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Categoria: Comportamento

Como os animais encontram remédios na natureza

Algo estranho aconteceu há 35 anos, quando o primatologista Mike Huffman estava estudando um grupo de chimpanzés no oeste da Tanzânia.

Chausiku, uma das fêmeas, deixou seus filhotes com outros animais da espécie, subiu em uma árvore e deitou-se em um ninho.

“É incomum que chimpanzés durmam durante o dia”, explica Huffman.

Então aconteceu algo extraordinário.

Chausiku desceu da árvore, pegou seu filho, caminhou devagar e com dificuldade, seguida pelo grupo, até que se sentou em frente a um arbusto.

“O nome do arbusto é mjonso”, explicou Mohamedi Seifu Kalunde, assistente de pesquisa de Huffman.

Kalunde é um renomado especialista na selva local. Ele foi treinado por seus pais e avós na arte da fitoterapia, estudo das plantas medicinais. “É um medicamento muito poderoso e importante para nós”, ele diz.

A planta, que em português é chamada de vernonia (Vernonia amygdalina), é usada na Tanzânia para tratar malária, parasitas intestinais, diarreia e dores de estômago.

Muitos outros grupos na África tropical e na América Central — que conhecem a erva por vários nomes, mas geralmente como “folha amarga” — também a usam para tratar doenças como malária, esquistossomose, disenteria amebiana e outros parasitas intestinais e dores de estômago.

A chimpanzé Chausiku arrancou alguns galhos e removeu a casca e as folhas, que se ingeridas em grandes quantidades podem ser letais.

O interessante — além de não ser uma planta que faça parte da alimentação desses primatas — é que Chausiku mastigou o miolo e depois cuspiu as fibras.

Será que a chimpanzé fazia isso não para se alimentar, mas para se sentir melhor?

Em outras palavras, Chausiku estava usando a erva deliberadamente como um medicamento?

Mjonso

Chausiku foi dormir em seu ninho mais cedo do que de costume.

No dia seguinte, Huffman e Kalunde notaram que ela continuava se sentindo mal: ela precisava descansar com frequência, movia-se devagar e comia pouco.

Mas tudo mudou cerca de 24 horas após a ingestão da seiva amarga de mjonso. A chimpanzé correu pela floresta até chegar a um prado pantanoso, onde devorou ​​grandes quantidades de figos, tutano de gengibre e capim elefante.

As observações que Huffman e Kalunde fizeram durante aqueles dois dias em novembro de 1987 se tornaram a primeira evidência documentada de um animal consumindo uma planta com propriedades medicinais e se recuperando posteriormente.

Eles teriam descoberto a medicina animal?

Conexão profunda

Embora seja verdade que esta foi a primeira evidência científica de automedicação em animais, Huffman enfatiza que não é uma descoberta, mas uma “redescoberta” de algo que algumas culturas deixaram cair no esquecimento.

Mas nem todas.

Na Tanzânia, por exemplo, aquela profunda conexão com a natureza ainda estava viva.

“Sabemos por nossa tradição que animais doentes procuram plantas para melhorarem, então usamos essas plantas para tratar nossas doenças também”, explicou Kalunde.

O episódio com os chimpanzés não foi a primeira vez que cientistas observaram o que parecia ser automedicação no reino animal.

Mais de uma década antes, o primatologista Richard Wrangham e seus colegas viram que os chimpanzés muitas vezes engoliam folhas inteiras sem mastigar. Na época, os cientistas se perguntaram se os animais faziam isso para curar infecções parasitárias.

A equipe até cunhou o termo zoofarmacognosia — do grego zoo (“animal”), farmaco (“droga ou remédio”) e gnosy (“conhecimento”) — para descrever o comportamento.

Mas eles não conseguiram provar que essas folhas continham produtos químicos tóxicos para os parasitas, ou que os chimpanzés estavam doentes antes ou que foram curados após se automedicar. Ou seja, ainda não havia elementos para provar a automedicação.

Sabendo disso, Huffman conseguiu que seus colegas bioquímicos analisassem a Vernonia amygdalina. Eles descobriram mais de uma dúzia de novos compostos com propriedades antiparasitárias.

Além disso, o primatologista coletou amostras fecais do grupo Chausiku e descobriu que, depois de mastigar a planta, os ovos do parasita nas fezes diminuíram em até 90% em um dia.

E mais, observações subsequentes mostraram que eles tendiam a mastigar folhas mais amargas durante a estação chuvosa, quando os parasitas eram mais abundantes.

“Esse foi o início desta jornada que embarquei há 35 anos ou mais”, diz Huffman, professor da Universidade de Kyoto, no Japão. Ele acabou se tornando um dos maiores especialistas em automedicação animal.

Chowsiku e sua planta de folha amarga foram a chave para estudos posteriores, que mostraram que o evento estava longe de ser único.

Na verdade, agora sabemos que esse tipo de comportamento vai muito além dos chimpanzés. Outros mamíferos, pássaros e até insetos tratam suas próprias doenças de maneiras diferentes.

Hábito estranho

O próprio Huffman começou a investigar relatos de outro lugar na Tanzânia, onde macacos tinham “o estranho hábito de pegar folhas ásperas, dobrá-las na boca e engoli-las”.

“Durante anos procurei um sistema para estudar adequadamente esse tipo de comportamento”, até que descobri “que na verdade eles estavam expulsando parasitas”.

Como as folhas são difíceis de digerir, elas “diminuem a quantidade de tempo que o alimento leva para passar pelo trato intestinal”.

Eles estavam limpando seu sistema digestivo. “Em exatamente seis horas, eles expulsaram os parasitas.”

Depois de discutir o assunto com os colegas, um grupo de cientistas começou a investigar. Hoje se sabe que existem 40 espécies diferentes de folhas que 17 populações diferentes de chimpanzés, bonobos e gorilas usam para se livrar de parasitas.

E os primatas não são os únicos a usar essa técnica.

“Agora sabemos que pequenos mamíferos como a civeta também dobram e engolem folhas e expelem parasitas, e grandes mamíferos como o urso pardo e o urso preto fazem parecido”, diz o cientista.

foto: shutterstock.com/photos

Algumas araras e papagaios usam argila para tratar dores de estômago; a argila se liga às toxinas e as remove do corpo — Foto: Getty Images via BBC

“Também os gansos da neve canadenses, geralmente os mais jovens, se automedicam antes de migrar no inverno, quando vão para o sul e têm um longo caminho a percorrer. Eles limpam seus sistemas antes de passar por esse longo e estressante período sem poder se alimentar”.

As borboletas usam remédios?

“No ano passado, uma observação realmente interessante foi feita em Bornéu (ilha no sudeste asiático): orangotangos estavam mastigando certas plantas, mas sem engoli-las, apenas triturando-as com os dentes até formar uma pasta que depois era esfregada por 15 a 45 minutos”, disse Kim Walker, do Royal Botanic Gardens, em Londres.

“O que é realmente interessante é que era a mesma planta que a população humana local usava para dores nas articulações.”

“Há muitos, muitos animais que usam todos os tipos de drogas para tratar seus próprios patógenos e infecções”, diz Jaap De Rhoda, biólogo da Emory University, em Atlanta, nos Estados Unidos.

“Mas eu estava interessado em entender se animais com cérebros menores e mais diferentes do ser humano também poderiam usar formas de medicação.”

Os insetos são um grupo de animais que desenvolveram uma ampla gama de diferentes estratégias de medicação.

Um exemplo é a borboleta-monarca que, quando ainda é lagarta, só pode comer erva-leiteira ou as plantas leiteiras. Essas plantas tóxicas contêm substâncias químicas chamadas cardenólidos.

As borboletas são imunes a esses compostos tóxicos, que se acumulam em seu sistema e as protegem de predadores. Mas, além disso, as espécies de erva-leiteira que apresentam maiores concentrações desses elementos acabam defendendo esses insetos de um parasita mortal: Ophrycocystis Electroscirrha.

A questão a se descobrir é se a borboleta-monarca procura especificamente essas espécies medicinais de erva-leiteira quando já estão doentes.

“Para nossa grande surpresa, descobrimos uma forte preferência entre as borboletas-monarca infectadas em colocar seus ovos nessas plantas medicinais que reduzirão a infecção em seus descendentes futuros. Já aquelas que não estão infectadas, escolheram plantas ao acaso.”

E há outra criatura frágil e pequena que tem conhecimento médico.

O remédio das abelhas

“As abelhas têm maneiras diferentes de tratar suas infecções”, diz De Rhoda.

“Por exemplo, elas coletam resinas das árvores, a substância pegajosa que as árvores produzem como defesa. As abelhas misturam a resina com sua cera, usam em suas colmeias e está comprovado que esse composto reduz o crescimento de todos os tipos de patógenos”, explica.

Não apenas serve como uma defesa em suas casas, mas “agora elas também podem consumi-lo, para reduzir as doenças em seu próprio corpo”.

Para De Rhoda, “uma das coisas interessantes sobre isso é pensar que a medicina é uma profissão que pode evoluir com o tempo, mas que também pode se perder. E é isso o que estamos vendo com as abelhas”.

“A viscosidade é irritante, então, ao longo dos anos, os apicultores eliminaram inadvertidamente essa droga, selecionando as abelhas que usavam menos resina.”

“Agora devemos repensar as coisas e deixar as abelhas escolherem os próprios remédios, medicamentos que elas usam há milhões de anos, porque isso pode realmente beneficiar as colônias e, portanto, os apicultores”.

fonte: matogrossomais

Papagaios do Congo demonstram auto-controle, diz pesquisa científica

Texto e fotos por Dra. Irene Pepperberg

Papagaios cinzentos podem às vezes ser impulsivos – pense em quantas vezes você pode ter que dar ao seu pássaro vários intervalos para o mesmo comportamento (como mastigar seus óculos escuros) em um período de tempo muito curto. No entanto, meus alunos e eu mostramos que nosso papagaio, Griffin, pode realmente mostrar um pouco de autocontrole. Descobrimos isso dando-lhe uma tarefa clássica usada para testar crianças.

A tarefa é informalmente chamada de “teste de marshmallow” e foi projetada pelo psicólogo Walter Mischel na década de 1970. Ele examinou cerca de 60 crianças, todas com aproximadamente 4 anos de idade, em um ambiente de laboratório. Ele usou várias versões da tarefa, mas na versão mais comum, ele sentou cada criança atrás de uma mesa, na qual ele colocou um prato com um marshmallow.

Ele disse à criança que tinha um compromisso e que voltaria em 15 minutos. Ele disse à criança: “Se você puder deixar de comer o marshmallow no prato na minha ausência, eu lhe darei um segundo marshmallow quando eu voltar”. Ele também disse às crianças que elas poderiam comer o primeiro marshmallow a qualquer hora, mas que, se não esperassem pelo seu retorno, não poderiam ter o segundo. E então saiu da sala (Mischel, 1974).

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Agora, se você sabe alguma coisa sobre crianças de 4 anos, para elas 15 minutos é uma vida. Muitas crianças desistiram e comeram o primeiro marshmallow. Mas várias crianças conseguiram esperar, e quase todas conseguiram realizar a tarefa descobrindo como se distrair. Eles se levantaram da mesa e dançaram ao redor; sentaram-se à mesa e cantaram para si mesmos. Às vezes, eles lambiam o marshmallow, mas não o comiam. Eles brincavam com seus cabelos ou roupas. Alguns até tentaram tirar uma soneca.

Mischel argumentou que aqueles que esperavam tinham mais autocontrole, uma forma de função executiva. Ele supôs que as crianças com mais autocontrole teriam mais sucesso em certas situações, como poder terminar o dever de casa antes de sair para brincar. Até que ele entrevistou essas crianças cerca de 30 anos depois que descobriu que sua hipótese estava correta: as crianças que haviam esperado mais tempo, na maior parte das vezes, tinham se saído melhor na escola, tinham ido mais longe. Faculdade concluída, tiveram melhores empregos e menos divórcios! [Uma nota: todas as crianças que ele testou vieram de famílias de classe média.]

Quando experimentadores subseqüentemente testaram crianças de comunidades empobrecidas, essas crianças muitas vezes não esperaram e deram razões como não confiar que o pesquisador voltasse, ou disseram que temiam que alguém comesse o segundo marshmallow ou até que alguém viesse e roubasse o primeiro … um comentário triste, com certeza.]

Não-humanos submetidos ao teste

Meus alunos e eu lemos alguns artigos nos quais os pesquisadores usaram essa tarefa de gratificação atrasada em assuntos não humanos. Muitos trabalhos envolviam experimentos com primatas não humanos, mas nenhum desses estudos havia realmente testado os animais exatamente da mesma maneira que Mischel havia testado as crianças. De fato, sentimos que alguns dos testes nos primatas não humanos provavelmente tinham algumas falhas de projeto. No entanto, em testes muito semelhantes aos usados por Mischel, as cacatuas e alguns corvideos pareciam ser capazes de esperar por uma recompensa melhor, embora não por mais recompensa (ver Auersperg et al., 2014; Hilleman et al., 2014). .

As cacatuas esperaram por muitos segundos; os corvideos por até 10 minutos. Curiosamente, os corvideos, que muitas vezes armazenam alimentos na natureza, às vezes armazenam a primeira recompensa enquanto esperam – possivelmente um caso de “fora da vista, fora da mente”. Esses estudos nos fizeram pensar se um papagaio cinza africano poderia se sair tão bem quanto crianças, ou talvez até melhor do que as cacatuas e corvideos. Sabíamos que nosso papagaio cinzento, Griffin, entendia a palavra “esperar” – embora ele não tivesse escolha, ouvia a palavra todos os dias quando dizíamos a ele que esperasse que seus grãos cozidos esfriassem e esperasse enquanto as pessoas entrassem no laboratório usadondo desinfetante para as mãos e tirassem os sapatos fora da sala antes de ir cumprimentá-lo. Então, passamos a testá-lo, usando a tarefa exata de Mischel (Koepke et al., 2015).

Observamos que em quase todos os outros testes com não-humanos, os pesquisadores ajustaram o procedimento de Mischel. Por exemplo, eles aumentaram lentamente o tempo de espera – portanto, se os participantes pudessem se abster de comer um amendoim por 10 segundos, no próximo teste tentariam fazer o sujeito esperar 20 segundos, e assim por diante, até que os sujeitos falhassem. Tal procedimento poderia realmente estar treinando os sujeitos a esperar, ao invés de testar seu comportamento básico.

Para controlar essa possibilidade, misturamos todos os tempos de espera. Outros pesquisadores às vezes usavam apenas um par de guloseimas; Queríamos garantir que um tratamento não fosse algum tipo de sinal para outro tratamento, por isso usamos vários pares diferentes de prêmios. E também queríamos garantir que Griffin não interpretasse a palavra “espera” como um comando treinado (como aquele dado a um cachorro que tem um biscoito colocado no nariz e tem que esperar por um comando para virar e comer). Então, em alguns testes, apresentamos a recompensa mais favorecida e pedimos a Griffin que esperasse pelo menos favorecido.

Griffin cinza africano joga o jogo de espera

Griffin conseguiu a tarefa – ele esperou em 108 dos 120 testes. Ele foi tão bem sucedido nos atrasos de 15 minutos quanto nos atrasos de 10 segundos. Ele não aprendeu a esperar … ele cometeu tantos erros no final do teste quanto no início, e houve tantos atrasos no início quanto no final do experimento. Os diferentes tipos de tratamento não importavam, mas em dois de seus fracassos, as recompensas eram muito próximas em termos de desejo (um caju e um doce), e ele decidiu comer a recompensa ligeiramente menos favorecida quase imediatamente.

Nos julgamentos em que lhe pedimos para esperar por algo menos favorável, ele mal esperou – ele passou um segundo ou dois olhando para nós como se fôssemos dementes e, em seguida, imediatamente comeu a recompensa, mostrando que ele estava muito consciente de quando ele deveria e não deveria esperar. E ele não estava simplesmente perdendo o interesse pela recompensa – em alguns de seus fracassos, ele esperou até quase o fim do período de atraso – em um caso, mais de 14 minutos – antes de sucumbir à atração da recompensa que estava presente.

O que foi particularmente interessante, no entanto, foram os padrões de comportamento que ele exibiu enquanto esperava: Ele fez quase as mesmas coisas que as crianças pequenas! Ele falou para si mesmo, ele tentou tirar uma soneca, ele se arrumou, virou a cabeça. Como as crianças, ele às vezes lambia a recompensa, mas não a comia. Na verdade, fizemos um vídeo em tela dividida das crianças (do YouTube) e Griffin para usar em uma apresentação em uma conferência, embora não pudéssemos usá-lo em nosso artigo publicado.

Claramente, os papagaios cinzentos podem, às vezes, agir de forma precipitada. No entanto, quando vale a pena, eles estão definitivamente dispostos a esperar, especialmente por uma recompensa melhor. Na natureza isso faz muito sentido: se ao forragear, as aves se depararem com algumas frutas, mas souberem que nozes mais densamente calóricas estão um pouco mais adiante, é muito melhor para elas esperar pelas nozes do que se encher de fruta. O próximo passo, é claro, é ver se Griffin vai esperar por mais uma recompensa … e isso pode não ser tão fácil, pois faz menos sentido ecológico: não há razão para não parar em um pequeno pedaço de nozes e comer -los enquanto espera algo maior. Fique ligado para ver o que o Griffin fará!

Tradução livre por Helena Truksa

ORIGINAL EM INGLÊS: https://lafeber.com/pet-birds/inside-dr-pepperbergs-lab-african-grey-parrots-show-self-control/

Referências:

Auersperg, A. M. I., Laumer, I. B., & Bugnyar, T. (2013). Goffin cockatoos wait for qualitative and quantitative gains but prefer ‘better’ to ‘more’. The Royal Society: Biology Letters, 9, Article 20121092.

Hillemann, F., Bugnyar, T., Kotrschal, K., & Wascher, C. A. F. (2014). Waiting for better, not for more: Corvids respond to quality in two delay maintenance tasks. Animal Behaviour, 90, 1–10.

Mischel, W. (1974). Processes in delay of gratification. In L. Berkowitz (Ed.), Advances in experimental social psychology, Vol. 7 (pp. 249–292). New York, NY: Academic Press.

Como os cães pensam Kelp redes neurais Ethos Animal comportamento

Como os cães pensam? Rede neural treinada através do comportamento canino

Pesquisadores treinam inteligência artificial com o comportamento canino para melhor entender como pensam.

Pesquisadores da Universidade de Washington e do Allen Institute treinaram redes neurais para tentar compreender o comportamento dos cães. Na experiência, foram utilizadas filmagens e capturas de movimento de um cão de raça Malamute do Alaska, utilizando uma câmara GoPro montada na sua cabeça e sensores de movimento ligados às suas penas e corpo. Ao todo foram capturados cerca de 380 vídeos das atividades do quotidiano da cadela Kelp, enquanto passeava e brincava.

Os pesquisadores utilizaram a informação capturada para alimentar a inteligência artificial através de deep learning. Através desta técnica foi possível cruzar a informação dos sensores dos membros da cadela com as filmagens do que estava a observar, levando a máquina a antecipar como o animal reagiria em determinadas situações.

Como exemplo, se fosse arremessada uma bola, a IA saberia que a cadela iria persegui-la. Para além disso, outros comportamentos demonstrados através de inteligência visual foram anotados, como o reconhecimento de comida, os obstáculos e reações a outros animais e humanos.

Após treinar a rede neural com o comportamento do cão, os pesquisadores testaram a IA para perceber se o computador aprendeu alguma coisa sobre o mundo que não fosse explicitamente programado. Foram feitos dois testes à rede: um deles para identificar diferentes cenários, tais como interiores, exteriores, escadas, etc., e o outro, os locais que a cadela poderia percorrer.

A rede respondeu com grande precisão através da informação anteriormente recolhida, prevendo como a cadela se movia nos vários cenários e como decidia mudar de um estado de comportamento para outro. Foi assim demonstrado como a IA aprendeu com o comportamento da cadela para generalizar outras tarefas.

Através deste sistema em que a rede neural foi alimentada com imagens diretas de vídeo e informações geradas pelos sensores de movimentos, os investigadores afirmam que a IA aprendeu sem a necessidade de introduzir informações manuais ou descrições detalhadas previamente sobre o comportamento do animal.

O estudo concluiu que será possível estender a experiência a outros agentes e cenários. Além disso, a investigação centrou-se apenas na informação visual, ficando de fora outros canais de interação com o mundo, tais como o som, o toque e o cheiro.

 

Fonte: SapoTek
luto pela perda morte de um animal de estimação ethos animal

O luto por animais de estimação é uma realidade. E existe acompanhamento especializado

A ligação que desenvolvemos com os animais de companhia é diferente daquela que temos uns com os outros, mas não deixa de ser uma relação forte e de amizade. É por isso que, no momento da perda do animal e quando a saudade é mais difícil de digerir, faz sentido falar em acompanhamento.

A confissão de Barbra Streisand mostrou que a clonagem é um tema controverso. Mas o debate não se pode cingir ao processo em si: deve ser mais alargado e debruçar-se sobre as motivações que levam o dono de um animal falecido ou a sofrer de uma doença terminal a decidir cloná-lo. E, entre as razões, pode estar o sofrimento e a saudade do animal perdido.

Mas essa pode não ser a melhor solução: os donos estão à espera de um animal com a personalidade daquele que tiveram e o mais provável é que o animal não seja o que esperam. “No meu trabalho, acabo por me aperceber de experiências de famílias que estão a lidar com um segundo animal e que os problemas surgem de não se adaptarem à realidade de terem um animal diferente e tratarem o animal da mesma forma que tratavam do outro”, diz Rita Jacobetty, consultora de comportamento e bem-estar animal. Ainda que esta experiência não seja relativa a animais clonados, é também válida para esse contexto.

Como o veterinário do Centro Para o Conhecimento Animal (CPCA) Gonçalo da Graça Pereira descreve, “cada vez mais os animais de companhia fazem parte da família e do núcleo familiar. Cada vez mais falamos de uma família multiespécie, em que a mãe tira um dia de férias para ir com os filhos ao pediatra e com o cão e o gato ao veterinário”. É por isso que, como continua o veterinário especialista europeu em medicina do comportamento, faz sentido falar e reconhecer que nós, seres humanos – cada um com intensidades diferentes, tal como acontece quando é um ente querido que morre –, passamos por um processo de luto pelo animal que vivia connosco.

Até porque, como explica Tânia Dinis, psicoterapeuta que trabalha com processos de luto, entre os quais luto animal, a relação com um animal de companhia é um tipo de relação “muito próxima, que não tem ambivalências, sem as zangas que existem entre as pessoas e normalmente com um lado muito afetuoso”. A psicoterapeuta, que integra a equipa do CPCA, frisa ainda que, “de facto, os animais fazem muita companhia e são uma presença que está ali sempre – à exceção de sofrerem de alguma doença ou de terem algum acidente, não se vão embora”. Essa é uma certeza que, como assinala, nem sempre existe entre as pessoas. Entre nós, nessa perspetiva, criam-se relações mais inseguras.

O acompanhamento Não são poucas as pessoas que procuram apoio ao luto no momento em que perdem um animal de companhia, diz Tânia Dinis. E se algumas recuperam em meia dúzia de sessões, outras precisam de acompanhamento durante dois anos. E no que se baseia esse apoio? “Varia de situação para situação, mas há elementos mais ou menos constantes, como o organizar as memórias, ou seja, perceber qual foi o papel do animal na vida da pessoa – o que fica, o que deixa, o que pode ser lembrado”, explica a psicoterapeuta. É normal e inevitável, inicialmente, que a pessoa se sinta triste, “mas o que importa no contexto do acompanhamento é garantir que essa tristeza não é destrutiva”.

Algumas estratégias passam por levar a pessoa a procurar o apoio e o afeto das outras à sua volta. Nos casos em que a pessoa não tem essa possibilidade, é importante mostrar-lhe como pode criar ligações – ter outro animal ou arranjar amigos.

“O meu trabalho passa por ajudar a processar os sentimentos, perceber a função do animal para a pessoa e ajudar a pessoa a reorganizar a sua vida para voltar a construir redes emocionais e não se isolar”, explica Tânia Dinis.

Quando há crianças na família, a intervenção da profissional passa por explicar aos adultos da casa como devem lidar com as crianças no dia-a-dia, depois da perda, e o que lhes devem dizer. “A ideia é valorizar sempre o animal e recordar o lado positivo da experiência que se viveu com ele”, diz Tânia. A psicoterapeuta deixa um alerta: “Por exemplo, dizer à criança que o animal simplesmente desapareceu de casa é péssimo para os miúdos. É um susto e leva-as a questionar se pessoas, animais e as coisas de que gostam podem simplesmente desaparecer. Muitas vezes estamos a tentar protegê-las da tristeza, como se isso fosse possível, mas não é. Há coisas das quais não podemos protegê-las.”

Aqui no Brasil também é possível encontrar apoio e acompanhamento especializado em Luto pela perda ou morte de animais de estimação. Fale conosco para saber mais. Podemos ajudar.

atendimento@ethosanimal.com.br

Arranjar um novo animal logo a seguir à morte do anterior pode não ser, em todos os casos, a estratégia certa. “Se o animal era tão importante, a família precisa de um intervalo para sentir saudades dele, para fazer uma separação. Depois, quando a tristeza já não for tão grande e a família não sentir uma necessidade de substituição, para encher um vazio, pode então pensar em ter um animal pela mesma razão pela qual teve o anterior – porque acha que a família fica mais completa com um animal de companhia”, declara.

Vergonha social Da parte daqueles que não têm animais de companhia, existe alguma dificuldade em compreender o sentimento de perda e o sofrimento inerentes à morte de um animal. Há, por isso, uma certa censura da parte da sociedade em relação a isso – o que resulta num sentimento de vergonha da parte das pessoas que perderam o animal e que acabam por sofrer em silêncio.

Os especialistas com quem falamos dizem sentir isso no quotidiano da profissão. Gonçalo da Graça Pereira traça o problema. “Não é socialmente bem aceite que as pessoas sofram pela perda do seu animal. ‘Era só um cão, era só um gato’, ouvimos. E então acaba por ser um luto escondido, silenciado e silencioso. As pessoas não podem tirar um dia porque lhes morreu um animal”, nota. O veterinário defende que as pessoas deviam ter direito a tirar um ou dois dias, tal como acontece quando perdem um familiar. “Acho que há situações até de crianças que não deveriam ir à escola naquele dia porque os colegas que não têm animais não vão entendê-las, é um sofrimento demasiado profundo para elas. Devia ser um motivo de justificação de falta para a escola e para o trabalho”, afirma. “Felizmente, a sociedade está a mudar e cada vez é mais bem aceite que possamos sofrer pela perda do nosso animal”, remata.

Tânia Dinis acrescenta que uma das especificidades deste tipo de acompanhamento é precisamente “o facto de as pessoas à volta não entenderem o peso que pode ter esta perda. Enquanto em relação à perda de pessoas quase toda a gente tem um perspetiva semelhante, em relação à perda de animais não é assim. Mas é certo que, para as pessoas que têm uma ligação forte com os seus animais, a perda é enorme”.

Você tem dúvidas ou gostaria de saber mais sobre os Serviços e Cursos oferecidos pela Ethos Animal? Entre em contato através do e-mail atendimento@ethosanimal.com.br. Certamente poderemos ajudar a melhorar ou restabelecer o equilíbrio emocional no relacionamento com seu(s) pet(s).

Fonte: sol.sapo.pt | beatriz dias coelho

 

A importância de brincar com seu cão: uma abordagem científica

importancia de brincar com seu cão ethos animal comportamento bem-estar
A interação social durante a brincadeira é importante para o bem-estar dos cães. Foto: Google

 

Você dedica algum tempo para brincar com seu companheiro?

A importância de brincar com seu cão: uma abordagem científica

As causas pelas quais os animais brincam ainda são motivos de estudos sobre o comportamento animal e as possíveis consequências para seu bem estar. O brincar está amplamente distribuído nas espécies animais, e não só os animais domésticos executam essa curiosa atividade. As brincadeiras aparecem em espécies com habilidades motoras e cognitivas complexas, sendo mais frequentes durante o desenvolvimento juvenil.

Podemos definir esse comportamento como voluntário, repetitivo, ocorrendo em situações que não envolvam risco. Entretanto, essa condição incorre em custos energéticos, tempo, possível exposição a injúrias, doenças e predadores, sendo exatamente estes últimos aspectos que ressaltam a presente dúvida.

As brincadeiras podem servir para diferentes funções de acordo com a espécie, idade, meio ambiente, status social e reprodutivo do nosso animal. Para o cão devemos também considerar os aspectos relacionados à sua domesticação, que se originou de uma associação com mais de 10.000 anos.

Além das questões relacionadas à função desse comportamento, temos nos perguntado se há também benefícios sobre o bem estar do animal. Para tanto, vamos relacionar as principais teorias que tentam explicar as funções do brincar nessa espécie tão querida. Vamos a elas:

– desenvolvimento de habilidades motoras

Brincar pode servir como uma preparação para o comportamento social adulto, por exemplo: eles aprendem a controlar a pressão de sua mordida sem causar danos ao parceiro. Podemos considerar que este treinamento dá também condições para um desenvolvimento cerebral privilegiado. Outro ponto seria um possível período sensível para a realização deste comportamento – este tópico não tem sido estudado, apesar de que sabemos que a taxa de brincadeiras diminui com o passar do tempo.

– treinamento para o inesperado

Essa explicação considera que esse comportamento melhoraria as habilidades sensoriais e locomotoras requeridas no caso de um evento inesperado, logo somente espécies com capacidades cognitivas mais complexas podem apresentar essa atividade. E não podemos esquecer que as brincadeiras dos cães, especialmente com humanos envolvidos, diminuem os hormônios relacionados ao estresse.

– coesão social

Essa teoria sugere que esse comportamento fortalece as relações sociais aumentando as chances de sobrevivência e reprodução. É importante lembrar que o cão é uma espécie que vive em grupo, e os tipos de brincadeiras que os cães executam conosco refletem essa natureza. Eles são menos competitivos e possessivos com seus brinquedos, e mais interativos durante suas brincadeiras com humanos, preferindo brincar com uma pessoa conhecida.

– brincar como um subproduto de processos biológicos

Ao invés de possuir uma função única, esse comportamento pode ser uma espécie de subproduto de outros processos biológicos. Durante a domesticação podemos ter selecionado diretamente ou indiretamente a retenção de comportamentos juvenis para a vida adulta dessa espécie.

Implicações das brincadeiras para o bem estar animal

Vamos pensar inicialmente num animal brincando solitariamente (situação que pode ser comum na sua casa quando você sai para trabalhar). Esse comportamento pode melhorar as capacidades desse animal (físicas e cognitivas), portanto seu bem estar. Contudo, se lembrarmos que esse animal é uma espécie gregária, então o ato de brincar pode ser uma tentativa de lidar com um meio pouco estimulador. Esse comportamento pode servir, nessa condição, como uma válvula de escape, já que nessas condições de manutenção podemos observar uma limitação severa de espaço e também social, que pode culminar numa condição de estresse.

A perseguição da cauda, um exemplo comum, que o animal executa como uma forma de seu comportamento normal, quando juvenil, pode indicar uma condição de subestimulação que reduzirá seu bem estar, e que pode culminar com o desenvolvimento de comportamentos anormais repetitivos. Portanto, essa condição (brincar sozinho) proporciona ao animal uma oportunidade para enriquecer um meio com pouca estimulação, e se ocorre em altas taxas pode indicar um prejuízo nas condições de seu bem estar. Logo, entreter seu cão, brincando com ele diretamente, e não deixá-lo brincar sozinho é uma forma de melhorar seu bem estar.

Portanto, é fundamental que você se envolva em atividades com seu cão, não pense que deixando brinquedos para ele utilizar sozinho seja uma estratégia adequada para melhorar seu bem estar. Com certeza é você o parceiro para brincadeiras que seu cão deseja.

 

Mais informações:
Why dogs play? Function and welfare implications of play in the domestic dog.
Applied Animal Behaviour Science 197: 1-8, 2017.

 

Gelson Genaro
Médico veterinário formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Jaboticabal (SP), com mestrado e doutorado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP em Fisiologia. Professor da disciplina Bem Estar Animal, no Centro Universitário Barão de Mauá, de Ribeirão Preto (SP)

Mini Curso Comportamento Canino na Semana Temática da Biologia IB-USP

Mini Curso Comportamento Canino Etologia Ethos Animal
Prof. Helena Truksa (à direita), sua assistente Luiza Wolbert e o cão Lucky, em aula sobre comportamento e aprendizagem em cães, no IB-USP.

Nossa fundadora, a Bióloga Helena Truksa foi convidada a ministrar um mini Curso durante a 20a Semana Temática da Biologia, no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP).

Nos dias 3 e 4 de Outubro (2017), Helena conduziu o Mini Curso intitulado ” Introdução ao Comportamento, Bem-estar e Aprendizagem em Cães (Canis familiaris), abordando desde as prováveis origens da espécie até as mais recentes descobertas científicas no âmbito da etologia aplicada e cognição canina.

O tema, altamente atual, foi amplamente debatido durante as aulas, onde houve ativa participação dos alunos através de comentários ou questionamentos.

No segundo dia de curso, além da teoria, tivemos também uma parte prática com demonstrações de aprendizagem e cognição em um cão (nosso “sujeito experimental”, o Lucky).

Agradecemos à equipe organizadora do evento e ao IB-USP pela oportunidade de estarmos presentes durante a 20a Semana Temática da Biologia e esperamos poder colaborar novamente na próxima edição!

Instituto de Biociencias IB-USP mini curso comportamento canino semana temática da biologia ethos animal helena truksa 12
Slide inicial do curso.

A Ethos Animal está disponibilizando este mesmo curso ao público interessado, e as datas serão divulgadas em breve aqui em nosso site.

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Resumo do programa do curso, divulgado no site do Instituto de Biociências, IB-USP. Helena Truksa Ethos Animal
Resumo do programa do curso, divulgado no site do Instituto de Biociências, IB-USP.

Algumas imagens do evento…

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Top 10 Problemas de comportamento do cão

A maioria dos tutores de cães experientes estão familiarizados com problemas de comportamento comum do cão, mas alguns podem se perguntar por que os cães apresentam estes comportamentos. Latir, morder, mastigar e muitos outros comportamentos comuns do cão são muitas vezes mal compreendidos e mal utilizados pelos tutores. Talvez você seja novo para a guarda do cão, esteja pensando em adquirir um cão, ou apenas deseja gerenciar melhor os problemas de comportamento do seu cão. Entender completamente os problemas mais comuns do comportamento do cão é o primeiro passo para a resolução e prevenção. Uma base sólida de treinamento de obediência irá ajudá-lo a evitar ou controlar melhor os problemas de comportamento do cão comum.

 

1. Latir

A maioria dos cães ladram (latem), uivam e lamentam em algum grau (até certo ponto). Latido excessivo é considerado um problema de comportamento. Antes que você possa corrigir latidos, determine por que seu cão está vocalizando em primeiro lugar. Estes são os tipos mais comuns de latidos:

  • Aviso ou alerta
  • Ludicidade / Excitação
  • Busca de atenção
  • Ansiedade
  • Tédio
  • Respondendo a outros cães

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2. Mastigar

Mastigar é uma ação natural para todos os cães – é apenas uma parte do caminho, eles estão ligados. No entanto, a mastigação pode rapidamente se tornar um problema de comportamento se seu cão provoca destruição. As razões mais comuns do mastigar canino são as seguintes:

  • Dentição do filhote
  • Tédio / excesso de energia
  • Ansiedade
  • Curiosidade (especialmente filhotes)

Incentive seu cão a mastigar as coisas certas, fornecendo uma abundância de brinquedos mastigáveis. Mantenha itens pessoais longe de seu cão. Quando você não estiver em casa, manter seu cão confinado a uma área onde menos destruição possa ser causada. Se você pegar o seu cão mastigando a coisa errada, rapidamente distraia-o com um ruído como um assobio por exemplo. Em seguida, substitua o item por um brinquedo. Uma das coisas mais importantes que você pode fazer: certifique-se que o seu cão faça exercício físico!

3. Cavar

Se lhe for dada a oportunidade, a maioria dos cães vai fazer uma certa quantidade de escavação – é uma questão de instinto. Algumas raças, como Terriers, são mais propensas a cavar por causa de suas histórias de caça. Em geral, a maioria dos cães cava por estas razões:

  • Tédio ou excesso de energia
  • Ansiedade ou medo
  • Instinto de caça
  • Buscando conforto (como assentamento [aninhar-se] ou se refrescar)
  • Escondendo posses (como ossos ou brinquedos)
  • Para escapar ou obter acesso

Se o seu cão cava o seu quintal, isso pode ser muito frustrante para você. Tentar determinar a causa da escavação, em seguida, trabalhar para eliminar essa fonte. Passar mais tempo com seu cão, dar-lhe mais exercício , e trabalhar em treinamento extra. Se cavar é inevitável, reserve uma área onde seu cão pode aprender que é “certo” para cavar, como uma caixa de areia.

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4. Ansiedade de separação

A ansiedade da separação é um dos problemas de comportamento canino mais discutidas. As manifestações incluem vocalização, mastigação, urina e fezes em locais inadequados, e outras formas de destruição que ocorrem quando um cão está separado de seu tutor. Nem todas essas ações são o resultado de ansiedade de separação. Os sinais de verdadeira ansiedade de separação incluem:

  • Cão fica ansioso quando o tutor se prepara para sair
  • Mau comportamento ocorre nos primeiros 15-45 minutos, depois (da saída do dono) que o dono sai
  • Cão quer seguir o dono constantemente
  • Cão tenta tocar o tutor sempre que possível

Ansiedade de separação verdadeira (a verdadeira ansiedade de separação) requer treinamento dedicado, modificação de comportamento e exercícios de dessensibilização. A medicação pode ser recomendada em casos extremos, mas isso deve ser um último recurso.

5. Eliminação inadequada

Micção e defecação inapropriada estão entre os comportamentos caninos mais frustrantes. Eles podem danificar áreas de sua casa e fazer com que o seu cão seja indesejado em locais públicos ou nas casas dos outros. É muito importante que você discuta esse comportamento com o seu veterinário primeiro para descartar problemas de saúde. Se nenhuma causa médica for encontrada, tente determinar o motivo do comportamento, o que pode vir a um dos seguintes procedimentos:

  • Micção de Submissão / Excitação
  • Marcação territorial
  • Ansiedade
  • Busca de atenção
  • A falta de um local adequado para a eliminação

Eliminação inadequada é inevitável em filhotes, especialmente antes de 12 semanas de idade. Cães mais velhos são outra história – muitos exigem sérias mudanças de comportamento para livrá-los do hábito, porque muitas vezes você deve alterar a sua percepção de si mesmo.

6. Pedindo

Implorar é um mau hábito, mas muitos proprietários de cães, infelizmente os incentivam. Isto pode conduzir a problemas digestivos e obesidade. Cães imploram porque eles adoram comida – mas sobras de comida não são guloseimas, e alimento em excesso não é amor! Sim, é difícil resistir a esse olhar de desejo, mas cedendo “só desta vez” cria um problema a longo prazo.

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7. Perseguição

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O desejo de um cão de perseguir as coisas em movimento é simplesmente uma demonstração de instinto predatório. Muitos cães vão perseguir outros animais, pessoas e carros. Tudo isso pode levar a resultados perigosos e devastadores! Enquanto você pode não ser capaz de impedir o seu cão de tentar perseguir, você pode tomar medidas para evitar o desastre.

  • Mantenha o seu cão em uma coleira todo o tempo durante os passeios
  • Treine seu cão para vir quando chamado
  • Tenha um apito na mão para chamar a atenção do seu cão.
  • Fique atento e preste atenção para possíveis gatilhos, como corredores e ciclistas.

Sua melhor chance de sucesso é manter a perseguição de ficar fora de controle. Treinamento dedicado ao longo da vida do seu cão irá ensiná-lo a focar sua atenção em você em primeiro lugar – antes de correr.

8. Pular nas pessoas

Filhotes saltam até chegar e cumprimentar suas mães. Mais tarde, eles podem saltar até ao cumprimentar as pessoas. Um cão saltitante pode ser irritante e até mesmo perigoso. Existem muitos métodos para parar o pular de um cão, mas nem todos serão bem sucedidos. Dar um salto muitas vezes é comportamento de procura por atenção, portanto, qualquer reconhecimento das ações do seu cão proporcionam uma recompensa! O melhor método: simplesmente virar as costas e ignorar seu cão. Não faça contato visual, fale ou toque o cão. Quando ele relaxar e permanecer ainda, com calma recompense-o. Não vai demorar muito para que seu cão receba a mensagem.

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9. Morder

Cães mordem por razões de instinto. Os filhotes de cachorro mordem e beliscam outros cães e pessoas, como um meio para explorar o ambiente e aprender o seu lugar no grupo. Os proprietários devem mostrar aos seus cãezinhos que abocanhar e morder não são aceitáveis ​​através do ensinamento da inibição da mordida . Além de comportamento de filhote de cachorro, a motivação para morder ou agarrar normalmente vem do seguinte:

  • Medo ou Defesa
  • Proteção da Propriedade
  • Dor ou Doença
  • Declaração de controle
  • Instinto predatório

Embora algumas raças sejam consideradas perigosas, criar legislação específica não é a melhor resposta. Os proprietários e os criadores são os únicos que podem ajudar a diminuir a tendência para qualquer tipo de cão a morder através de práticas de formação, socialização e reprodução adequadas.

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10. Agressão

Agressão nos cães é exibida por rosnado, grunhindo, mostrando os dentes, atacando e mordendo. É importante saber que qualquer cão tem o potencial de tornar-se agressivo, independentemente da raça ou história. No entanto, os cães com históricos violentos ou abusivos e aqueles criados a partir de cães com tendências agressivas são muito mais propensos a apresentar um comportamento agressivo para com as pessoas ou outros cães. As razões para a agressão são basicamente as mesmas que as razões de um cachorro que vai morder ou agarrar, mas a agressão canina global é um problema muito mais grave. Se seu cão tem tendências agressivas, consulte o seu veterinário primeiro – pode resultar de um problema de saúde. Em seguida, procure a ajuda de um terapeuta comportamental de cães experiente. Devem ser tomadas medidas sérias para manter os outros a salvo de cães agressivos!

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Fonte: About

Senso de justiça nos animais: Macacos e cães julgam os humanos pelo modo como tratam os outros

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Os cães evoluíram para serem extremamente sensíveis ao nosso comportamento.
SolStock/Getty

 Seja gentil – ou seu cão poderá julgá-lo! Animais de estimação e macacos demonstram preferência por pessoas que ajudam os outros, e isto pode explicar as origens de nosso senso de moralidade.

Estudos envolvendo bebês demonstraram previamente que com 1 ano de idade, os humanos já estão prontos para julgarem as pessoas pelo modo como elas interagem. Isto levou a sugestões de que crianças têm um tipo de moralidade inata que antecede o fato de serem ensinadas a como se comportar.

O Psicólogo comparativo, James Anderson, na Universidade de Kyoto e seus colegas imaginaram se outras espécies fariam avaliações deste tipo de forma similar.

Eles começaram por testar se macacos prego poderiam demonstrar preferência por pessoas que ajudam os outros. Os macacos viam um ator ter muita dificuldade para abrir um pote com um brinquedo dentro.

Então este ator apresentava o pote para um segundo ator, que poderia tanto ajudar ou recusar-se a ajudar a abrir.

Na sequência, ambos os atores ofereciam comida ao macaco, e o macaco escolhia qual oferta aceitar.

Quando o companheiro foi solícito, e ajudou, o macaco não demonstrou preferência entre aceitar a recompensa de quem estava lutando para abrir o pote ou do ajudante. Mas quando o companheiro se recusou a ajudar, o macaco preferiu na maioria das vezes aceitar a comida de quem estava com dificuldades, lutando para abrir o pote.

Jogando bola

O time também investigou as atitudes dos macacos prego frente à justiça. Neste teste, dois atores começavam com 3 bolas cada. O ator A requisitava bolas do ator B, que lhe entregava 3 bolas.

Então o ator B requisitava bolas do ator A, e o A poderia devolver as 3 bolas ou nenhuma bola. Por último, ambos atores ofereciam ao macaco uma recompensa assim como anteriormente.

Os macacos não tiveram preferência quando o ator A devolvia as 3 bolas, mas escolhiam o ator B mais frequentemente quando o A não devolvia as bolas.

Finalmente, os pesquisadores testaram se os cães preferiam pessoas que ajudavam seu tutor. Cada tutor tentava abrir um pote e então o apresentava a um dos dois atores.

Este ator poderia ajudar ou recusar-se a ajudar, enquanto o outros ator permanecia neutro, passivo. Então os dois atores ofereciam ao cão uma recompensa e ele escolhia entre eles.

Os cães não demonstraram preferência quando o primeiro ator ajudava seu tutor, mas escolhiam com maior frequência o ator passivo se o primeiro ator se recusasse a ajudar.

Resposta Emocional

Anderson pensa que os resultados demonstram que os macacos e os cães fazem avaliações sociais de uma forma similar ao modo que os bebês humanos. “Se alguém está se comportando antissocialmente, eles provavelmente terminarão com algum tipo de reação emocional a ele.”, diz Anderson.

Macacos na natureza são mais propensos a utilizar processos similares para decidir com quais membros de seu grupo eles podem cooperar, diz o primatologista Frans de Waal, da Unversidade de Emory na Georgia, EUA, que já escreveu sobre as origens da moralidade.

“A probabilidade é que se estes animais podem detectar tendências cooperativas em atores humanos, eles podem também fazê-lo com seus colegas primatas”, diz ele.

A longa relação dos cães com os humanos significa que eles evoluíram para serem extremamente sensíveis ao nosso comportamento – não apenas ao dos próprios cães, mas também ao de outros humanos.

E nosso próprio senso de moralidade pode até mesmo ter suas raízes neste tipo de avaliações primitivas dos outros.

“Eu acho que nos humanos, pode haver esta sensibilidade básica ao comportamento antissocial nos outros. Então, através do crescimento, ganho de cultura e aprendizagem, se desenvolve em um senso de moralidade pleno”, diz Anderson.

A capacidade de fazer avaliações dos outros poderia ajudar a estabilizar sistemas sociais complexos, capacitando indivíduos a excluírem parceiros sociais ruins, diz Kiley Hamlin da Universidade da Columbia Britânica no Canada. ” Esta exclusão não apenas significa que os indivíduos que fazem avaliações sociais podem eles mesmos evitar interações sociais prejudiciais, mas também pode servir para desencorajar indivíduos de se comportarem mal em primeiro lugar, pois presume-se que eles não querem ser excluídos do sistema social.”, diz ela.

De Waal ve uma forte ligação entre moralidade e reputação: ” A moralidade humana é muito mais baseada na construção de reputação, pois por quê você tentaria ser bom se ninguém se importa? Eu não acho que você possa concluir que isto torna os macacos seres morais, mas “pontuação de imagem”, assim como a construção de reputação é muitas vezes chamada, promove um importante mecanismo chave.”

Tradução livre por Helena Truksa

Bióloga Especialista em Comportamento Animal

 

Journal reference: Neuroscience & Biobehavioral Reviews, DOI: 10.1016/j.neubiorev.2017.01.003 | Versão orignal em inglês: https://goo.gl/u29ehT

 

Sobre o uso das coleiras enforcadoras em cães

Infelizmente ainda é muito comum vermos profissionais ensinando a utilizar este tipo de equipamento para os cães a não puxarem a guia. Eles utilizam uma metodologia ultrapassada que tem como base punir os comportamentos indesejados para eliminá-los, o objetivo das coleiras enforcadoras é o cão associar o puxar a guia aos trancos. Esses trancos além de incômodos e doloridos podem causar problemas de saúde ao cão, como o aumento da pressão intraocular, colapso de traqueia e até mesmo lesões neurológicas.

Treinamentos baseados em reforço positivo não utilizam qualquer forma de intimidação física ou psicológica, são mais eficazes e não causam danos à saúde do cão. Conheça o adestramento positivo e eduque seu cão com carinho e respeito!

 

Evolução e comportamento animal césar ades palestra 2010 video

Evolução e Comportamento Animal – Palestra Prof. César Ades

Palestra do saudoso Professor César Ades, do Instituto de Psicologia da USP, intitulada “Evolução e Comportamento Animal”, realizada durante a comemoração do aniversário de Charles Darwin no Museu de Zoologia, ano de 2010.

Nesta palestra, Prof. César dá um apanhado geral sobre comportamento animal, sua relação com a evolução biológica, e comenta sobre alguns resultados de suas pesquisas e de seus alunos.

Algumas partes prévias e posteriores à palestra foram deixadas propositalmente, como um registro e recordação da imagem e palavras do Prof. César.

Realizada no dia 27 de fevereiro de 2010