Veja como são preparados os cachorros que guiam pessoas com deficiência visual
Quando pensamos em algumas profissões, sempre há aquelas consideradas nobres. No mundo animal, os bichos também exercem trabalhos que ajudam muito a vida dos humanos.
Há cavalos que puxam carroça, cães que pastoreiam o rebanho, cachorros farejadores que acham pessoas desaparecidas e até drogas. É difícil classificar qual das profissões animais é a mais nobre, mas com certeza o trabalho de cão-guia está na lista dos comoventes.
Segundo Denise Fantoni, coordenadora do projeto e professora da FMVZ, o centro, além da criação e treinamento de cães-guia para cegos, definirá parâmetros em relação ao bem-estar do cão e também métodos de treinamento.
As raças escolhidas para o treinamento são labrador e golden retriever, pois possuem grande habilidade para a função de guia. Os animais serão adquiridos por meio de doações de canis particulares, credenciados e com controle de doenças.
Inicialmente, o projeto espera formar 30 cães ao ano para os portadores de deficiência visual. No futuro, a professora cogita a hipótese de compra de filhotes, conforme o desenvolvimento do projeto.
Cães-guia serão doados aos deficientes visuais
Para os deficientes, os cachorros serão encaminhados gratuitamente e os custos serão os mesmos de qualquer cão de estimação, como ração, visitas regulares ao veterinário e higiene. A família adotiva será selecionada pelaa Secretaria do Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e antes de ser doado definitivamente, o cão passará por um processo de socialização com toda a família por cerca de 12 meses.
– Sendo o Centro de Estudos do Cão-Guia uma iniciativa da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo os custos veterinários serão subsidiados pela própria faculdade. Além disso, possíveis parcerias com empresas do mercado veterinário estão sendo estudadas a fim de diminuir os custos de manutenção do animal, por exemplo.
Denise acredita que o período de adaptação com a família fornecerá ao animal a possibilidade de se socializar com pessoas e locais, além de crescer num ambiente caseiro. Os filhotes serão visitados mensalmente por um membro do centro, para verificar o desenvolvimento do animal.
Após o primeiro ano com a família, o cão é encaminhado ao Centro, onde passará por um adestramento intensivo, específico para guia de cegos. Nessa etapa, o animal será avaliado permanentemente por treinadores qualificados (não apenas adestradores) e avaliados clinicamente por veterinários da FMVZ. O treinamento terá duração de quatro a seis meses, dependendo da evolução do animal.
Depois de treinado, um cão-guia pode trabalhar até os 10 anos de idade. No entanto, Maria Fernanda afirma que, para o trabalho do bicho continuar eficaz, a saúde e qualidade de vida devem ser avaliadas por um veterinário regularmente. O bicho poderá ser “aposentado” antes de atingir essa idade por motivos de saúde e comportamento.
A estudante diz que, teoricamente, depois do treinamento o cão já está apto a guiar. No entanto, caso o dono acredite que o animal não está trabalhando com todo seu potencial, poderá ser necessário um treinamento adicional envolvendo o deficiente visual e o cachorro.
Denise lembra que, hoje, existem no Brasil cerca de 16 milhões de cegos, e que a importância do Centro está em não se limitar a fornecer cães-guia a deficientes visuais, mas em criar um projeto que envolva a Universidade, o governo e, principalmente, a sociedade.
Mais informações:
Os interessados em ser uma família acolhedora de um futuro cão-guia devem contatar o Centro de Estudos do Cão-Guia do Estado de São Paulo pelo telefone (11) 3091-1232.