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O Papagaio Cinzento ameaçado de extinção – Psittacus erithacus

Este papagaio fala como a gente, mas estamos prestes a silenciá-lo

Cientistas estão utilizando técnicas forenses para ajudar a salvar o popular papagaio-cinzento, uma das aves mais contrabandeadas do mundo.

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Papagaios cinzentos (na foto, uma ave do zoológico de Dallas, nos EUA) têm a incrível habilidade de imitar a voz humana, fazendo deles animais de estimação muito cobiçados. FOTO DE JOEL SARTORE, NATIONAL GEOGRAPHIC PHOTO ARK

Em um suntuoso aviário próximo a Durban, África do Sul, um papagaio-cinzento pula na minha direção, tagarelando em um idioma que eu não compreendo.

“Ele está falando zulu”, explica o criador William Horsfield, responsável por 700 pássaros que falam e pulam constantemente de poleiro em poleiro nos jardins de suas instalações imaculadas. Muitos deles são papagaios-cinzentos, os melhores mímicos entre as 350 espécies conhecidas de papagaios e, por isso, um animal de estimação muito cobiçado.

Muitos de seus papagaios cinzentos foram resgatados, como este papagaio que fala comigo em zulu. Eles eram animais de estimação, alguns deles abandonados por seus donos, ou animais confiscados do mercado negro, como a ave encontrada em Brazzaville, na República do Congo, com uma corda amarrada em sua perna.

Alguns dos papagaios que vivem aqui poderiam fazer parte dos 1,3 milhões ou mais de papagaios cinzentos que foram exportados legalmente da África nas últimas quatro décadas. E isso faz deles os sortudos.

Centenas de milhares de outros, ou talvez mais, morrem em trânsito ou são levados ilegalmente das florestas tropicais da África Ocidental e Central.

Aliás, o papagaio-cinzento foi agora categorizado como ameaçado, gerando a preocupação de que a ave de estimação mais popular do mundo possa se tornar uma das mais raras.

Agora, uma mistura dedicada de conservacionistas, geneticistas, oficiais do governo e outros estão unindo forças para rastrear as capturas ilegais e tentar impedir que elas aconteçam. Eles já desenvolveram métodos científicos capazes de identificar rapidamente se um papagaio foi roubado da floresta.

Mas isso ainda não impediu a captura de aves selvagens em lugares onde elas são relativamente fáceis de serem capturadas, como na República Democrática do Congo, ou RDC, e sua vizinha, a República do Congo.

“As pessoas muitas vezes ficam impressionadas ao saberem que papagaios ainda são capturados na natureza, mas isso acontece em enormes quantidades e com pouquíssima fiscalização” disse Rowan Martin, diretor do Programa de Conservação da África para o World Parrot Trust.

Famosos, mas pouco conhecidos

Os cinzentos, como a maioria dos papagaios, têm uma característica que os torna ainda mais vulneráveis. Eles fazem seus ninhos em cavidades já existentes dentro de grandes árvores velhas. Eles não conseguem fazer seus próprios buracos.

Por isso o impacto do desmatamento é tão grande para eles: os papagaios pais em busca de um ninho “parecem querer exatamente as mesmas árvores que os humanos buscam primeiro” disse Stuart Marsden, que estuda os pássaros na Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido.

Além disso, todas as noites os papagaios se empoleiram e socializam nestas altas árvores. “As boates do mundo dos papagaios”, como descreveu Marsden, fazendo deles alvos fáceis. Os caçadores derrubam as árvores para tirar os filhotes de seus ninhos ou posicionam gravetos cobertos de cola na tentativa de ludibriar em massa os adultos.

 

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Um grupo de papagaios Timneh, uma subespécie do papagaio-cinzento, capturado por um traficante de animais selvagens na África Ocidental. Esses animais são muitas vezes malcuidados, e muitos morrem antes de serem exportados. FOTO DE ROWAN MARTIN, WORLD PARROT TRUST

Para um animal tão querido, Marsden disse, pouco se sabe sobre o papagaio-cinzento na natureza. Um dos primeiros estudos sobre seu declínio, em 2016, revelou que, em Gana, suas populações diminuíram 99%. Uma ave tão familiar para os ganeses quanto um pombo, e que um dia atacavam culturas frutíferas em grandes bandos barulhentos, está quase desaparecendo.

Hoje, aproximadamente 18 mil aves podem ser capturadas ilegalmente na RDC a cada ano, entulhadas em pequenas caixas de transporte ou amassadas em malas de mão. A maioria dos papagaios-cinzentos capturados na natureza provavelmente morre em trânsito.

Combatentes do crime

Enquanto isso, combatentes científicos contra o crime estão empenhados em acabar com o tráfico. Entre eles está o ornitólogo Pepper Trail que, em um laboratório em Oregon, segura gentilmente um xale ornamentado feito de vibrantes penas azuis, amarelas e laranja.

Feito no Brasil a partir de penas de papagaios-do-mangue e araras-azul, é um entre muitos artefatos analisados por ele durante seus 20 anos como ornitólogo forense no único laboratório do mundo dedicado a crimes contra animais selvagens.

Até agora, Trail conseguiu identificar mais de 750 espécies de aves submetidas ao Laboratório Forense da Ashland para o Serviço de Peixes e Vida Selvagem dos Estados Unidos, e esse número continua subindo.

“Pode ser um trabalho triste”, ele disse. “Tudo o que eu vejo está morto”.

Também pode ser um trabalho difícil se houver apenas uma ou duas penas disponíveis. Por sorte, Trail conta com muitas ferramentas a sua disposição, de laboratórios genéticos e patológicos a uma enorme “biblioteca” de referência de animais mortos.

Em uma sala selada com o odor pungente de decomposição, besouros carnívoros devoram diversos corpos de papagaios, incluindo um papagaio-cinzento. Os insetos transformam o animal em um esqueleto limpo, que um dia poderá ser usado como referência em uma investigação criminal.

Ele diz que crimes contra a vida selvagem são combatidos na surdina quanto se trata de papagaios.

Natureza ou cativeiro?

De volta ao aviário na África do Sul, Horsfield prioriza o bem-estar de seus pássaros, vendendo apenas pares (um pássaro solitário tem mais chances de se tornar depressivo e se automutilar), na maioria das vezes para outros criadores, enquanto tenta dissuadir todos exceto os mais sérios compradores de adquirirem papagaios-cinzentos.

“Infelizmente”, ele disse, “você sempre encontrará alguém para conseguir o que você quer”, em referência às instalações a nível industrial que abrigam até mil casais reprodutores de papagaios-cinzentos.

Mas a lei está começando a chegar a esses lugares. Em 2016, a Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, ou CITES, que monitora o comércio internacional de espécies raras, tomou a decisão controversa de banir todo e qualquer comércio internacional de papagaios-cinzentos, exceto em “circunstâncias excepcionais”.

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Um papagaio Timneh selvagem apreendido do comércio ilegal em Serra Leoa. O animal está sendo tratado no Tacugama Chimpanzee Sanctuary, em Freetown, com assistência do World Parrot Trust.
FOTO DE ROWAN MARTIN, WORLD PARROT TRUST

“É uma vitória quanto a mensagem transmitida sobre como este comércio é malconduzido, como causa um grande impacto, e que o mundo não concorda com isso”, disse Marsden.

Para que possam continuar vendendo papagaios-cinzentos para o exterior, criadores ao redor do mundo terão de provar para os inspetores da CITES que suas aves são todas criadas em cativeiro e não capturadas da natureza, o que pode ser difícil, já que a maior parte de seu bando reprodutor veio originalmente das florestas na África Central.

De fato, muitos criadores de papagaios já saíram do mercado. Apenas alguns milhares de papagaios-cinzentos foram exportados em 2017, diz Mpho Tijane, coordenador da implementação da CITES na África do Sul.

“Para muitas pessoas, é sua maior fonte de renda. Da noite para o dia, eles ficaram paralisados” adiciona Ben Minnaar, um antigo criador de aves em Pretória.

Horsfield teme que a nova regulamentação faça com que alguns criadores “disfarcem” suas aves, registrando animais de origem incerta como criados em cativeiro.

Este “contrabando de documentos” já é muito comum entre os papagaios-cinzentos. Comerciantes ilegais falsificam a documentação e talvez ainda subornem oficiais para que registrem aves capturadas na natureza como de cativeiro, disse Susan Lieberman, especialista em comércio internacional de animais selvagens na Wildlife Conservation Society.

Rastreando as origens

Mas pode haver um jeito.

Em seu laboratório ensolarado de pé-direito alto na Universidade de KwaZulu-Natal, Sandi Willows-Munro vasculha um freezer repleto de aves mortas e penas em busca de uma remessa confiscada de aproximadamente 200 papagaios-cinzentos que morreram no ano passado no Aeroporto Internacional King Shaka, em Durban.

“As carcaças chegam para mim. Recebo coisas bem estranhas” diz a geneticista.

Em sua morte, estas aves podem um dia ajudar seus parentes selvagens. Willows-Munro espera desenvolver um método genético que determine se uma ave foi capturada na natureza ou se foi nascida em cativeiro, através da determinação de diferentes perfis genéticos. Dado que aves em cativeiro costumam ser consanguíneas, certas versões de um gene se tornam predominantes e podem servir como uma impressão digital para o cativeiro.

Aparentemente, este trabalho com DNA poderia resultar em um teste que permita aos criadores, compradores em potencial ou inspetores nos aeroportos tirarem uma amostra de uma ave e revelar sua origem.

Craig Symes, ornitólogo na Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, estudou uma abordagem similar utilizando isótopos. Ele descobriu que analisar isótopos, ou diferentes variantes de um elemento, nas penas de papagaios-cinzentos poderia revelar suas dietas e, assim, suas origens.

Por exemplo, pássaros em cativeiro se alimentam de certos tipos de plantas com uma assinatura indicativa, como o milho, enquanto seus parentes selvagens têm uma dieta muito mais diversificada.

“Isso poderia ser usado como prova em qualquer julgamento em que alguém afirme que os pássaros foram criados em cativeiro, enquanto, na verdade, foram capturados da natureza” disse Symes.

“Nunca me canso disso”

Enquanto isso, criadores como Minnaar planejam continuar fazendo o que amam. “Adoro criar papagaios. Tomar conta dos ovos, tirar os bebês de dentro de suas cascas”, contou ele, em meio à gritaria constante de seu “berçário”.

Próximo a sua casa no interior da África do Sul, ele instalou uma série de incubadoras repletas de filhotes, em sua maioria cacatuas, em diferentes fases de desenvolvimento, como um grande berçário de hospital.

E, neste momento, estão todos com fome.

Começando pelos recém-nascidos, Minnaar alcança as incubadoras e alimenta os filhotes de bocas abertas com seringas. Ao serem alimentados, cada filhote rosado e desengonçado bate feliz suas pequenas asas.

“Nunca me canso disso”, diz Minnaar, sorrindo.

Fonte: National Geographic Brasil

Como os animais encontram remédios na natureza

Algo estranho aconteceu há 35 anos, quando o primatologista Mike Huffman estava estudando um grupo de chimpanzés no oeste da Tanzânia.

Chausiku, uma das fêmeas, deixou seus filhotes com outros animais da espécie, subiu em uma árvore e deitou-se em um ninho.

“É incomum que chimpanzés durmam durante o dia”, explica Huffman.

Então aconteceu algo extraordinário.

Chausiku desceu da árvore, pegou seu filho, caminhou devagar e com dificuldade, seguida pelo grupo, até que se sentou em frente a um arbusto.

“O nome do arbusto é mjonso”, explicou Mohamedi Seifu Kalunde, assistente de pesquisa de Huffman.

Kalunde é um renomado especialista na selva local. Ele foi treinado por seus pais e avós na arte da fitoterapia, estudo das plantas medicinais. “É um medicamento muito poderoso e importante para nós”, ele diz.

A planta, que em português é chamada de vernonia (Vernonia amygdalina), é usada na Tanzânia para tratar malária, parasitas intestinais, diarreia e dores de estômago.

Muitos outros grupos na África tropical e na América Central — que conhecem a erva por vários nomes, mas geralmente como “folha amarga” — também a usam para tratar doenças como malária, esquistossomose, disenteria amebiana e outros parasitas intestinais e dores de estômago.

A chimpanzé Chausiku arrancou alguns galhos e removeu a casca e as folhas, que se ingeridas em grandes quantidades podem ser letais.

O interessante — além de não ser uma planta que faça parte da alimentação desses primatas — é que Chausiku mastigou o miolo e depois cuspiu as fibras.

Será que a chimpanzé fazia isso não para se alimentar, mas para se sentir melhor?

Em outras palavras, Chausiku estava usando a erva deliberadamente como um medicamento?

Mjonso

Chausiku foi dormir em seu ninho mais cedo do que de costume.

No dia seguinte, Huffman e Kalunde notaram que ela continuava se sentindo mal: ela precisava descansar com frequência, movia-se devagar e comia pouco.

Mas tudo mudou cerca de 24 horas após a ingestão da seiva amarga de mjonso. A chimpanzé correu pela floresta até chegar a um prado pantanoso, onde devorou ​​grandes quantidades de figos, tutano de gengibre e capim elefante.

As observações que Huffman e Kalunde fizeram durante aqueles dois dias em novembro de 1987 se tornaram a primeira evidência documentada de um animal consumindo uma planta com propriedades medicinais e se recuperando posteriormente.

Eles teriam descoberto a medicina animal?

Conexão profunda

Embora seja verdade que esta foi a primeira evidência científica de automedicação em animais, Huffman enfatiza que não é uma descoberta, mas uma “redescoberta” de algo que algumas culturas deixaram cair no esquecimento.

Mas nem todas.

Na Tanzânia, por exemplo, aquela profunda conexão com a natureza ainda estava viva.

“Sabemos por nossa tradição que animais doentes procuram plantas para melhorarem, então usamos essas plantas para tratar nossas doenças também”, explicou Kalunde.

O episódio com os chimpanzés não foi a primeira vez que cientistas observaram o que parecia ser automedicação no reino animal.

Mais de uma década antes, o primatologista Richard Wrangham e seus colegas viram que os chimpanzés muitas vezes engoliam folhas inteiras sem mastigar. Na época, os cientistas se perguntaram se os animais faziam isso para curar infecções parasitárias.

A equipe até cunhou o termo zoofarmacognosia — do grego zoo (“animal”), farmaco (“droga ou remédio”) e gnosy (“conhecimento”) — para descrever o comportamento.

Mas eles não conseguiram provar que essas folhas continham produtos químicos tóxicos para os parasitas, ou que os chimpanzés estavam doentes antes ou que foram curados após se automedicar. Ou seja, ainda não havia elementos para provar a automedicação.

Sabendo disso, Huffman conseguiu que seus colegas bioquímicos analisassem a Vernonia amygdalina. Eles descobriram mais de uma dúzia de novos compostos com propriedades antiparasitárias.

Além disso, o primatologista coletou amostras fecais do grupo Chausiku e descobriu que, depois de mastigar a planta, os ovos do parasita nas fezes diminuíram em até 90% em um dia.

E mais, observações subsequentes mostraram que eles tendiam a mastigar folhas mais amargas durante a estação chuvosa, quando os parasitas eram mais abundantes.

“Esse foi o início desta jornada que embarquei há 35 anos ou mais”, diz Huffman, professor da Universidade de Kyoto, no Japão. Ele acabou se tornando um dos maiores especialistas em automedicação animal.

Chowsiku e sua planta de folha amarga foram a chave para estudos posteriores, que mostraram que o evento estava longe de ser único.

Na verdade, agora sabemos que esse tipo de comportamento vai muito além dos chimpanzés. Outros mamíferos, pássaros e até insetos tratam suas próprias doenças de maneiras diferentes.

Hábito estranho

O próprio Huffman começou a investigar relatos de outro lugar na Tanzânia, onde macacos tinham “o estranho hábito de pegar folhas ásperas, dobrá-las na boca e engoli-las”.

“Durante anos procurei um sistema para estudar adequadamente esse tipo de comportamento”, até que descobri “que na verdade eles estavam expulsando parasitas”.

Como as folhas são difíceis de digerir, elas “diminuem a quantidade de tempo que o alimento leva para passar pelo trato intestinal”.

Eles estavam limpando seu sistema digestivo. “Em exatamente seis horas, eles expulsaram os parasitas.”

Depois de discutir o assunto com os colegas, um grupo de cientistas começou a investigar. Hoje se sabe que existem 40 espécies diferentes de folhas que 17 populações diferentes de chimpanzés, bonobos e gorilas usam para se livrar de parasitas.

E os primatas não são os únicos a usar essa técnica.

“Agora sabemos que pequenos mamíferos como a civeta também dobram e engolem folhas e expelem parasitas, e grandes mamíferos como o urso pardo e o urso preto fazem parecido”, diz o cientista.

foto: shutterstock.com/photos

Algumas araras e papagaios usam argila para tratar dores de estômago; a argila se liga às toxinas e as remove do corpo — Foto: Getty Images via BBC

“Também os gansos da neve canadenses, geralmente os mais jovens, se automedicam antes de migrar no inverno, quando vão para o sul e têm um longo caminho a percorrer. Eles limpam seus sistemas antes de passar por esse longo e estressante período sem poder se alimentar”.

As borboletas usam remédios?

“No ano passado, uma observação realmente interessante foi feita em Bornéu (ilha no sudeste asiático): orangotangos estavam mastigando certas plantas, mas sem engoli-las, apenas triturando-as com os dentes até formar uma pasta que depois era esfregada por 15 a 45 minutos”, disse Kim Walker, do Royal Botanic Gardens, em Londres.

“O que é realmente interessante é que era a mesma planta que a população humana local usava para dores nas articulações.”

“Há muitos, muitos animais que usam todos os tipos de drogas para tratar seus próprios patógenos e infecções”, diz Jaap De Rhoda, biólogo da Emory University, em Atlanta, nos Estados Unidos.

“Mas eu estava interessado em entender se animais com cérebros menores e mais diferentes do ser humano também poderiam usar formas de medicação.”

Os insetos são um grupo de animais que desenvolveram uma ampla gama de diferentes estratégias de medicação.

Um exemplo é a borboleta-monarca que, quando ainda é lagarta, só pode comer erva-leiteira ou as plantas leiteiras. Essas plantas tóxicas contêm substâncias químicas chamadas cardenólidos.

As borboletas são imunes a esses compostos tóxicos, que se acumulam em seu sistema e as protegem de predadores. Mas, além disso, as espécies de erva-leiteira que apresentam maiores concentrações desses elementos acabam defendendo esses insetos de um parasita mortal: Ophrycocystis Electroscirrha.

A questão a se descobrir é se a borboleta-monarca procura especificamente essas espécies medicinais de erva-leiteira quando já estão doentes.

“Para nossa grande surpresa, descobrimos uma forte preferência entre as borboletas-monarca infectadas em colocar seus ovos nessas plantas medicinais que reduzirão a infecção em seus descendentes futuros. Já aquelas que não estão infectadas, escolheram plantas ao acaso.”

E há outra criatura frágil e pequena que tem conhecimento médico.

O remédio das abelhas

“As abelhas têm maneiras diferentes de tratar suas infecções”, diz De Rhoda.

“Por exemplo, elas coletam resinas das árvores, a substância pegajosa que as árvores produzem como defesa. As abelhas misturam a resina com sua cera, usam em suas colmeias e está comprovado que esse composto reduz o crescimento de todos os tipos de patógenos”, explica.

Não apenas serve como uma defesa em suas casas, mas “agora elas também podem consumi-lo, para reduzir as doenças em seu próprio corpo”.

Para De Rhoda, “uma das coisas interessantes sobre isso é pensar que a medicina é uma profissão que pode evoluir com o tempo, mas que também pode se perder. E é isso o que estamos vendo com as abelhas”.

“A viscosidade é irritante, então, ao longo dos anos, os apicultores eliminaram inadvertidamente essa droga, selecionando as abelhas que usavam menos resina.”

“Agora devemos repensar as coisas e deixar as abelhas escolherem os próprios remédios, medicamentos que elas usam há milhões de anos, porque isso pode realmente beneficiar as colônias e, portanto, os apicultores”.

fonte: matogrossomais
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Fêmeas de periquito australiano preferem os machos mais inteligentes

As fêmeas de periquito australiano preferem os machos mais inteligentes: segundo experimento chinês, elas podem até mudar de parceiro caso encontrem outro com maiores habilidades cognitivas. Descoberta reforça a Teoria da Evolução, de Charles Darwin.

Desde que foi proposta por Darwin, a Teoria da Evolução supõe que, no reino animal, indivíduos mais inteligentes são os preferidos na escolha de um parceiro sexual. Dessa forma, com o passar do tempo, apenas os melhores exemplares de cada espécie sobrevivem. Essa ideia acaba de ganhar reforço graças a descobertas de cientistas chineses. Em experimentos com aves, eles observaram que periquitos-australianos machos que mostram inteligência se tornam mais atraentes aos olhos das fêmeas. As descobertas foram publicadas na última edição da revista americana Science.

Estudos anteriores da mesma equipe com essas aves focaram em comportamentos correlacionados com a inteligência, como a preferência por música. Apenas depois de determinar essas características, o fator de atração entre os pares foi analisado. “Em algumas espécies, a variação nas habilidades cognitivas é correlacionada com o sucesso reprodutivo. Uma preferência para companheiros inteligentes pode, portanto, contribuir na seleção (…) É necessário explorar melhor essas habilidades, por meio das necessidades reais, e a atratividade do parceiro de forma conjunta. E isso foi o que resolvemos pôr em prática com o experimento”, explicam, no artigo, os cientistas, liderados por Yue-Hua Sun, pesquisador do Departamento de Zoologia da Academia Chinesa de Ciências.

Nos testes, fêmeas de periquito australiano foram reunidas com machos para que escolhessem os parceiros. Em uma segunda etapa, elas assistiram aos candidatos realizando uma tarefa: abrir uma caixa, uma espécie de quebra-cabeça, que estava cheia de comida. Nessa fase, havia animais já treinados para desempenhar a atividade e outros que tentavam pela primeira vez.

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A descoberta

Os pesquisadores perceberam que, depois que as fêmeas observaram as aves treinadas abrirem com sucesso as caixas e testemunharam que o parceiro escolhido não havia feito da mesma forma, as aves mudaram as preferências para os machos inteligentes. “De acordo com os resultados, a observação direta de comportamento inteligente, como a capacidade de resolver problemas para obter acesso a alimento, pode afetar a escolha de parceiros em aves, tornando os machos treinados preferidos pelas fêmeas, um comportamento que poderia estar por trás da evolução de desempenho cognitivo”, destacam os autores.

A equipe acredita que mais pesquisas precisam ser realizadas, mas considera que os resultados obtidos contribuem para reforçar a ideia de que o mesmo comportamento pode ocorrer em outras espécies. “Esses dados suportam várias hipóteses, começando com a de Darwin, que a seleção presente nas relações sexuais afetariam a evolução das características em todas as espécies animais. Mas, é claro, que mais estudos precisam ser conduzidos para examinar quão geral são nossas descobertas.”

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(Foto: Chrysty Lande – Flickr)

Evolução animal

A inteligência é uma capacidade cognitiva bastante explorada em estudos de comportamento animal e, geralmente, é relacionada a maior sucesso na sobrevivência, segundo Georg F. Striedter, pesquisador da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. “Na análise das espécies, mamíferos de cérebro grande e pássaros, que são considerados superiores em suas capacidades cognitivas, mostram maior longevidade do que os parentes de cérebro menor”, afirma o especialista, em um texto opinativo publicado na mesma edição da revista Science.

Segundo Georg F. Striedter, comparações em contextos de resolução de problemas, especialmente em relação a atividades relacionadas à caça, mostram correlações com fecundidade. O especialista acredita que os dados obtidos no experimento chinês reforçam esses conceitos e podem abrir as portas para mais estudos relacionados à evolução no reino animal. “A abordagem empregada por Chen e sua equipe é uma considerável promessa para o avanço da pesquisa empírica na escolha do parceiro com base em características cognitivas. Numerosas espécies têm a capacidade de escolher companheiros usando mais de uma característica, e o conjunto completo dessas características relevantes ainda não é conhecido em nenhuma espécie. Portanto, acredito que essa metodologia se tornará uma importante ferramenta para pesquisas relacionadas à escolha de parceiros”, explica.

Para saber mais

Contribuições históricas

O naturalista inglês Charles Darwin (foto), nascido em 1809, mudou totalmente a ciência com o desenvolvimento da Teoria Evolutiva e a seleção natural, divulgadas pela primeira vez no livro A origem das espécies, publicado em 1859. De acordo com o cientista, os organismos mais bem-adaptados têm chances maiores de sobrevivência. Com base nessa ideia, os seres mais evoluídos deixam um número maior de descendentes.

O cientista chegou a essas conclusões após um trabalho extenso de pesquisa durante uma viagem de cinco anos, na qual explorou América do Sul, Nova Zelândia e Austrália. Darwin observou uma série de animais que viviam no arquipélago de Galápagos e percebeu que cada espécie tinha características distintas de indivíduos encontrados em outras regiões. Com isso, e chegou à conclusão de que, mesmo com um ancestral em comum, os animais foram levados a evoluir devido ao ambiente diferente em que viviam.

Há especialistas que contestam essas ideias, e outros que tentam entender melhor os conceitos recorrendo à ajuda de instrumentos modernos. Avanços na genética, por exemplo, têm ajudado a revelar, com detalhes, mudanças ocorridas em organismos de animais ao longo dos anos.

 

Fonte: Correio Braziliense, 11.01.19 – por Vilhena Soares
seu cão entende o que você está sentindo comportamento canino ethos animal etologia

Seu cachorro sabe o que você está sentindo?

Os cães vivem intimamente ligados a seres humanos há milhares de anos, e isso faz com que muitos pesquisadores (e amantes desses animais) se concentrem em uma pergunta: eles nos entendem? Seu cachorro sabe o que você está sentindo?

 

Não é difícil perceber que existem muitas diferenças nas formas como nos comunicamos. Cachorros usam movimentos sutis de seus corpos, especialmente das orelhas e do rabo. Claramente não podemos nos expressar dessa forma; ao invés disso, usamos mais intensamente expressões faciais. E, enquanto mostrar os dentes geralmente é um sinal de agressividade nos cães, costuma indicar felicidade em humanos. Eles percebem essas diferenças?

 

Muitos estudos indicam que sim! Pesquisadores da Universidade de Vienna, por exemplo, realizaram um experimento em que mostraram aos cães imagens de rostos pela metade (só a parte de cima ou só a parte de baixo). Um dos grupos era recompensado sempre que tocava nos rostos de pessoas felizes, e outro sempre que tocava nos rostos de pessoas bravas. Depois, quando viam imagens da outra metade dos rostos mostrando essas mesmas emoções, eles ainda conseguiam diferenciar os felizes dos bravos, mesmo quando eram de pessoas nunca vistas antes.

 

Além de mostrar que os cães podem reconhecer nossas emoções, os autores observaram que os cães aprendiam mais rápido quando eram recompensados por tocar nos rostos felizes do que nos bravos. Isso pode indicar que eles enxergam os rostos bravos como estímulos negativos.

 

Outro estudo que contribui para essa ideia foi realizado por pesquisadores da USP, em parceria com a Universidade de Lincoln. A equipe mostrou aos cães imagens de humanos e cães felizes e bravos, e observou que os cães lambiam com mais frequência a própria boca ao ver humanos bravos. O comportamento de lamber a própria boca é associado a estresse ou desconforto, demonstrando novamente que os cães parecem entender o significado de uma expressão brava.

 

Uma pesquisa anterior da mesma autora demonstrou que os cães conseguem associar rostos e vocalizações humanas que demonstram o mesmo sentimento. Ou seja, eles obtêm informações emocionais de estímulos visuais e auditivos, e conseguem integrá-los. Os pesquisadores levantam que é provável, então, que cães entendam o significado emocional de nossas expressões.

 

Em outro trabalho, quando cães observaram pessoas fingindo chorar ou apenas cantarolando, eles mais frequentemente foram cheirar, lamber e cutucar com o focinho as pessoas chorando. Os autores desse experimento, de Goldsmiths College, levantam que isso pode ser um sinal de comportamento empático com as pessoas que pareciam estar tristes.

 

Ainda temos muito a aprender sobre como nossas emoções são reconhecidas e afetam nossos cães, mas já dá pra ver que eles parecem nos entender bem. Então, quando estiver feliz, lembre-se de dividir a alegria com seu melhor amigo!

 

Referências:

Albuquerque, N. et al. (2016). Dogs recognize dog and human emotions.

Albuquerque, N. et al. (2018). Mouth-licking by dogs as a response to emotional stimuli.

Custance, D; Mayer, J. (2012). Empathic-like responding by domestic dogs (Canis familiaris) to distress in humans: an exploratory study.

Müller, C.A. et al. (2015). Dogs can discriminate emotional expressions of human faces.

Siniscalchi, M; d’Ingeo, S; Quaranta, A. (2018). Orienting asymmetries and physiological reactivity in dogs’ response to human emotional faces.

Alcock, J. Comportamento animal. 9. Ed. 2011.

Bradshaw, J. Cão senso. 1. ed. 2012

Horowitz, A. A cabeça do cachorro. 4. ed. 2013

 

A autora:
Juliana Werneck é bióloga graduada na Universidade de São Paulo e adestradora formada pela Ethos Animal. Atualmente pesquisa comunicação entre cães e seres humanos no Instituto de Psicologia da USP.

Papagaios do Congo demonstram auto-controle, diz pesquisa científica

Texto e fotos por Dra. Irene Pepperberg

Papagaios cinzentos podem às vezes ser impulsivos – pense em quantas vezes você pode ter que dar ao seu pássaro vários intervalos para o mesmo comportamento (como mastigar seus óculos escuros) em um período de tempo muito curto. No entanto, meus alunos e eu mostramos que nosso papagaio, Griffin, pode realmente mostrar um pouco de autocontrole. Descobrimos isso dando-lhe uma tarefa clássica usada para testar crianças.

A tarefa é informalmente chamada de “teste de marshmallow” e foi projetada pelo psicólogo Walter Mischel na década de 1970. Ele examinou cerca de 60 crianças, todas com aproximadamente 4 anos de idade, em um ambiente de laboratório. Ele usou várias versões da tarefa, mas na versão mais comum, ele sentou cada criança atrás de uma mesa, na qual ele colocou um prato com um marshmallow.

Ele disse à criança que tinha um compromisso e que voltaria em 15 minutos. Ele disse à criança: “Se você puder deixar de comer o marshmallow no prato na minha ausência, eu lhe darei um segundo marshmallow quando eu voltar”. Ele também disse às crianças que elas poderiam comer o primeiro marshmallow a qualquer hora, mas que, se não esperassem pelo seu retorno, não poderiam ter o segundo. E então saiu da sala (Mischel, 1974).

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Agora, se você sabe alguma coisa sobre crianças de 4 anos, para elas 15 minutos é uma vida. Muitas crianças desistiram e comeram o primeiro marshmallow. Mas várias crianças conseguiram esperar, e quase todas conseguiram realizar a tarefa descobrindo como se distrair. Eles se levantaram da mesa e dançaram ao redor; sentaram-se à mesa e cantaram para si mesmos. Às vezes, eles lambiam o marshmallow, mas não o comiam. Eles brincavam com seus cabelos ou roupas. Alguns até tentaram tirar uma soneca.

Mischel argumentou que aqueles que esperavam tinham mais autocontrole, uma forma de função executiva. Ele supôs que as crianças com mais autocontrole teriam mais sucesso em certas situações, como poder terminar o dever de casa antes de sair para brincar. Até que ele entrevistou essas crianças cerca de 30 anos depois que descobriu que sua hipótese estava correta: as crianças que haviam esperado mais tempo, na maior parte das vezes, tinham se saído melhor na escola, tinham ido mais longe. Faculdade concluída, tiveram melhores empregos e menos divórcios! [Uma nota: todas as crianças que ele testou vieram de famílias de classe média.]

Quando experimentadores subseqüentemente testaram crianças de comunidades empobrecidas, essas crianças muitas vezes não esperaram e deram razões como não confiar que o pesquisador voltasse, ou disseram que temiam que alguém comesse o segundo marshmallow ou até que alguém viesse e roubasse o primeiro … um comentário triste, com certeza.]

Não-humanos submetidos ao teste

Meus alunos e eu lemos alguns artigos nos quais os pesquisadores usaram essa tarefa de gratificação atrasada em assuntos não humanos. Muitos trabalhos envolviam experimentos com primatas não humanos, mas nenhum desses estudos havia realmente testado os animais exatamente da mesma maneira que Mischel havia testado as crianças. De fato, sentimos que alguns dos testes nos primatas não humanos provavelmente tinham algumas falhas de projeto. No entanto, em testes muito semelhantes aos usados por Mischel, as cacatuas e alguns corvideos pareciam ser capazes de esperar por uma recompensa melhor, embora não por mais recompensa (ver Auersperg et al., 2014; Hilleman et al., 2014). .

As cacatuas esperaram por muitos segundos; os corvideos por até 10 minutos. Curiosamente, os corvideos, que muitas vezes armazenam alimentos na natureza, às vezes armazenam a primeira recompensa enquanto esperam – possivelmente um caso de “fora da vista, fora da mente”. Esses estudos nos fizeram pensar se um papagaio cinza africano poderia se sair tão bem quanto crianças, ou talvez até melhor do que as cacatuas e corvideos. Sabíamos que nosso papagaio cinzento, Griffin, entendia a palavra “esperar” – embora ele não tivesse escolha, ouvia a palavra todos os dias quando dizíamos a ele que esperasse que seus grãos cozidos esfriassem e esperasse enquanto as pessoas entrassem no laboratório usadondo desinfetante para as mãos e tirassem os sapatos fora da sala antes de ir cumprimentá-lo. Então, passamos a testá-lo, usando a tarefa exata de Mischel (Koepke et al., 2015).

Observamos que em quase todos os outros testes com não-humanos, os pesquisadores ajustaram o procedimento de Mischel. Por exemplo, eles aumentaram lentamente o tempo de espera – portanto, se os participantes pudessem se abster de comer um amendoim por 10 segundos, no próximo teste tentariam fazer o sujeito esperar 20 segundos, e assim por diante, até que os sujeitos falhassem. Tal procedimento poderia realmente estar treinando os sujeitos a esperar, ao invés de testar seu comportamento básico.

Para controlar essa possibilidade, misturamos todos os tempos de espera. Outros pesquisadores às vezes usavam apenas um par de guloseimas; Queríamos garantir que um tratamento não fosse algum tipo de sinal para outro tratamento, por isso usamos vários pares diferentes de prêmios. E também queríamos garantir que Griffin não interpretasse a palavra “espera” como um comando treinado (como aquele dado a um cachorro que tem um biscoito colocado no nariz e tem que esperar por um comando para virar e comer). Então, em alguns testes, apresentamos a recompensa mais favorecida e pedimos a Griffin que esperasse pelo menos favorecido.

Griffin cinza africano joga o jogo de espera

Griffin conseguiu a tarefa – ele esperou em 108 dos 120 testes. Ele foi tão bem sucedido nos atrasos de 15 minutos quanto nos atrasos de 10 segundos. Ele não aprendeu a esperar … ele cometeu tantos erros no final do teste quanto no início, e houve tantos atrasos no início quanto no final do experimento. Os diferentes tipos de tratamento não importavam, mas em dois de seus fracassos, as recompensas eram muito próximas em termos de desejo (um caju e um doce), e ele decidiu comer a recompensa ligeiramente menos favorecida quase imediatamente.

Nos julgamentos em que lhe pedimos para esperar por algo menos favorável, ele mal esperou – ele passou um segundo ou dois olhando para nós como se fôssemos dementes e, em seguida, imediatamente comeu a recompensa, mostrando que ele estava muito consciente de quando ele deveria e não deveria esperar. E ele não estava simplesmente perdendo o interesse pela recompensa – em alguns de seus fracassos, ele esperou até quase o fim do período de atraso – em um caso, mais de 14 minutos – antes de sucumbir à atração da recompensa que estava presente.

O que foi particularmente interessante, no entanto, foram os padrões de comportamento que ele exibiu enquanto esperava: Ele fez quase as mesmas coisas que as crianças pequenas! Ele falou para si mesmo, ele tentou tirar uma soneca, ele se arrumou, virou a cabeça. Como as crianças, ele às vezes lambia a recompensa, mas não a comia. Na verdade, fizemos um vídeo em tela dividida das crianças (do YouTube) e Griffin para usar em uma apresentação em uma conferência, embora não pudéssemos usá-lo em nosso artigo publicado.

Claramente, os papagaios cinzentos podem, às vezes, agir de forma precipitada. No entanto, quando vale a pena, eles estão definitivamente dispostos a esperar, especialmente por uma recompensa melhor. Na natureza isso faz muito sentido: se ao forragear, as aves se depararem com algumas frutas, mas souberem que nozes mais densamente calóricas estão um pouco mais adiante, é muito melhor para elas esperar pelas nozes do que se encher de fruta. O próximo passo, é claro, é ver se Griffin vai esperar por mais uma recompensa … e isso pode não ser tão fácil, pois faz menos sentido ecológico: não há razão para não parar em um pequeno pedaço de nozes e comer -los enquanto espera algo maior. Fique ligado para ver o que o Griffin fará!

Tradução livre por Helena Truksa

ORIGINAL EM INGLÊS: https://lafeber.com/pet-birds/inside-dr-pepperbergs-lab-african-grey-parrots-show-self-control/

Referências:

Auersperg, A. M. I., Laumer, I. B., & Bugnyar, T. (2013). Goffin cockatoos wait for qualitative and quantitative gains but prefer ‘better’ to ‘more’. The Royal Society: Biology Letters, 9, Article 20121092.

Hillemann, F., Bugnyar, T., Kotrschal, K., & Wascher, C. A. F. (2014). Waiting for better, not for more: Corvids respond to quality in two delay maintenance tasks. Animal Behaviour, 90, 1–10.

Mischel, W. (1974). Processes in delay of gratification. In L. Berkowitz (Ed.), Advances in experimental social psychology, Vol. 7 (pp. 249–292). New York, NY: Academic Press.

CSI Animal Vida selvagem

Laboratório de investigação forense nos EUA atua em crimes contra animais

Ajudando a resolver os crimes contra animais mais selvagens, a primeira pergunta: de que espécie era a vítima?

A jovem águia dourada na mesa de operações não demonstrou sinais externos de trauma. Um raio-X não revelou fraturas.

Mas este pássaro, uma espécie protegida, estava morto – e é por isso que estava aqui, em laboratório. Ele havia sido enviado para essa pitoresca cidade universitária por agentes federais em algum lugar do Ocidente, que suspeitavam ter sido eletrocutado por linhas de energia. Agora sua carcaça era evidência em uma investigação que poderia levar a acusações criminais contra uma empresa de serviços públicos.

Um patologista veterinário estava prestes a abrir a ave na esperança de determinar sua causa de morte. Essa instalação federal incomum, o único laboratório forense de serviço completo do mundo para crimes contra a vida selvagem, analisa milhares de criaturas que a cada ano cruzam seu limite na forma de carcaças, peças e produtos. Sua missão é usar a ciência para descobrir como o animal morreu – e muitas vezes, para descobrir que tipo de animal era.

“No trabalho policial, você sabe o que é sua vítima – é o Homo sapiens”, disse Ken Goddard, um ex-investigador de cena de crime que agora dirige este lugar, o Laboratório Forense do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA. “Nosso primeiro trabalho é descobrir o que a vítima é.”

Laboratório de investigação forense nos EUA atua em crimes contra animais Ethos Animal Comportamento 05
A patologista veterinária Rebecca Kagan tira uma foto durante uma necropsia de uma águia-real, uma ave protegida que era suspeita de ter sido eletrocutada por linhas de energia.

O crime contra a vida selvagem é uma empresa global multibilionária que, segundo os especialistas, só aumenta à medida que as redes de caça e tráfico crescem mais sofisticadas e avançam para os cantos escuros da Internet. Quando as autoridades interrompem esse empreendimento, esse laboratório costuma ser uma parada crítica em suas investigações. Seus cientistas realizam testes de DNA, examinam balas, identificam venenos e comparam os restos mortais a cerca de 35.000 exemplares da coleção de referência do laboratório – uma panóplia macabra de peles, ossos, penas e garras.

Quando 13 águias-brancas apareceram mortas em um campo de Maryland há dois anos, os químicos descobriram que foram mortas por um pesticida proibido. Quando um misterioso canino parecido com um lobisomem foi baleado em Montana neste verão, os geneticistas concluíram que era apenas um lobo de aparência estranha. Quando um membro de uma infame gangue irlandesa se confessou culpado no ano passado de exportar ilegalmente uma xícara de chifre de rinoceronte, ele o fez depois que o laboratório determinou que a embarcação era feita de um grande rinoceronte indiano ameaçado de extinção.

Não que Goddard ou seus colegas lhe digam isso.

“Nós nunca ligamos para ver como o caso foi no tribunal”, disse ele. “A estrela de ouro na parede é uma apresentação bem-sucedida, não um processo bem-sucedido”.

O laboratório de 40 mil metros quadrados é um prédio federal, mas parece quase pitoresco, em comparação com as fortalezas de Washington. Os visitantes não passam por detectores de metal, embora as evidências sejam às vezes radiografadas na chegada. Um novo portão de barreira do estacionamento foi instalado neste verão para deter bombardeiros de caminhões, não por causa de uma ameaça específica, disse Goddard, mas porque é um protocolo nas instalações do governo. Goddard ironiza que alguns funcionários da sede nem sabem que o laboratório de 34 funcionários existe.

Mas o laboratório está na vanguarda desse tipo de ciência. Seus refrigeradores genéticos armazenam dezenas de milhares de amostras de DNA animal. Seu vice-diretor, Ed Espinoza, fez várias descobertas, incluindo um método para identificar tipos de marfim e o uso de um espectrômetro de massa para determinar a espécie e, às vezes, a origem da madeira – um alvo crescente dos traficantes. O biólogo Johnnie French viaja para países africanos para treinar guardas florestais em técnicas de investigação da cena do crime (CSI) para usar quando encontram rinocerontes e elefantes.

Mas o trabalho principal de French é como uma espécie de curador e gerente de uma coleção macabra que reflete o fascínio de longa data dos seres humanos em reunir animais vivos e mortos. Uma sala após outra no laboratório guardam cacifos e gavetas de metal cheios de espécimes que foram apreendidos pelas autoridades ou doados: um armário de peles felpudas, uma bandeja de pássaros-do-paraíso em tons de arco-íris, uma bolsa bizarra feita de macaco. , a pele bronzeada e camurça do rosto de um elefante. A coleção é tão vasta que o laboratório logo começa a trabalhar em um novo depósito de 14.000 pés quadrados para abrigá-lo.

Um armário de armazenamento, chamado “BACULA – ÓRGÃOS SECOS”, contém ossos de pênis de animais reais e moldes. (Um item de um pé vendido para fins medicinais falsos como um pênis de tigre era na verdade de um touro, descobriu o laboratório.)

French dá o que ele chama de “tour de paisagens e cheiros”, que começa com uma pequena sala onde as larvas de besouros comedores de carne em caixas transparentes retiram a carne de ossos de animais para que possam ser analisadas ou armazenadas para referência. Do outro lado do corredor, fica a sala de preparação do francês, onde ele tira a pele das amostras recém-adquiridas.

“Esse cara é um dos meus favoritos”, disse French, um ex-soldado pára-quedista, enquanto puxava uma víbora Gaboon morta, mas muito viva, de um freezer ambulante, uma das várias cobras apreendidas em uma investigação federal em Nevada. “Esse garoto do ensino médio tinha 43 das cobras mais venenosas em seu quarto. E a mãe dele não fazia ideia.

Uma hora depois, uma entrega da FedEx veio: Duas caixas de carcaças congeladas do zoológico de Santa Ana, na Califórnia, que, como outros zoológicos, doam para a coleção do laboratório. Este continha uma ema, vários primatas e um tamanduá gigante que, descobriu French quando rasgava várias camadas de sacolas plásticas, sentia falta da cabeça por motivos que não conhecia.

“Processarei cada um dos seus dígitos individualmente. Dessa forma, podemos sempre voltar em cinco anos ou 10 anos e dizer: “Você sabe, este colar parece ter garras de tamanduá gigante”, explicou ele. Saber o que cada garra parece ajudaria os cientistas a determinar se tal colar era “feito de um indivíduo ou três”.

O laboratório lida principalmente com casos federais, mas também é o laboratório oficial do partido das 182 nações da CITES, a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres. Goddard foi contratado para ajudar a lançá-lo em 1979, após o que ele descreveu como vários anos trabalhando como “diretor de um laboratório policial na Califórnia do sul desenterrando corpos no deserto”. A instalação acabou em Ashland, uma cidade ladeada por duas montanhas. fica ao norte da fronteira com a Califórnia, em parte porque um quiroprático local pressionou os senadores do Oregon a apoiar o projeto.

O laboratório começou a trabalhar casos uma década depois, e Goddard, um homem de 72 anos com a voz grave de um locutor de rádio, está lá desde então. Ele diz que o trabalho deu a ele a confiança de que ele considerará sua vida profissional como significativa; também é fornecido forragem para o seu show-lado como romancista de crime.

“O senso de humor é importante”, disse Goddard enquanto estava entre vários produtos de origem animal exibidos no laboratório de morfologia, que, ele enfatizou com um sorriso, nunca encontrou uma amostra de um gato. “Você não pode se levar muito a sério nesse trabalho.”

O diretor do laboratório, Ken Goddard, ex-diretor do laboratório de polícia, foi contratado para lançar a instalação da vida selvagem em 1979.
O diretor do laboratório, Ken Goddard, ex-diretor do laboratório de polícia, foi contratado para lançar a instalação da vida selvagem em 1979.

Naquela tarde, a patologista veterinária Rebecca Kagan levou a águia-real morta para um quarto dos fundos e apagou as luzes. Usando óculos de proteção vermelhos, ela segurava uma fonte de luz alternativa, do tipo usado com freqüência na perícia para detectar impressões digitais. Mas, como ela e seus colegas haviam descoberto anos antes, também pode revelar lesões elétricas no cabelo ou nas penas.

Kagan ficou surpreso ao não encontrar nenhum no pássaro, então ela o levou de volta para a mesa de metal elevada. Logo, ela encontrou outra surpresa. O sangue foi reunido em pontos dentro da águia dourada, que ela começou a esculpir.

“Não é realmente consistente com a eletrocussão. Interessante ”, disse Kagan. Isso poderia ter sido causado pela ingestão de veneno de roedores, segundo ela, que os químicos teriam que determinar.

Um gráfico na parede do laboratório mostrou várias pelotas de fuzil. Outro explicou como diferenciar águias douradas e carecas de restos esqueléticos.

As descobertas do laboratório foram frequentemente usadas em processos sob a Lei do Tratado sobre Migração de Aves. Mas a administração Trump disse nesta primavera que não aplicaria mais o tratado, de 100 anos este ano, a assassinatos não intencionais de pássaros. Águias douradas e carecas permanecem amplamente protegidas sob outra lei federal, no entanto, as aves continuam a aparecer em Ashland.

Do outro lado da sala, Tabitha Viner, também patologista veterinária, usava luvas cirúrgicas roxas e escutava Simon e Garfunkel enquanto examinava uma águia careca que poderia ter sido atingida por uma turbina eólica.

“Em uma autópsia humana, as pessoas não escondem suas contusões”, mas os animais sim, disse Viner. “A pergunta dos agentes especiais é sempre: um humano matou?”

Viner, que já trabalhou no Smithsonian’s National Zoo, fez um raio X de seu pássaro, e agora ela estava sentada na frente de um computador, inspecionando os resultados.

“Ambas as asas estão fraturadas. Este úmero está meio desaparecido. Esta perna está fraturada ”, disse ela, acrescentando que todos eram sinais de um impacto de força brusca de alta velocidade mais prejudicial do que, digamos, uma colisão de carros.

“O ícone da nossa nação”, ela disse calmamente enquanto continuava a examinar a carcaça. “Meio quebrado.”

Veja o site do laboratório aqui.

Uma gaveta contendo pássaros-do-paraíso pode ser encontrada como parte da coleção no laboratório forense.
the washington post – Texto por Karin Brulliard | Fotos de Leah Nash
Bem-Estar para Animais de Produção

Vacas ganham escovas para se coçar: Bem-Estar para animais de produção

Vacas ganham escovas giratórias: Alguns pesquisadores acham que as escovas mecânicas não são apenas uma futilidade de SPA para vacas leiteiras – eles são importantes para o bem-estar do animal.

Vacas, como cães e pessoas, gostam de uma boa “coçada”. Em liberdade, eles esfregam seus corpos contra postes ou árvores para remover parasitas ou ficarem limpos. Alguns fazem tanto, que eles podem quebrar torres de transmissão de rádio se você não cercá-las.

Mas muitas vacas leiteiras nos Estados Unidos nunca vão pastar. E mesmo quando o fazem, as vacas podem passar invernos amarradas em um celeiro. Então, se uma vaca tem uma coceira para coçar, o que ela pode fazer?

Em muitos locais, nada.

Mas em alguns lugares, há a escova mecânica.

Este aparelho, giratório e motorizado liga quando uma vaca o toca, permitindo que o animal alcance lugares do corpo que ele não poderia alcançar. Em média, as vacas passam sete minutos por dia esfregando suas cabeças, pescoços e costas nesses volumosos protetores corporais. E alguns pesquisadores acham que essas escovas mecânicas não são apenas uma futilidade de spa para vacas leiteiras – elas são importantes para o bem-estar do animal.

“Não temos idéia de como as vacas pensam”, disse Marina von Keyserlingk, que estuda bem-estar animal na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. “Mas o que sabemos é que elas estão altamente motivadas para se escovar. E o que acontece se não puderem?

Testando a vontade dos animais de trabalhar para ter acesso a ração fresca, escovas mecânicas e espaço vazio, a Dra. Von Keyserlingk e sua equipe treinaram vacas leiteiras prenhes, saudáveis ​​e cobertas para abrir um portão pesado. Olhando para o peso que eles estavam dispostos a empurrar antes de desistir, os pesquisadores tiveram uma ideia da importância relativa de cada recurso para as vacas.

Os pesquisadores suspeitaram que a escova viria em segundo lugar para as vacas famintas. Mas as vacas trabalhavam tão duro para a escova quanto comida fresca. Seus resultados, publicados na edição de quarta-feira da revista “Biology Letters”, sugerem que uma vaca pode precisar de escovas mecânicas para se alojar dentro de casa e que os produtores de leite deveriam considerar tê-las em seus celeiros.

As escovas podem beneficiar os agricultores, impedindo as vacas de destruírem superfícies dentro de celeiros e agradando aos consumidores que, cada vez mais, querem saber que os animais são saudáveis ​​e, mais importante, felizes.

Bem-Estar para Animais de Produção
Créditos: Benjamin Lecorps/UBC Animal Welfare Program

Para as vacas, o uso de escovas mecânicas pode afastar os surtos de parasitas, coçar e remover a pele morta. Mas a preparação também ajuda muitas espécies – talvez incluindo vacas – a lidar com o estresse.

“A maneira como vejo uma vaca se movendo sob essa escova vai muito além de aliviar essa coceira”, disse Temple Grandin, pesquisadora da Colorado State University, conhecida por seu trabalho sobre comportamento e bem-estar de animais de fazenda e que não esteve envolvida no estudo.

Os animais têm emoções, talvez não tão complexas, mas semelhantes aos humanos, ela disse (embora a natureza dessas emoções seja um tema atual entre os behavioristas de animais). Eles têm o mesmo sistema nervoso básico e os mesmos neurotransmissores em partes emocionais do cérebro.

“O que eles não têm é um córtex gigantesco que pode fazer coisas como voar até a lua ou construir aquele computador super complexo que você está usando agora”, disse a Dra. Grandin. “Eu vou dizer que a vaca leiteira gosta disso. É como ir ao spa.

Mas a Dra. Grandin e a Dra. Von Keyserlingk acham que, porque as vacas estão tão determinadas a chegar à escova, a limpeza pode ser mais parecida com a necessidade que temos de aparar nossas unhas.

Escovas mecânicas são necessárias na Dinamarca, mas não nos Estados Unidos ou no Canadá. E pode demorar um pouco até vermos mais delas, disse a Dra. von Keyserlingk, porque os estados e as províncias governam os cuidados com os animais nos Estados Unidos e no Canadá. Eles também são caros e de alta manutenção.

Em vez disso, a indústria e os consumidores podem impulsionar a demanda por escovas de gado.

“Se conseguirmos que a indústria assuma o controle e possa adaptar essas práticas recomendadas, elas serão muito mais ágeis do que a legislação”, de acordo com a Dra. von Keyserlingk.

No final, ela disse, “a ciência só pode nos dizer quais são as opções. Não pode nos dizer o que devemos fazer. ”

 

Fonte: The New York Times – 08/08/2018 – Science – por JoAnna Klein

Holanda proíbe uso de colar de garras

Na Holanda, o uso do chamado colar de garras foi proibido desde 1º de julho de 2018.

De acordo com a lei sobre o bem-estar animal, considera-se agora um ato de crueldade contra animais “usar ou amarrar um animal com um objeto com pontas afiadas ou dentes que possam causar dor”.

O uso de e-collars (colar eletrônico) continua a ser permitido no momento, mas será regulado em um momento posterior.

Veja texto traduzido do original em holandês e publicado em 02 de Julho de 2018, no site LICG.nl:

 

“A partir de 1 de julho de 2018, o colar de garras está proibido.

Uma importante lei que visa garantir a saúde e o bem-estar dos animais é a chamada ‘Animals Act’. A Lei Animal afirma que é proibido maltratar animais ou negligenciar animais.

Artigo 2.1 O Direito Animal estabelece a proibição da crueldade contra os animais e o Artigo 1.3 do Decreto dos Proprietários de Animais, que está ligado à Lei dos Animais, contém uma série de comportamentos concretos que devem ser rotulados como crueldade contra os animais. Por exemplo, é proibido abandonar, bater ou chutar um animal.

Em 1 de julho, foi acrescentado que o uso de ou a ligação ou alinhamento de um animal com um objeto com o qual o animal pode ser infligido dor por meio de saliências afiadas é proibido. Isso inclui as chamadas “tiras de punção”, colares com pontas afiadas, principalmente de metal ou plástico, destinadas a perfurar o pescoço de um animal. Formas de “coleiras anti-puxão” que funcionam dessa maneira também foram banidas.”

fontes:
https://www.fecava.org/en/newsroom/news/news-cat/the-netherlands-prohibits-prong-collars.htm
https://www.licg.nl/nieuws/per-1-juli-gebruik-prikband-verboden/

 

luto pela perda morte de um animal de estimação ethos animal

O luto por animais de estimação é uma realidade. E existe acompanhamento especializado

A ligação que desenvolvemos com os animais de companhia é diferente daquela que temos uns com os outros, mas não deixa de ser uma relação forte e de amizade. É por isso que, no momento da perda do animal e quando a saudade é mais difícil de digerir, faz sentido falar em acompanhamento.

A confissão de Barbra Streisand mostrou que a clonagem é um tema controverso. Mas o debate não se pode cingir ao processo em si: deve ser mais alargado e debruçar-se sobre as motivações que levam o dono de um animal falecido ou a sofrer de uma doença terminal a decidir cloná-lo. E, entre as razões, pode estar o sofrimento e a saudade do animal perdido.

Mas essa pode não ser a melhor solução: os donos estão à espera de um animal com a personalidade daquele que tiveram e o mais provável é que o animal não seja o que esperam. “No meu trabalho, acabo por me aperceber de experiências de famílias que estão a lidar com um segundo animal e que os problemas surgem de não se adaptarem à realidade de terem um animal diferente e tratarem o animal da mesma forma que tratavam do outro”, diz Rita Jacobetty, consultora de comportamento e bem-estar animal. Ainda que esta experiência não seja relativa a animais clonados, é também válida para esse contexto.

Como o veterinário do Centro Para o Conhecimento Animal (CPCA) Gonçalo da Graça Pereira descreve, “cada vez mais os animais de companhia fazem parte da família e do núcleo familiar. Cada vez mais falamos de uma família multiespécie, em que a mãe tira um dia de férias para ir com os filhos ao pediatra e com o cão e o gato ao veterinário”. É por isso que, como continua o veterinário especialista europeu em medicina do comportamento, faz sentido falar e reconhecer que nós, seres humanos – cada um com intensidades diferentes, tal como acontece quando é um ente querido que morre –, passamos por um processo de luto pelo animal que vivia connosco.

Até porque, como explica Tânia Dinis, psicoterapeuta que trabalha com processos de luto, entre os quais luto animal, a relação com um animal de companhia é um tipo de relação “muito próxima, que não tem ambivalências, sem as zangas que existem entre as pessoas e normalmente com um lado muito afetuoso”. A psicoterapeuta, que integra a equipa do CPCA, frisa ainda que, “de facto, os animais fazem muita companhia e são uma presença que está ali sempre – à exceção de sofrerem de alguma doença ou de terem algum acidente, não se vão embora”. Essa é uma certeza que, como assinala, nem sempre existe entre as pessoas. Entre nós, nessa perspetiva, criam-se relações mais inseguras.

O acompanhamento Não são poucas as pessoas que procuram apoio ao luto no momento em que perdem um animal de companhia, diz Tânia Dinis. E se algumas recuperam em meia dúzia de sessões, outras precisam de acompanhamento durante dois anos. E no que se baseia esse apoio? “Varia de situação para situação, mas há elementos mais ou menos constantes, como o organizar as memórias, ou seja, perceber qual foi o papel do animal na vida da pessoa – o que fica, o que deixa, o que pode ser lembrado”, explica a psicoterapeuta. É normal e inevitável, inicialmente, que a pessoa se sinta triste, “mas o que importa no contexto do acompanhamento é garantir que essa tristeza não é destrutiva”.

Algumas estratégias passam por levar a pessoa a procurar o apoio e o afeto das outras à sua volta. Nos casos em que a pessoa não tem essa possibilidade, é importante mostrar-lhe como pode criar ligações – ter outro animal ou arranjar amigos.

“O meu trabalho passa por ajudar a processar os sentimentos, perceber a função do animal para a pessoa e ajudar a pessoa a reorganizar a sua vida para voltar a construir redes emocionais e não se isolar”, explica Tânia Dinis.

Quando há crianças na família, a intervenção da profissional passa por explicar aos adultos da casa como devem lidar com as crianças no dia-a-dia, depois da perda, e o que lhes devem dizer. “A ideia é valorizar sempre o animal e recordar o lado positivo da experiência que se viveu com ele”, diz Tânia. A psicoterapeuta deixa um alerta: “Por exemplo, dizer à criança que o animal simplesmente desapareceu de casa é péssimo para os miúdos. É um susto e leva-as a questionar se pessoas, animais e as coisas de que gostam podem simplesmente desaparecer. Muitas vezes estamos a tentar protegê-las da tristeza, como se isso fosse possível, mas não é. Há coisas das quais não podemos protegê-las.”

Aqui no Brasil também é possível encontrar apoio e acompanhamento especializado em Luto pela perda ou morte de animais de estimação. Fale conosco para saber mais. Podemos ajudar.

atendimento@ethosanimal.com.br

Arranjar um novo animal logo a seguir à morte do anterior pode não ser, em todos os casos, a estratégia certa. “Se o animal era tão importante, a família precisa de um intervalo para sentir saudades dele, para fazer uma separação. Depois, quando a tristeza já não for tão grande e a família não sentir uma necessidade de substituição, para encher um vazio, pode então pensar em ter um animal pela mesma razão pela qual teve o anterior – porque acha que a família fica mais completa com um animal de companhia”, declara.

Vergonha social Da parte daqueles que não têm animais de companhia, existe alguma dificuldade em compreender o sentimento de perda e o sofrimento inerentes à morte de um animal. Há, por isso, uma certa censura da parte da sociedade em relação a isso – o que resulta num sentimento de vergonha da parte das pessoas que perderam o animal e que acabam por sofrer em silêncio.

Os especialistas com quem falamos dizem sentir isso no quotidiano da profissão. Gonçalo da Graça Pereira traça o problema. “Não é socialmente bem aceite que as pessoas sofram pela perda do seu animal. ‘Era só um cão, era só um gato’, ouvimos. E então acaba por ser um luto escondido, silenciado e silencioso. As pessoas não podem tirar um dia porque lhes morreu um animal”, nota. O veterinário defende que as pessoas deviam ter direito a tirar um ou dois dias, tal como acontece quando perdem um familiar. “Acho que há situações até de crianças que não deveriam ir à escola naquele dia porque os colegas que não têm animais não vão entendê-las, é um sofrimento demasiado profundo para elas. Devia ser um motivo de justificação de falta para a escola e para o trabalho”, afirma. “Felizmente, a sociedade está a mudar e cada vez é mais bem aceite que possamos sofrer pela perda do nosso animal”, remata.

Tânia Dinis acrescenta que uma das especificidades deste tipo de acompanhamento é precisamente “o facto de as pessoas à volta não entenderem o peso que pode ter esta perda. Enquanto em relação à perda de pessoas quase toda a gente tem um perspetiva semelhante, em relação à perda de animais não é assim. Mas é certo que, para as pessoas que têm uma ligação forte com os seus animais, a perda é enorme”.

Você tem dúvidas ou gostaria de saber mais sobre os Serviços e Cursos oferecidos pela Ethos Animal? Entre em contato através do e-mail atendimento@ethosanimal.com.br. Certamente poderemos ajudar a melhorar ou restabelecer o equilíbrio emocional no relacionamento com seu(s) pet(s).

Fonte: sol.sapo.pt | beatriz dias coelho

 

Escócia proíbe uso de colar de choque colar eletrônico e-collar em cães 01

Escócia proíbe uso de colar de choque (colar eletrônico) em cães

O uso do colar de choque em cães está prestes a ser efetivamente banido na Escócia. O Governo escocês confirmou a informação.

Ministros disseram em Novembro que poderiam continuar a permitir o uso destes equipamentos de treinamento.

Isso, mesmo apesar dos avisos de instituições de bem-estar animal de que os colares de choque causam sofrimento desnecessário

A Secretária de Meio Ambiente, Roseanna Cunningham anunciou que o Governo irá além.

O movimento segue uma campanha de MSPs, incluindo o conservador escocês Maurice Golden e Ben Macpherson do SNP, bem como instituições de caridade animal, incluindo o Kennel Club, o Scottish SPCA e The Dogs Trust.

Colares eletrônicos são utilizados para treinar animais com problemas comportamentais – mas os ativistas argumentam que são cruéis e questionaram sua eficácia como auxiliar no treinamento.

 

Completamente inaceitável

A Sra. Cunningham disse que tomou a decisão depois de ouvir as preocupações que foram levantadas – particularmente sobre a pronta disponibilidade na internet de dispositivos baratos que podem ser comprados por qualquer pessoa e usados ​​para descarregar choques elétricos dolorosos.

Ela acrescentou: “Decidi tomar medidas para proibir efetivamente e prontamente seu uso na Escócia. “Causar dor aos cães por métodos inadequados de treinamento é claramente e completamente inaceitável e quero que não haja dúvida de que o treinamento doloroso ou desagradável para cães não será tolerado”.

 

Escócia proíbe uso de colar de choque colar eletrônico e-collar em cães 02
O colar de choque permite que os tutores de cães lhes desfiram um choque elétrico no pescoço – Fonte: Getty Images

 

Cunningham disse que ela trabalharia com as autoridades para garantir que “qualquer pessoa que tenha causado dor aos cães através do uso de coleiras ou outros dispositivos possa ser processada como merece”. Ela confirmou: “Vou, portanto, emitir uma orientação ministerial forte sobre o uso de todos os dispositivos de treinamento dolorosos para que os tribunais tomem em consideração em todos os casos que lhes sejam apresentados quanto ao sofrimento desnecessário através do uso desses dispositivos”.

O guia preliminar já foi publicado, com a proibição de ser introduzida através de orientações emitidas no âmbito da Lei de Saúde e Bem-Estar Animal (Escócia) de 2006 nos próximos meses. O projeto de orientação afirma que: “Causar sofrimento desnecessário é uma infração ao abrigo da Lei de Saúde e Bem-estar Animal (Escócia) de 2006. Isso inclui o sofrimento causado por métodos inadequados de treinamento”. Uma vez finalizada a orientação, os tribunais poderão levá-la em consideração ao estabelecer a responsabilidade em processo.

 

Debate Holyrood

O governo disse em Novembro que reforçaria as restrições em torno do uso de coleiras eletrônicas para treinamento de cães, mas seu uso ainda seria possível sob supervisão. Ele também disse que estava trabalhando com treinadores para desenvolver uma qualificação reconhecida para aqueles que desejassem continuar usando os colares de forma “controlada e responsável” para ajudar a treinar cães.

Mas Cunningham disse que a qualificação proposta não seria criada. Os colares já estão proibidos no País de Gales, mas permanecem em uso na Inglaterra. O Parlamento escocês deveria debater o uso de coleiras de choque elétrico na quinta-feira à tarde, com os partidos da oposição que se espera unirem para pedir a introdução de uma proibição. O debate deveria ter sido liderado pelo Sr. Golden, com uma petição que apoia o convite atraindo cerca de 20 mil assinaturas na quarta-feira à tarde.

O anúncio da Sra. Cunningham na quarta-feira foi recebido por ativistas e políticos de todas as partes. O Sr. Golden disse que estava “muito satisfeito com o governo escocês finalmente anunciar a proibição do uso de coleiras de choque elétrico para cães, que eles ouviram nossa campanha e as 20 mil pessoas que assinaram minha petição”. E Harry Huyton, diretor da instituição de caridade animal OneKind, disse que as coleiras de choque elétrico eram “cruéis, desnecessárias e ineficazes”.

 

 

Fonte:  bbc.com news – 24.01.18