Miar sem parar, andar em círculos e se automutilar são atitudes que podem ser evitadas com o preparo psicológico do animal e atividades ocupacionais.
Identificar comportamentos compulsivos em gatos não é fácil, visto que este distúrbio comportamental pode se apresentar com diversos tipos de comportamento e com intensidade em vários níveis. Um consenso entre veterinários é que a compulsão caracteriza-se pela realização de atividades repetitivas sem função lógica.
Este desequilíbrio comportamental costuma se manifestar em contextos de estresse ou ansiedade para o bichano, mas sua causa não é o evento em si e sim a predisposição genética.
Além do estresse a falta de espaço e a baixa variação de atividades físicas e mentais são gatilhos que intensificam as chances de aparecerem compulsões, que infelizmente, em sua maioria, uma vez desenvolvidas não desaparecem mais, mesmo que o animal seja submetido ao outro contexto.
Prevenção
Para evitar este problema as iniciativas são simples, e deveriam ser consideradas ações essenciais do dono com relação ao gato: a sociabilização do gato e a disposição de entretenimento para o animal.
A sociabilização do gato deve ser feita estimulando a experiência destes com animais de diferentes espécies, pessoas de diversas etnias, idades, gêneros e comportamentos, objetos diversos e sensações físicas variadas, pois estas vivências ao contribuírem para que haja menos estresse e ansiedade diante de novos estímulos durante a vida, evitam que o animal, por não se sentir preparado para lidar com certas situações, desenvolvam as compulsões.
A disposição de entretenimento é simples, basta que o dono proporcione um ambiente rico para a exploração do animal, de modo que ele possa gastar sua energia física e mental com atividades. A função do entretenimento na prevenção das compulsões acontece, pois o animal ocupado não terá interesse em realizar os desinteressantes comportamentos repetitivos e sem função.
Tratamento
Se o gato já desenvolveu uma compulsão, porém, não se deve entrar em desespero, pois o tratamento, apesar de difícil é possível. É preciso apenas avaliar se é realmente necessário combater a compulsão ou deixar que o felino conviva com ela, pois a tentativa de combate a uma compulsão leve pode desencadear em uma compulsão grave.
O critério para saber se uma compulsão deve ou não ser tratada é o fato de esta machucar ou não o animal. Para as compulsões que não causam danos, o uso de medicamentos e feromônios, a serem indicados pelo veterinário, podem ser boas iniciativas.
Já no caso das compulsões que causam problemas físicos ou são perigosas para a sobrevivência do gato, devem ser tratadas o quanto antes aliando a terapia medicamentosa à terapia comportamental, nesta, o animal será impedido através de bloqueios, sustos e pequenos desconfortos a realizar suas atividades compulsivas.
Ficar atento às reações do gato e proporcionar-lhe bem estar em sua rotina é fundamental para a prevenção do problema e melhora da qualidade de vida dos animais que já desenvolveram esta cicatriz psicológica.
por Giselle Coutinho