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Não é a raça, mas a criação! Sobre o caso do pit bull de Canoas / RS

Sempre que ocorre um caso de ataque envolvendo cães da raça pit bull há uma grande mobilização contrária à raça e apontando-a como o único ou principal fator responsável pela tragédia. É importante salientar que todo cachorro pode morder, o que acontece é que cada cão reage de forma diferente a cada situação, o que no estudo do comportamento canino chamamos de “gatilhos de reatividade”. Cães podem morder para proteger seu território ou alimento, por medo e outros diversos motivos. Estudos revelam que poodles, pinschers e até beagles tem índice maior de ataques do que pit bulls, mas estes casos curiosamente não viram manchete. Claro que cães grandes ou fortes causam ferimentos de maior gravidade, mas isso não os torna assassinos natos!

Cabe ressaltar que as raças são resultado de cruzamentos selecionados pelo homem para atender determinadas funções, tais como guarda, pastoreio, caça e companhia. Dentro desta seleção não foram obtidos padrões apenas estéticos, mas também de temperamento, embora toda raça possa apresentar cães com desvio em ambos. Os pit bulls foram selecionados para serem cães de rinha e cruelmente explorados em lutas até a morte durante muitas gerações. Eles foram moldados para serem resistentes em combates e agressivos com outros cães (pit bulls devidamente socializados convivem muito bem com outros animais), nunca com seres humanos. O que acontece é que a raça caiu no gosto de “bad boys” que passaram a utilizá-los para intimidação, como se fossem armas e instigados a apresentar agressividade contra pessoas.

Quanto a essa tragédia em Canoas no Rio Grande do Sul, onde um pit bull atacou e matou a mãe do tutor, se faz necessário destacar que o cão foi “treinado” para guarda em casa com métodos aversivos baseados na equivocada teoria da dominância e técnicas do tipo “faça você mesmo”. Os vizinhos relataram que a vítima e seu filho agrediam o cão frequentemente e que este era submetido a choques, pauladas, disparos de arma e as mais diversas agressões para se tornar um “bom cão de guarda”. Segundo o delegado responsável pelo caso em uma entrevista, o que causou o ataque foi a vítima ter “cutucado” o cão com um rodo para que ele saísse do caminho. Não é necessário explicar que o cão fez apenas exatamente aquilo para o qual estava sendo “treinado”! Jamais se deve utilizar força ou intimidação para educar/treinar um cão, muito menos tentar realizar por conta própria um adestramento tão delicado como o de guarda. Atualmente temos muito material equivocado sobre comportamento e treinamento de cães sendo amplamente divulgado na internet, programas de televisão e até livros, este caso é um exemplo de até onde podem chegar os transtornos psicológicos causados por estes métodos. O cão foi baleado pelo tutor durante o incidente, mas sobreviveu e foi recolhido pelo departamento municipal de bem estar animal onde será tratado, assistido por um adestrador e posteriormente encaminhado para adoção, já o tutor poderá responder processo criminal por homicídio culposo e maus tratos a animais.

American Pit Bull Terrier

Projeto propõe criminalizar condução irresponsável de cães como Pit Bull

Projeto propõe criminalizar condução irresponsável de cães como Pit Bull

Do Portal AZ em Brasília
Tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei de autoria do deputado federal Osmar Júnior (PCdoB) que tipifica a conduta do responsável por cão perigoso que exponha a perigo a vida ou a integridade de terceiros, comparando tais irresponsáveis a  ‘portadores de armas ambulantes’.
Cão Pit Bull com focinheira - Psicologia Animal Adestramento
Cão Pit Bull utilizando focinheira: o equipamento é obrigatório na condução de cães desta e de outras raças em vias públicas.

Dessa forma o decreto de lei nº 2.848, de 1940, passaria a vigorar acrescido do artigo 132A. “Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, abandonar, transportar ou conduzir cão perigoso de modo a expor a perigo a vida ou a integridade física de terceiros acarreta “detenção de dois a quatro anos de prisão, se o fato não constituir crime mais grave”.

O parágrafo único do artigo considera cão perigoso “aquele assim especificado em lei ou relacionado em listas periodicamente atualizadas pelo Poder Executivo da União, bem como os produtos de cruzamento em que um dos genitores conste de tais listas.” É o caso dos Pit Bull.

Pit Bull é um termo genérico que se refere a um conjunto de raças de cães, incluindoo American Pit Bull Terrier, o American Staffordshire Terrier e o Staffordshire Bull Terrier. Costuma-se usar o termo Pit Bull para designar a raça American Pit Bull Terrier, não confundindo com a raça English Bull Terrier .
A mistura de raças foi banido em alguns países como o Canadá. Na Inglaterra sua criação é autorizada apenas pela justiça. Nos Estados Unidos, baniram a criação em vários estados com muitos outros empregando pesadas restrições na posse do animal. No Brasil, não há legislação específica, porém a cada fatalidade reportada na mídia, inflama o debate na sociedade por leis mais rígidas e punição aos donos.
Em sua justificativa para apresentação do projeto o deputado federal Osmar Júnior argumenta que “já não causa espanto notícias dando conta de que algum cão atacou uma criança, ou uma pessoa idosa, deformando-a ou mesmo matando-a”. “Não é possível que contemplemos passivamente esse estado das coisas”, sentencia.
O parlamentar alerta que o comportamento desses animais reflete a postura agressiva e antisocial de seus donos. “E, assim como são penalizados os que se valem de armas para ameaçar ou causar danos a seus semelhantes, devemos reprimir esses portadores de armas ambulantes. Na verdade, é hora de agravarmos a punição ao comportamento dessas pessoas, tipificando-lhes claramente a conduta em lei – e cominando-lhes pena que nada tenha de “leve””, acrescenta.
“Assim, proponho que o condenado por este delito cumpra pena mínima de dois anos, quando o fato não constituir crime mais grave. E que, para fins de enquadramento, seja considerado perigoso o cão de raças (ou de cruzamentos) constantes de listas periodicamente atualizadas pelo Poder Executivo – a exemplo do que ocorre em relação à lei de entorpecentes”, pontua.
Fonte: Portal AZ