento de cães Jesse the Jack

Truques de adestramento que todo cão deveria conhecer. Muito úteis!

Vamos ao momento de descontração da Ethos Animal.

Podemos treinar animais a executar truques de adestramento como estes do video, através de estímulos positivos e agradáveis, sempre recompensando adequadamente o animal pelo bom desempenho e com uma sólida construção de base na relação humano-animal.

Isto quer dizer que o amigo peludo que você tem aí em casa pode se tornar um super cão! Afinal, todos temos as ferramentas adequadas ao treinamento de truques de adestramento como estes e muitos mais. Basta apenas o bom senso, a boa vontade, algum tempo disponível, paciência e persistência. Tudo isso aliado a alguns conceitos e técnicas básicas de treinamento de cães que você pode aprender aqui com a equipe da Ethos Animal, nos cursos de adestramento que oferecemos.

Caso tenha interesse em participar de aulas de adestramento de cães em grupo, na cidade de São Paulo, oferecemos o mini curso CivilizaCão.

Veja abaixo o incrível video da colega Heather Brook (do site Just Jesse the Jack), que treinou truques de adestramento com seu Jack Russel Terrier:

 

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Cheiro do dono funciona como recompensa para o cão

cheiro do dono é recompensa para o cão

Estudo foi feito com 12 cães de raças diferentes e revela que o cheiro do dono pode funcionar como recompensa para o cão.

Se, quando você chega, seu cão fica todo feliz e começa a abanar o rabo, é porque, provavelmente, gosta do seu cheiro. O odor do dono funciona como um perfume no cérebro do animal, o que provoca uma resposta emocional instintiva, segundo pesquisa feita por cientistas da Universidade de Emory, em Atlanta, EUA. As informações são do Daily Mail.

O cheiro age sobre uma parte do cérebro canino associada à recompensa para o cão. “Embora esperemos que os cães sejam altamente sintonizados com o cheiro de outros cães, parece que a ‘resposta de recompensa’ é reservada para os seres humanos”, disse o pesquisador Gregory Berns.

Quando os seres humanos sentem o perfume de alguém que amam, podem ter uma reação imediata, emocional, que não é necessariamente cognitiva. O mesmo processo acontece com os cães, disse Berns. No entanto, como o olfato é um sentido mais forte nos animaizinhos, a reação também é. As respostas cerebrais dos cachorros acontecem até mesmo quando os donos não estão presentes, de acordo com o estudo.

A pesquisa envolveu 12 cães de raças diferentes que foram expostos a aromas enquanto tiveram as reações cerebrais examinadas. As amostras de perfume foram colhidas dos próprios donos, de estranhos e de outros cachorros, e apresentadas sem a presença física dos humanos ou animais. Todos os aromas produziram respostas similares nos cérebros caninos, e as reações foram mais fortes com os aromas de pessoas familiares. O cheiro de cães familiares ficaram em segundo lugar.

Socialização de Cães Terapeutas da Ong Patas Therapeutas

Para desenvolver um bom trabalho de assistência, os Cães Terapeutas necessitam participar juntamente com seus donos (voluntários humanos) das sessões mensais de Socialização de Cães promovidas pela Ong Patas Therapeutas em parceria com a Ethos Animal.

Nestas sessões, a Especialista em Comportamento Animal, Helena Truksa, auxilia os voluntários a aumentar o vínculo emocional e social com seus animais, melhorando a parceria humano-cão através da adequada aplicação de exercícios de adestramento básico de obediência e noções de Psicologia Canina.

Abaixo, fotos da Socialização de Cães do mês de Março de 2014, realizada na Praça localizada na Rua Canumã, 179, no dia 22/03/2014.

Se você tem interesse em participar voluntariamente com ou sem animal das sessões de Atividades e Terapias Assistidas por Animais, visite o site da Ong Patas Therapeutas ou envie-nos um e-mail solicitando mais informações: contato@ethosanimal.com.br

os cães sonham

Será que os cães sonham?

Provavelmente já lhe aconteceu ver o seu cão descansado a dormir e, de repente, começar a latir ou a ganir e as suas pernas começarem a tremer… Será que ele estava sonhando?

Muitos cientistas dizem haver provas para apoiar esta ideia de que os cães sonham, realmente.  Durante várias pesquisas, os cientistas através de um Eletroencefalograma (EEG) observaram as ondas cerebrais dos cães enquanto dormiam, e acabaram por descobrir que quando se tratam de padrões de sono e atividade das ondas cerebrais, os cães são similares aos seres humanos.

Tal como nós, os cães entram num estágio de sono profundo durante o qual a respiração se torna irregular, acompanhada por movimentos rápidos dos olhos (REM). É durante o sono REM que ocorre o sonho e, muitas vezes, movimentos involuntários ocorrem tais como: movimentação das pernas como se estivessem a correr; respiração ofegante; ganidos, prender a respiração por breves períodos, entre muitos outros movimentos e/ou sons que possa ter achado estranhos.

Nem todos os cães reagem da mesma forma ao sonho. Várias pesquisas dizem que os cães de pequeno porte podem sonhar em cada 10 minutos, enquanto um cão de grande porte, um Golden Retrevier, por exemplo, pode só sonhar a cada 90 minutos. Outro fator importante é que os cachorros têm mais tendência para experienciar o sonho, o que acontece, muito provavelmente, por estarem em constante processamento de novas informações e novas experiências a cada dia que passa.

E afinal, sobre o que sonham os cães? Como nunca tivemos o prazer de saber pelos próprios que sonhos tiveram, só nos resta “adivinhar”. O mais provável é que os cães sonhem da mesma forma que os seres humanos, ou seja, revivam as atividades do seu dia-a-dia, como perseguir outros animais, brincar ou comer.

E se alguma vez tiver vontade de acordar o seu cão enquanto ele estiver dormindo e provavelmente sonhando, tente resistir: não o acorde. É que tal como os seres humanos, os cães também precisam de um sono sem interrupções para ter uma atividade mental saudável.

Os animais são conscientes e devem ser tratados como tal

Cérebro caninoRecentemente, a comunidade científica assumiu publicamente a existência de consciência nos animais.

Leia abaixo um interessante e emocionante texto redigido por Mark Bekoff, acerca da Declaração de Cambridge sobre a Consciência.

Mark Bekoff é Professor Emérito de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Ele escreveu diversos ensaios e livros sobre emoções em animais, consciência animal e proteção animal.

Tradução: Helena Truksa.

***

 

Agora que os cientistas deliberadamente declararam que os mamíferos, aves e muitos outros animais são conscientes, é tempo da sociedade agir.

Os animais SÃO conscientes? Esta questão tem uma longa e venerável história.

Charles Darwin formulou esta questão quando ponderava sobre a evolução da consciência. As ideias dele sobre a continuidade evolucionária – as diferenças entre as espécies são diferenças em grau ao invés de tipo – levam a uma conclusão firme de que se nós temos algo, “eles” (outros animais) também devem tê-lo.

Em Julho de 2012, a questão foi discutida em detalhes por um grupo de cientistas reunidos na Universidade de Cambridge para a Primeira Conferência Anual do Memorial Francis Crick. Crick, co-descobridor do DNA, dispendeu a parte mais atual de sua carreira estudando a consciência e, em 1994, publicou um livro sobre ela, A Hipótese Surpreendente: a busca científica pela alma.

O ponto alto do encontro foi a Declaração de Cambridge sobre a Consciência, que foi publicamente proclamada por três eminentes neurocientistas, David Edelman do Instituto de Neurociências em La Jolla, California, Philip Low da Universidade de Stanford, e Christof Koch do Instituto de Tecnologia da California.

A declaração conclui que “animais não humanos possuem os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados de consciência, juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais. Consequentemente, o peso da evidência indica que os humanos não são os únicos a possuir substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e aves, e muitas outras criaturas, incluindo polvos, também possuem estes substratos neurológicos.”

Minha primeira impressão desta declaração foi de incredulidade. Nós realmente precisamos desta afirmação do óbvio? Muitos outros renomados pesquisadores chegaram à mesma conclusão anos atrás.

A declaração também contém algumas omissões. Todos os assinantes, exceto um, são pesquisadores de laboratório; a declaração deveria ter se beneficiado de perspectivas de pesquisadores que efetuaram estudos de longa duração com animais selvagens, inclusive primatas não humanos, carnívoros sociais, cetáceos, roedores e aves.

Também me desapontou que a declaração não incluiu peixes, pois a evidência de suporte da consciência neste grupo de vertebrados também é convincente.

Apesar disso, devemos aplaudí-los por ter feito isso. A declaração não é destinada a cientistas: como seu autor, Low, disse anteriormente à declaração: “Nós chegamos a um consenso de que agora talvez seja o momento para dar uma satisfação ao público… Pode ser óbvio para todos nesta sala que os animais têm consciência; não é óbvio para o resto do mundo.”

A questão importante agora é: esta declaração fará alguma diferença? O que estes cientistas e outros irão fazer agora que concordam que a consciência está espalhada pelo reino animal?

Espero que a declaração seja utilizada para proteger animais de serem tratados de forma abusiva e desumana. Muitas vezes, parece que o conhecimento científico sobre cognição animal, emoções e consciência não são reconhecidas pelas leis de proteção animal. Nós sabemos, por exemplo, que ratos, camundongos e galinhas demonstram empatia, mas este conhecimento não tem sido incluído no Ato Federal de Bem Estar Animal dos Estados Unidos. Cerca de 25 milhões destes animais, inclusive peixes, são utilizados em pesquisas invasivas todos os anos. Eles contabilizam mais de 95% dos animais utilizados em pesquisas nos USA.

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Fico constantemente impressionado que aqueles que decidem as regulamentações do uso animal ignoram estes dados. Nem toda legislação ignora a ciência.  O Tratado de Lisboa da União Européia, que teve início em 1 de Dezembro de 2009, reconhece que os animais são seres sencientes e convoca os estados-membros a “prestar toda a atenção aos requerimentos do bem-estar dos animais” na agricultura, pesqueiros, transporte, pesquisa e desenvolvimento e políticas espaciais.

Ainda existem céticos científicos acerca da consciência animal. Em seu livro, Crick escreveu “é sentimental idealizar os animais” e que para muitos animais a vida em cativeiro é melhor, mais longa e menos brutal que a vida selvagem.

Pontos de vista similares ainda prevalecem em alguns lugares. Em seu livro recente “Por que os Animais Importam: Consciência Animal, Bem-estar Animal, e bem-estar Humano”, Marian Stamp Dawkins da Universidade de Oxford, afirma que nós ainda realmente não sabemos se outros animais são conscientes e que deveríamos “permanecer céticos e agonísticos… Militantemente agonísticos se necessário.”

Dawkins inexplicavelmente ignora os dados que aqueles no encontro utilizaram para formular suas declarações, e vai ainda mais longe, declarando que é até mesmo prejudicial para os animais basear as decisões de bem-estar no fato de serem conscientes.

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Considero isso irresponsável. Aqueles que escolhem ferir animais podem facilmente usar o posicionamento de Dawkins para justificar suas ações. Talvez com as conclusões da reunião de Cambridge, aquilo que chamo de “A Ideia Perigosa de Dawkins” será finalmente arquivada. Não vejo como alguém que se mantém a par da literatura sobre sofrimento animal, senciência e consciência – e tem trabalhado de perto com grande variedade de animais – poderia permanecer cética e agonística acerca deles serem conscientes.

Vamos aplaudir a Declaração de Cambridge sobre a Consciência e trabalhar duro para dar aos animais a proteção que eles necessitam e merecem. E esperemos que a declaração não seja simplesmente um gesto de arrogância, mas, ao contrário, seja algo consistente, algo que leve à ação. Todos nós deveríamos nos valer desta oportunidade para cessar o abuso de milhões e milhões de animais conscientes em nome da ciência, educação, alimentação, vestuário e entretenimento. Nós devemos isto a eles, utilizar o que sabemos em seu nome e elevar o fator compaixão e empatia ao tratamento que lhes damos.

Mark Bekoff

A experimentação animal e a realidade atual

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NECESSIDADE DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL?

A experimentação animal é necessária para o bem-estar e a saúde humana? A resposta para essa pergunta é não. Para explicar de uma maneira bem simples, se assim o fosse, não seria necessária a existência de medicamentos de uso veterinário e medicamentos de uso humano, e poderíamos escolher entre nos operarmos em um médico ou um veterinário. Com efeito, não haveriam diferenças entre ambas as profissões. 

Qualquer pessoa que tenha estudado biologia aprende que organismos evoluem. Evoluir significa diferenciar, derivar. Ratos e camundongos são animais parecidos, mas não idênticos; eles derivaram de um mesmo ancestral comum, cada qual com suas características. Mas uma vez que as diferenças se acumularam, duas espécies surgiram, próximas, mas diferentes. Fato é que ambos os organismos reagem de maneiras diferentes a determinadas drogas, a determinados tratamentos. Não basta sabermos que ratos pesam mais do que camundongos para corrigirmos a dose de uma droga, pois não existe qualquer linearidade que confira cientificidade a essa extrapolação. As diferenças entre espécies são qualitativas e não quantitativas.

Da mesma forma acontece com o rato em em relação ao hamsters, o hamster em relação ao porquinho-da-índia, esse em relação ao coelhos, os sapos, os pombos, cães, gatos, porcos, macacos e, é claro, o homem. Nenhum resultado que se obtenha desses animais poderá ser aplicado ao homem, porque ao contrário do que querem nos fazer acreditar, o rato não é um ser humano que pesa quinhentas vezes menos. Também, a diferença de 0,4% entre os genes do chimpanzé e do homem não tornam esse um modelo recomendável para a pesquisa de doenças humanas em 99,6% dos casos.

Animais utilizados em experimentação, para serem considerados “bons”, precisam pertencer a linhagens específicas. Eles precisam ser o mais homogêneos possível, com o mínimo de variação genética. Dessa forma, os resultados que se obtém desses experimentos são bem agrupados. Se ao invés de utilizarem animais de mesma linhagem fossem utilizados animais com diferentes procedências, ainda que pertencentes à mesma espécie, os resultados obtidos seriam inconclusivos, pois mesmo dentro de uma mesma espécie as diferenças tornam as reações aos tratamentos muito variadas. Daí pode-se entender a inconsistência da defesa da utilização de animais.

beagleA alegação mais comum para defender essas práticas é a de que seres humanos e animais domésticos são diretamente beneficiados por esses experimentos. Defende-se que, sem as pesquisas em animais, o ser humano não disporia de vacinas, transplantes, anestesias, nem das drogas que pretensamente tratam as diferentes doenças. Alarma-se para a idéia de que o fim da experimentação animal representaria o fim da humanidade. O declínio em nossa qualidade de vida, em nossa longevidade. Estas alegações são, para dizer o mínimo, enganosas.

Embora todos esses tratamentos tenham sido exaustivamente testados e aprovados em animais, todos eles se mostraram falhos em produzir efeitos promissores em seres humanos, pelo menos em um primeiro momento. Muitos deles, apesar da segurança comprovada em animais, mostraram-se prejudiciais a seres humanos, produzindo severos efeitos colaterais. E se a intenção desses experimentos era impedir que seres humanos fossem utilizados como cobaia, isso não aconteceu.

Se hoje transplantes de órgãos podem ser realizados com maior sucesso e existem vacinas um pouco mais seguras, foi porque ao longo dessas últimas décadas esses tratamentos foram testados em seres humanos, muitas vezes às custas de suas vidas e saúde. O pretenso sucesso desses tratamentos em tempos mais recentes, embora possa vir a ser contestado em outras instâncias, não pode ser atribuído ao uso de cobaias animais, mas sim ao uso de cobaias humanas.

Seres humanos morreram nos primeiros transplantes de órgãos, seres humanos sofreram severos efeitos adversos de vacinas do passado, e com base nessas tentativas e erros, a atual medicina foi construída. Não com base na experimentação animal.

Mas, se a experimentação animal não beneficia aos humanos, por que a maioria das pessoas acredita que ela é essencial? Podemos dizer que em certo sentido a ciência funciona como uma religião, onde a autoridade do alto clero jamais é contestada; assim, um doutor jamais pode ser questionado, mesmo que seja um mero reprodutor de uma idéia que ouviu. O próprio cientista muitas vezes não se questiona, o que parece um contra-senso, mas ele assume que determinados pressupostos são verdadeiros e os defende cegamente.

Em outra abordagem, a ciência é mercantilista. Ela funciona por interesses comerciais, e a experimentação animal é interessante nesse aspecto. Além de todos os equipamentos e insumos necessários para a manutenção de animais de laboratório (gaiolas, equipamentos de contenção, rações, etc) a indústria lucra com a experimentação animal.

Indústrias, como a farmacêutica, obtêm seus lucros da venda de seus produtos, no caso, medicamentos. Por isso, elas necessitam convencer a população de que seus produtos são vitais para sua qualidade de vida. Esforços são feitos para convencer as pessoas de que o aumento em nossa expectativa de vida tem relação direta com a enorme disponibilidade de drogas e tratamentos atuais. Poucos atribuem essas melhorias às nossas atuais condições de moradia, de higiene, abastecimento de água limpa, saneamento, segurança alimentar, etc, fatores estes que também passaram a preponderar nas últimas décadas.

O papel da experimentação animal

Nossa vida e bem-estar não dependem da experimentação animal. As experiências com animais apenas resguardam os interesses da indústria farmacêutica e associadas, possibilitando colocar no mercado drogas nem sempre seguras às pessoas. Experimentos em animais são conduzidos para amenizar as responsabilidades de laboratórios que lançam no mercado produtos que mais tarde poderão vir a prejudicar seres humanos.

Por exemplo, se o xampu que não deveria arder nos olhos queimou os olhos de uma menina, isso é visto como uma fatalidade; testes realizados em olhos de coelhinhos mostram que o produto é seguro. E quem pode provar que o cigarro está associado a alguma doença, quando experimentos com animais mostram resultados inconclusivos?

Após passarem por todos os testes ‘necessários’, em animais, e serem colocadas no mercado, muitas drogas precisam ser recolhidas. Isso porque seus efeitos adversos começam a se manifestar na população, muitas vezes de forma grave. Os testes em animais não podem prever esses efeitos, e isso é de conhecimento da indústria, mas há uma necessidade de que eles sejam conduzidos para prevenir a indústria de futuros processos.

Se todos os testes considerados necessários pela legislação forem realizados em animais a indústria se isenta de sua responsabilidade. As pessoas que vierem a falecer em decorrência do uso de um medicamento tornam-se fatalidades. Números aceitáveis frente aos possíveis benefícios do medicamento.

A ciência que utiliza animais de laboratório não é uma ciência boa, não apenas porque vitima animais inocentes, mas porque os resultados que produz prejudicam também ao ser humano. Esta metodologia conduz ao erro, ao atraso, a dados errôneos, à má-interpretação, à incoerência e ao desperdício de vidas. A abolição da vivissecção não é algo para ser pensado para o futuro, ela deveria ser algo do passado, é urgente. A utilização de animais em experimentos é um erro que se propagou na ciência e que ainda não foi suficientemente questionado. Cabe à sociedade como um todo se mobilizar no sentido de extingui-la.

Sérgio Greif 

 

perfil greif

Sérgio Greif é Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela mesma universidade, docente da MBA em Gestão Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais. Co-autor do livro “A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo” e autor de “Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável”, além de diversos artigos e ensaios referentes à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza palestras nesse mesmo tema. Membro fundador da Sociedade Vegana.

 

Fonte: Olhar Animal