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Categoria: Gatos

Conheça as particularidades de 10 raças de gatos

Para quem ama o mundo dos felinos, conhecer melhor as raças de gatos nunca é demais. Pensando nisso, elaboramos uma lista com 10 raças que os cat lovers não podem deixar de conhecer – seja pelas características de personalidade ou pela bela e atraente pelagem destes bichanos tão cativantes. Conheça, a seguir, um pouco mais sobre as particularidades de algumas das raças mais interessantes do mundo felino:

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Foto: Getty Images
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Bengal

Originário da Ásia, o Bengal é produto da mistura entre um gato doméstico e um felino selvagem (Leopardo Asiático), exibindo uma pelagem linda e que se assemelha muito à dos leopardos. Embora tenha passado por diversas mutações ao longo das suas diferentes gerações, a raça ainda mantém uma série de características de destaque, como as manchas bem marcadas, a cabeça triangular, o queixo bem desenhado e a musculatura forte em todo o corpo. Considerado doméstico a partir de sua quarta geração, o gato Bengal é afetuoso, muito inteligente e um ótimo nadador, podendo conviver bem com crianças e pessoas de todas as idades. Embora também interaja bem com outros gatos, isso só ocorre quando o outro felino não desafia a sua posição de “gato alfa” – caso contrário, se torna agressivo para defender seu lugar (vencendo a briga na maioria das vezes, já que é um animal bastante forte e ágil).

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Maine Coon

Considerada a raça dos maiores gatos do mundo, a Maine Coon é tida como a segunda mais popular em todo o mundo. Conhecida como a raça dos gatos gigantes, é dona do recorde de maior felino do mundo, graças ao gato Mymains, de Nevada (nos Estados Unidos), que mede impressionantes 1,23 metros. Caracterizado por pelos bem longos e seu porte gigantesco, o Maine Coon é produto da mistura entre as raças American Shorthair e Angorá, ganhando popularidade na América do Norte a partir da década de 1950. Com uma pelagem mais fácil de cuidar que a maioria dos gatos de pelos longos e que pode variar em até 60 cores, a raça é bastante ativa, fiel, companheira e brincalhona. Seus olhos podem ser verdes, amarelos ou cobre, e não é raro encontrar gatos Maine Coon com olhos de cores diferentes – o que o torna ainda mais interessante.

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Ragdoll

Extremamente carinhosa e carente, a Ragdoll é uma raça que necessita de muito afeto e atenção para viver bem; e até corre o risco de adoecer caso passe muito tempo sem companhia. Seu nome (que, na tradução, significa “boneca de pano”) foi dado pela moleza dos filhotes da raça quando colocados no colo de seus donos, sendo que os Ragdoll já foram reconhecidos oficialmente desde a sua primeira linhagem, em meados dos anos 60. Considerada bastante rara fora dos Estados Unidos, a raça é dócil e amigável, podendo interagir muito bem com crianças. Dono de uma pelagem vasta e longa, o gato Ragdoll necessita de cuidados diversos de escovação, e pode custar até R$ 5 mil em criadores do Brasil. Grandão, o felino da raça pode atingir até o triplo do tamanho de um gato normal – sendo que seus olhos são azuis e sua expectativa de vida gira em torno dos 20 anos.

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Persa

Dono de um dos nomes felinos mais conhecidos, o gato Persa é bem sociável e carinhoso, podendo viver bem nos mais diversos ambientes e com as pessoas mais diferentes. Extremamente curioso, é um gato que precisa de atenção por parte de seus donos, já que não é difícil entrar em confusão por querer explorar novos horizontes. Preguiçoso e bem quieto, o Persa é chamado por muitos de “Tigre de Sofá”, e é dono de um corpo robusto e uma pelagem bem longa, que pode variar em uma grande quantidade de cores, assim como seus olhos – que são bem grandes e redondos.

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Siamês

Muito popular em todo o mundo, o gato Siamês é um felino bastante imprevisível; porém, extremamente carinhoso e protetor com seus donos. Independentes, apreciam atividades que possam fazer sozinhos e, mesmo também gostando de brincar com pessoas, não é indicado que haja insistência para isso, já que ele pode se tornar um tanto agressivo. Pouco sociável com estranhos, o Siamês tem uma pelagem curta e que exige poucos cuidados sendo o seu corpo elegante, de tamanho médio e musculatura forte. Podendo variar entre cores que incluem chocolate, gelo e azul, o gato Siamês destaca pigmentação apenas nas extremidades – na região da face, orelhas, patas e cauda. Embora não se saiba com certeza, acredita-se que a raça é originária da Ásia.

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Russo Azul

Originário da Rússia, como já mostra o seu nome, o gato Russo Azul é inteligente, calmo e brincalhão, sendo capaz de aprender diferentes comandos e, inclusive, abrir portas. Por ser bastante reservado, exige certo esforço para criar laços fortes com seus donos – no entanto, feito isso, se torna extremamente apegado, seguindo seu dono por todos os cantos. Também conhecido pelo nome de gato Maltês, o Russo Azul tem orelhas pontiagudas e de espessura muito fina, exibindo olhos verdes quando adultos e amendoados quando mais novos. Sua pelagem é de cor azulada e, embora destaque algumas marcas visíveis quando filhote, torna-se lisa na fase adulta, sendo de comprimento curto e espessura fina. Seu corpo é médio e alongado, sua cauda é longa e a cabeça é pequena.

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Sagrado da Birmânia

Considerada uma das mais belas raças do mundo, a Sagrado da Birmânia tem pelagem de comprimento médio e cobertura com pigmentação na face, orelha e cauda, sendo suas patas brancas (chamadas por muito de luvas). Dócil, o gato dessa raça é bem companheiro e amoroso, e vive bem com crianças e pessoas de todas as idades. Seu tamanho é médio e o corpo é bem proporcional, sendo que seus olhos são bem redondos e azuis. A pelagem pode variar em cerca de seis cores diferentes, incluindo lilás, chocolate e bege, e tem uma textura bem sedosa. Descendente de linhagens criadas em templos budistas, o Sagrado da Birmânia tem uma lenda famosa que ronda sua origem – e diz que seu corpo (que seria completamente branco) tomou as pigmentações que lhe são características após ter velado um monge assassinado e fixado seu olhar na deusa Tsun Kyan Kse.

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Ashera

Tido como um dos gatos mais raros do mundo, o Ashera é, também, o felino mais caro do universo, sendo que um exemplar da raça com marcas raras já foi vendido por cerca de R$ 250 mil. Podendo ser comparado a um “tigre miniatura”, este gato é resultado da mistura entre bichanos domésticos e felinos selvagens – incluindo nomes como Leptailurus Several, Prionailurus Benmgelensis e Felis Catus. Criado em laboratórios nos Estados Unidos, o gato Ashera é modificado geneticamente, e há, inclusive, exemplares da raça tidos como “hipoalergênicos” (embora a veracidade desse fato seja pouco provável). Podendo chegar a até um metro de comprimento e pesar até 15 kg, o gato Ashera é considerado um dos maiores felinos do mundo – embora não seja maior que os gatos da raça Maine Coon.

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Sphynx

Conhecido pela aparência pelada e popularizado como o pet de Dr. Evil, no filme Austin Powers, o gato Sphynx é caracterizado por ter seu corpo coberto por pelos finíssimos e muito curtos, que são imperceptíveis. Originário do Canadá, o felino pode ser encontrado em uma variedade de cores – como preto, vermelho, cinza e creme, entre outras – e a falta de pelos se estende até mesmo ao bigode, inexistente no animal. Dono de uma temperatura corporal maior que a dos outros felinos, o gato da raça Sphynx é bastante sensível ao frio – e, no sol, deve usar protetor solar para evitar queimaduras na pele. Sua personalidade é bem peculiar, e quem tem um em casa diz que pode ser comparada à de um cachorro – tamanha fidelidade e amor que pode dar.

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British Shorthair

Originária da Grã-Bretanha, como já diz o seu nome, a raça British Shorthair é caracterizada por uma pelagem curta, firme e densa; tida por muitos como similar à uma capa de pelúcia. Considerado um felino robusto (com peso de até 10 kg), este gato tem orelhas separadas e arredondadas, cabeça grande e peito largo, sendo suas pernas curtas e sua cauda bem peluda. Tranquilo, o gato British Shorthair não tem um temperamento destrutivo e vive bem em ambientes como apartamentos – sendo bastante brincalhão, porém, controlado. Dificilmente visto subindo em cortinas ou móveis, é um gato que gosta do chão e, por ser bastante apegado aos seus donos, não é raro segui-los por onde quer que forem, em busca de carinhos.

luto pela perda morte de um animal de estimação ethos animal

O luto por animais de estimação é uma realidade. E existe acompanhamento especializado

A ligação que desenvolvemos com os animais de companhia é diferente daquela que temos uns com os outros, mas não deixa de ser uma relação forte e de amizade. É por isso que, no momento da perda do animal e quando a saudade é mais difícil de digerir, faz sentido falar em acompanhamento.

A confissão de Barbra Streisand mostrou que a clonagem é um tema controverso. Mas o debate não se pode cingir ao processo em si: deve ser mais alargado e debruçar-se sobre as motivações que levam o dono de um animal falecido ou a sofrer de uma doença terminal a decidir cloná-lo. E, entre as razões, pode estar o sofrimento e a saudade do animal perdido.

Mas essa pode não ser a melhor solução: os donos estão à espera de um animal com a personalidade daquele que tiveram e o mais provável é que o animal não seja o que esperam. “No meu trabalho, acabo por me aperceber de experiências de famílias que estão a lidar com um segundo animal e que os problemas surgem de não se adaptarem à realidade de terem um animal diferente e tratarem o animal da mesma forma que tratavam do outro”, diz Rita Jacobetty, consultora de comportamento e bem-estar animal. Ainda que esta experiência não seja relativa a animais clonados, é também válida para esse contexto.

Como o veterinário do Centro Para o Conhecimento Animal (CPCA) Gonçalo da Graça Pereira descreve, “cada vez mais os animais de companhia fazem parte da família e do núcleo familiar. Cada vez mais falamos de uma família multiespécie, em que a mãe tira um dia de férias para ir com os filhos ao pediatra e com o cão e o gato ao veterinário”. É por isso que, como continua o veterinário especialista europeu em medicina do comportamento, faz sentido falar e reconhecer que nós, seres humanos – cada um com intensidades diferentes, tal como acontece quando é um ente querido que morre –, passamos por um processo de luto pelo animal que vivia connosco.

Até porque, como explica Tânia Dinis, psicoterapeuta que trabalha com processos de luto, entre os quais luto animal, a relação com um animal de companhia é um tipo de relação “muito próxima, que não tem ambivalências, sem as zangas que existem entre as pessoas e normalmente com um lado muito afetuoso”. A psicoterapeuta, que integra a equipa do CPCA, frisa ainda que, “de facto, os animais fazem muita companhia e são uma presença que está ali sempre – à exceção de sofrerem de alguma doença ou de terem algum acidente, não se vão embora”. Essa é uma certeza que, como assinala, nem sempre existe entre as pessoas. Entre nós, nessa perspetiva, criam-se relações mais inseguras.

O acompanhamento Não são poucas as pessoas que procuram apoio ao luto no momento em que perdem um animal de companhia, diz Tânia Dinis. E se algumas recuperam em meia dúzia de sessões, outras precisam de acompanhamento durante dois anos. E no que se baseia esse apoio? “Varia de situação para situação, mas há elementos mais ou menos constantes, como o organizar as memórias, ou seja, perceber qual foi o papel do animal na vida da pessoa – o que fica, o que deixa, o que pode ser lembrado”, explica a psicoterapeuta. É normal e inevitável, inicialmente, que a pessoa se sinta triste, “mas o que importa no contexto do acompanhamento é garantir que essa tristeza não é destrutiva”.

Algumas estratégias passam por levar a pessoa a procurar o apoio e o afeto das outras à sua volta. Nos casos em que a pessoa não tem essa possibilidade, é importante mostrar-lhe como pode criar ligações – ter outro animal ou arranjar amigos.

“O meu trabalho passa por ajudar a processar os sentimentos, perceber a função do animal para a pessoa e ajudar a pessoa a reorganizar a sua vida para voltar a construir redes emocionais e não se isolar”, explica Tânia Dinis.

Quando há crianças na família, a intervenção da profissional passa por explicar aos adultos da casa como devem lidar com as crianças no dia-a-dia, depois da perda, e o que lhes devem dizer. “A ideia é valorizar sempre o animal e recordar o lado positivo da experiência que se viveu com ele”, diz Tânia. A psicoterapeuta deixa um alerta: “Por exemplo, dizer à criança que o animal simplesmente desapareceu de casa é péssimo para os miúdos. É um susto e leva-as a questionar se pessoas, animais e as coisas de que gostam podem simplesmente desaparecer. Muitas vezes estamos a tentar protegê-las da tristeza, como se isso fosse possível, mas não é. Há coisas das quais não podemos protegê-las.”

Aqui no Brasil também é possível encontrar apoio e acompanhamento especializado em Luto pela perda ou morte de animais de estimação. Fale conosco para saber mais. Podemos ajudar.

atendimento@ethosanimal.com.br

Arranjar um novo animal logo a seguir à morte do anterior pode não ser, em todos os casos, a estratégia certa. “Se o animal era tão importante, a família precisa de um intervalo para sentir saudades dele, para fazer uma separação. Depois, quando a tristeza já não for tão grande e a família não sentir uma necessidade de substituição, para encher um vazio, pode então pensar em ter um animal pela mesma razão pela qual teve o anterior – porque acha que a família fica mais completa com um animal de companhia”, declara.

Vergonha social Da parte daqueles que não têm animais de companhia, existe alguma dificuldade em compreender o sentimento de perda e o sofrimento inerentes à morte de um animal. Há, por isso, uma certa censura da parte da sociedade em relação a isso – o que resulta num sentimento de vergonha da parte das pessoas que perderam o animal e que acabam por sofrer em silêncio.

Os especialistas com quem falamos dizem sentir isso no quotidiano da profissão. Gonçalo da Graça Pereira traça o problema. “Não é socialmente bem aceite que as pessoas sofram pela perda do seu animal. ‘Era só um cão, era só um gato’, ouvimos. E então acaba por ser um luto escondido, silenciado e silencioso. As pessoas não podem tirar um dia porque lhes morreu um animal”, nota. O veterinário defende que as pessoas deviam ter direito a tirar um ou dois dias, tal como acontece quando perdem um familiar. “Acho que há situações até de crianças que não deveriam ir à escola naquele dia porque os colegas que não têm animais não vão entendê-las, é um sofrimento demasiado profundo para elas. Devia ser um motivo de justificação de falta para a escola e para o trabalho”, afirma. “Felizmente, a sociedade está a mudar e cada vez é mais bem aceite que possamos sofrer pela perda do nosso animal”, remata.

Tânia Dinis acrescenta que uma das especificidades deste tipo de acompanhamento é precisamente “o facto de as pessoas à volta não entenderem o peso que pode ter esta perda. Enquanto em relação à perda de pessoas quase toda a gente tem um perspetiva semelhante, em relação à perda de animais não é assim. Mas é certo que, para as pessoas que têm uma ligação forte com os seus animais, a perda é enorme”.

Você tem dúvidas ou gostaria de saber mais sobre os Serviços e Cursos oferecidos pela Ethos Animal? Entre em contato através do e-mail atendimento@ethosanimal.com.br. Certamente poderemos ajudar a melhorar ou restabelecer o equilíbrio emocional no relacionamento com seu(s) pet(s).

Fonte: sol.sapo.pt | beatriz dias coelho

 

Como a evolução transformou os gatos em animais solitários ethos animal helena truksa comportamento animal felino

Como a evolução transformou os gatos em animais solitários

Quão difícil pode ser domar um gato? Pergunte a Daniel Mills, professor de Veterinária comportamental na Universidade de Lincoln (Reino Unido). Em um estudo recente, Mills e sua colega Alice Potter comprovaram de modo científico o que já se sabia na prática: gatos são mais autônomos e solitários do que os cachorros.

Para os gatos, os benefícios da vida em grupo não compensam ter que dividir comida
Para os gatos, os benefícios da vida em grupo não compensam ter que dividir comida

Foto: Pixabay / BBCBrasil.com

Apesar de envolver a já famosa reputação dos gatos, executar essa pesquisa foi mais difícil do que poderia parecer.

“Eles são complicados se você quer que façam algo de uma certa maneira”, diz Mills. “Eles tendem a fazer o que querem.”

Donos de gatos do mundo inteiro irão concordar. Mas por que exatamente os gatos são tão relutantes em cooperar, seja entre si ou com humanos? Ou, perguntando de outra forma, por que tantos outros animais – domésticos ou selvagens – têm espírito de equipe?

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A vida em grupo é comum na natureza. Pássaros formam bandos e peixes, cardumes. Predadores frequentemente caçam juntos. Até mesmo o leão, parente do gato doméstico, vive em grupo.

Para as espécies que são caçadas por outras, obviamente há uma estratégia de maior segurança em um bando. “Chama-se efeito de diluição”, diz o biólogo Craig Packer, da Universidade de Minnesota (EUA).

“Um predador só consegue matar um, e se há cem da mesma espécie isso reduz as chances de cada um deles ser pego para 1%. Mas se você estiver sozinho você será escolhido 100% das vezes.”

Zebras atravessam rio em grupo na África
Zebras atravessam rio em grupo na África

Foto: Alamy / BBCBrasil.com

Animais em bando também se beneficiam do efeito “muitos olhos atentos”: quanto maior o grupo, é mais provável que alguém perceba um predador se aproximando. “E quanto mais cedo você detectar o predador, mais tempo tem para iniciar a fuga”, diz Jens Krause, da Universidade de Humboldt em Berlim, Alemanha.

Essa vigilância coletiva traz outras vantagens. Cada um pode gastar mais tempo e energia procurando por comida. E não se trata apenas de evitar predadores. Animais que socializam em grupos não precisam perambular em busca de companheiros, o que é um problema para espécies solitárias que vivem em territórios amplos.

Uma vez que se reproduzem, muitos animais que vivem em grupo adotam a máxima “é necessária uma aldeia inteira para criar uma criança”, com os adultos trabalhando em equipe para proteger ou alimentar os mais novos.

Em várias espécies de pássaros, como a zaragateiro-árabe de Israel, os pequenos permanecem em grupos de familiares até que eles estejam prontos para procriar. Eles dançam em grupo, tomam banho juntos e até trocam presentes entre si.

Princípio ‘Volta da França’

Viver em grupo também poupa energia. Os pássaros que migram juntos ou os peixes que vivem em cardumes se movimentam com mais eficiência do que os mais solitários.

É o mesmo princípio que os ciclistas da Volta da França utilizam quando formam um pelotão. “Os que estão mais atrás não precisam investir tanta energia para atingir a mesma velocidade de locomoção”, diz Krause.

Como pinguins e morcegos podem atestar, a vida pode ser mais calorosa quando se vive cercado de amigos.

Os pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) se agrupam para suportar o frio
Os pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) se agrupam para suportar o frio

Foto: Alamy / BBCBrasil.com

Com tantos benefícios, pode parecer surpreendente que qualquer animal rejeite seus companheiros. Mas, como os gatos domésticos demonstram, a vida em grupo não é para todos. Para alguns animais, os benefícios da coletividade não compensam ter que dividir comida.

“Chega a um ponto em que se alimentar com outros indivíduos com grande proximidade reduz a sua quantidade de alimento”, diz John Fryxell, biólogo da Universidade de Guelph, no Canadá.

Um fator-chave para essa decisão é ter alimentação suficiente, o que depende de quanta comida cada animal precisa. E os gatos têm um gosto caro. Por exemplo, um leopardo come cerca de 23 kg de carne em poucos dias. Para gatos selvagens, a competição por alimentos é cruel, e por isso leopardos vivem e caçam sozinhos.

Há uma exceção à regra de felinos solitários: leões. Para eles, é uma questão territorial, diz Packer, que passou 50 anos de sua vida estudando os leões africanos. Alguns locais da savana têm emboscadas perfeitas para a caça, então controlar esse lugar resulta em uma vantagem significativa em termos de sobrevivência.

“Isso impõe sociabilidade porque você precisa de equipes para dominar seu bairro local e excluir outros times. Assim, o maior time vence”, diz Packer.

O que torna essa vida em grupo possível é que a presa de um único leão – um gnu ou uma zebra – é grande o bastante para alimentar várias fêmeas de uma vez só. “O tamanho da caça permite que eles vivam em grupos mas é a geografia o que realmente os leva a viver em grupos”, diz Packer.

Não é a mesma situação dos gatos domésticos, já que eles caçam animais pequenos. “Eles vão comê-lo inteiro”, diz Packer. “Não há comida o suficiente para dividir.”

Gatos comem um rato inteiro por vez, sem possibilidade de dividir
Gatos comem um rato inteiro por vez, sem possibilidade de dividir

Foto: Life on white/Alamy / BBCBrasil.com

Domesticação

Essa lógica econômica está tão integrada ao comportamento dos gatos que parece improvável que até mesmo a domesticação tenha alterado essa preferência fundamental por solidão.

Isso é duplamente verdade quando você leva em consideração o fato de que os humanos não domesticaram os gatos. Em vez disso, em seu próprio estilo, os gatos domesticaram a si mesmos.

Todos os gatos domésticos são descendentes dos gatos selvagens do Oriente Médio ( Felis silvestris ), o “gato-do-mato”. Os humanos não coagiram esses gatos a deixar as florestas: eles mesmos se convidaram a entrar nos alojamentos de humanos, onde havia uma quantidade ilimitada de ratos ao seu dispor.

A invasão a essa festa de ratos foi o início de uma relação simbiótica. Os gatos adoraram a abundância de ratos nos alojamentos e depósitos e os humanos gostaram do controle grátis da infestação de ratos.

Os gatos domésticos não são completamente antissociais. Mas sua sociabilidade – em relação a outro humano ou entre eles – é determinada inteiramente por eles, em seus próprios termos.

“Eles mantêm um nível alto de independência e se aproximam de nós apenas quando querem”, diz Dennis Turner, especialista em comportamento animal no Instituto de Etologia Aplicada e Psicologia Animal em Horgen, Suíça.

“Os gatos desenvolveram muitos mecanismos para se manter à parte, o que não os conduz para a vida em bando”, diz Mills. Os gatos marcam seu território para evitar encontros constrangedores entre si. Se eles acidentalmente se toparem, os pêlos são levantados e as garras saltam para fora.

Gatos domésticos têm uma tendência a brigar
Gatos domésticos têm uma tendência a brigar

Foto: blickwinkel/Alamy / BBCBrasil.com

Em determinadas circunstâncias pode parecer que os gatos domésticos adotaram a vida coletiva, como quando um grupo vive junto em um galpão. Mas não se engane. “Eles têm laços muito frouxos e não têm uma identidade real como grupo”, diz Fryxell. “Eles só gostam de ter um lugar comum para deixar seus filhotes.”

Aliás, mesmo diante de um grande perigo, quando eles se unem para se defender, é pouco provável que os gatos colaborem entre si. “Não é que algo que eles tipicamente façam quando se sentem ameaçados”, diz Monique Udell, bióloga da Universidade de Oregon (EUA).

Os gatos simplesmente não acreditam na força de um grupo. Tudo isso ajuda a explicar por que os gatos têm a reputação de dominação impossível. Ainda assim, há evidências de que o desprezo dos gatos pela vida em grupo possa ser uma fraqueza.

Caixa-preta da mente felina

Um estudo publicado em 2014 no periódico científico Journal of Comparative Psychology investigou os traços de personalidade dos gatos domésticos. A conclusão foi que manter-se solitário e desinteressado torna os gatos neuróticos, impulsivos e resistentes a ordens.

Curiosamente, no entanto, os gatos domésticos parecem capazes de cooperar um pouco mais que seus parentes selvagens. Quando os pesquisadores compararam o gato doméstico a quatro selvagens – o gato selvagem escocês, o leopardo-nebuloso, o leopardo-da-neve e os leões africanos -, os gatos domésticos foram os que mais se aproximaram dos leões em termos de personalidade.

Leoas vivem em grupo, diferentemente de outras espécie de felinos 
Leoas vivem em grupo, diferentemente de outras espécie de felinos

Foto: Africa Photobank/Alamy / BBCBrasil.com

É preciso dizer que os gatos domésticos trilharam um longo caminho a partir de seus ancestrais até aqui em termos de tolerar a companhia um do outro. Mesmo que gatos morando em galpões formem laços frouxos, eles ainda demonstram um nível impressionante de aceitação da presença do outro nesses espaços confinados.

Em Roma, cerca de 200 gatos vivem lado a lado no Coliseu, enquanto na ilha de Aoshima, no Japão, o número de gatos supera o de pessoas em uma proporção de seis para um. Essas colônias podem não ter tanta cooperação, mas estão bem avançadas em relação ao passado solitário dos gatos domésticos.

Enquanto isso, pode ser mais fácil para pesquisadores encontrar os gatos “no meio do caminho” ao realizar seus experimentos, fazendo certas concessões.

Quando Udell fez suas primeiras experiências com gatos, enfrentou uma série de dificuldades ao tentar motivar suas cobaias a participar de certa atividade. Ela já havia trabalhado com cachorros, que estariam dispostos a fazer qualquer coisa em troca de um petisco.

Os gatos, contudo, eram mais exigentes. Com o passar do tempo, Udell percebeu que teria mais sucesso se desse aos gatos a opção de escolher sua recompensa.

“Acho que parte do desafio é o quanto sabemos sobre os gatos”, diz. Se os cientistas começarem a entrar na caixa-preta que é a mente felina, a domesticação à força pode ser substituída por uma coerção mais astuta.

“Muito do comportamento animal – incluindo uma afinidade ou resistência à domesticação – é profundamente ligado ao circuito neural. Portanto, parece pouco possível deixar para trás anos de seleção natural”, diz Fryxell.

“Mas quem sabe? Obviamente, leões conseguiram essa proeza, então deve ser possível que mutações ocorram”, diz ele. “E se eles conseguiram fazer isso, talvez domesticar gatos não seja uma ideia tão maluca, afinal de contas.”

 BBC Brasil.com
Comportamento dos gatos e os sentidos

Os cinco sentidos e o comportamento dos gatos

A natureza equipou seu gato com poderes especiais refinados por incontáveis gerações de perseguições, caçadas e sobrevivência. Cinco sentidos definem seu animal como um gato. Cada um deles desempenha um papel importante na forma como o comportamento dos gatos se modifica e como eles percebem o mundo.

Eles já ouviram de tudo:

Muitos sons estão acima da capacidade de seus ouvidos, mas seu gato consegue captá-los sem problemas. A audição dos gatos é ainda melhor que a dos cães. A audição felina pode alcançar faixas ultrassônicas de até 1.000.000 Hz (hertz), em comparação aos 20.000 hertz da audição humana.

Conhecimento Nasal:

O olfato de seu gato é fundamental para que ele conheça o meio ambiente. Há cerca de 200 milhões de células olfatórias sensíveis no nariz de um gato comum. Os humanos possuem apenas cinco milhões. Os gatos não usam seu olfato apenas em atividades associadas à alimentação, mas também para se comunicar com outros animais.

Mantendo contato:

Os bigodes e patas fazem o trabalho da investigação ambiental para os gatos. Os gatos têm pelos sensitivos na porção posterior de suas patas dianteiras e na face. Eles usam esses pelos táteis para perceber os objetos ao seu redor e decidir se podem, por exemplo, passar através de uma abertura estreita. Alguns bigodes ajudam os gatos a perseguir suas presas em ambientes com pouca luz.

Mantendo um olho bem aberto

A vista de seu gato é extraordinária, especialmente sua visão periférica. As pupilas dos gatos podem se dilatar para capturar a visão panorâmica de uma paisagem. Eles também são especialistas em detectar movimento, um traço aprimorado ao longo de milhares de anos de caçadas. É interessante notar, no entanto, que os gatos possuem um ponto cego exatamente abaixo do queixo. Apesar da visão impressionante, eles podem literalmente deixar escapar algo que lhes esteja ao alcance.

Mais do que apenas bom gosto:

Existe um motivo para os gatos não comerem simplesmente qualquer alimento para gatos que você coloque à sua frente. Eles possuem apenas cerca de 470 papilas gustativas. Pode parecer muito, mas compare isso à nossa boca, dotada de mais de 9.000! Os gatos não só têm menos papilas gustativas, como elas não são tão sensíveis. É por isso que eles contam mais com o olfato que com o paladar na hora de escolher o alimento.